10 habilidades para o sobrevivencialista primitivista.

São chamados de sobrevivencialistas primitivistas pessoas que focam seus estudos em viabilizar uma estratégia de sobrevivência a crises usando exclusivamente o ambiente natural como fonte de recursos e apostando em seu conhecimento para se manter. Nesta postagem analisaremos alguns aspectos desta estratégia e vamos propor uma lista de 10  habilidades que devem ser desenvolvidas por todos aqueles que vão optar por este caminho.

Cabe aqui de cara falar um pouco sobre a estreita ligação que o sobrevivencialismo faz com o bushcraft, woodcraft e outras modalidades de campo, realmente e de fato, as tecnicas muitas vezes são as mesmas, o único diferencial é a escolha do operador. Ao se auto denominar “sobrevivencialista” e não “bushcrafter” fica claro que a ênfase do operador esta além da prática comum, assumindo ares de estilo de vida ou preparação propriamente dita, ou seja, alguém que se prepara literalmente para viver desta forma se for preciso, e não fazer passeios os fins de semana.

Diferente de outras modalidades de campistas, são classificados como “primitivistas” todos sobrevivencialistas que operam BOB’s (mochilas de fuga e evasão) voltadas para ambiente inóspito que envolva natureza, com altas doses de uso de materiais naturais em sua composição de sobrevivência.
O termo não se aplica a vivência rural, ou outros meios que disponham de recursos pré estabelecidos além da mochila em sí.
Embora dispondo de meios modernos, como lanternas e anti bióticos, os primitivistas apostam na alta mobilidade e emprego de seu equipamento portátil, em seu conhecimento de fauna e flora e em sua habilidade em construir ou improvisar coisas necessárias, neste ponto, o sobrevivencialismo primitivo mergulha no bushcraft, englobando a maioria das tecnicas das “artes do mato”.

A primeira referencia direta ao sobrevivencialismo primitivista veio do autor inglês Roy Richardson em 1994, e surgiu como uma vertente de ligação entre o movimento prepper Inglês e os praticantes de artes mateiras, Richardson foi o primeiro a documentar a pratica sobrevivencialista primitivista como meio de sobrevivência a longo prazo em cenários de crise. Roy morreu em 2007, vitimado por uma infecção hospitalar após se ferir em uma caçada de javalis selvagens.

Imaginando uma sociedade em colapso que exija ao operador uma retirada para um ambiente natural portando exclusivamente sua mochila BOB, elaboramos uma lista com o que seriam as habilidades necessárias para se manter por longo tempo fora da civilização:

01 – Caça e pesca – Saber operar com segurança um ou dois tipos de armas em suas versões modernas e primitivas, como arcos e lanças, a montagem de armadilhas e gatilhos variados. Saber lidar com equipamento moderno e primitivo de pesca e conhecer a metodologia primitiva de captura de peixes.
02 – Alimentos – Saber lidar com o cozimento de todos os grupos alimentares e métodos diversos de preparo. Em situações de sobrevivência a curto prazo jogar carne sobre o carvão basta, mas em vivencias longas é preciso conhecer os segredos da conservação e um mínimo de escala nutricional.

03 – Artesanato – Se você sabe entalhar uma colher não precisa carrega-la na mochila. o mesmo vale para outros meios imprencindíveis para sobrevivência humana de longa duração, como abrigos, cabos de ferramenta, móveis e utensílios. Uma BOB primitivista é composta basicamente de ferramentas de criação, como machadinhas, pás, facas para entalhes côncavos, serras, grosas, etc. O operador se foca em construir com meios naturais aquilo que precisa.
04 – Woodcraft – Não se trata de fazer pequenos utensílios, mas de grandes coisas, como cabanas, móveis e grandes trabalhos que facilitam a existência a longo prazo, este conhecimento engloba noções de carpintaria rústica, engenharia no que cabe a colunas e vigas e um grande conhecimento de materiais naturais e suas aplicações. O woodcraft é o estudo moderno do estilo de vida dos colonos a partir do ano de 1500 na idade média, até o inicio de 1900, e envolve meios de baixa tecnologia. Embora voltado para estrutura fixas permanentes, o sobrevivencialista tem um bônus de segurança ao empregar estes meios em suas andanças.
05 – Medicina natural – Chega uma hora que o remédio moderno acaba, ou tem de ser racionado. Nestes casos a medicina natural surge para tentar resolver o problema de saúde vigente Não é só conhecer ervas e folhas e suas propriedades, mas saber as dosagens e aplicações, além de confeccionar medicamentos como chás e unguentos com as quantidades corretas.

06 – Sobrevivência – Neste caso falo da técnica usada em momento extremo, de vida ou morte em ambiente natural, daquele momento que tudo dá errado e você precisa de ajuda, em um cenário de crise extrema, mesmo ser capturado pode ser uma opção e o estudante de sobrevivencialismo tem a obrigação de manter-se vivo durante seu treinamento.
07 – Meteorologia – Não é uma questão de ir ou não pescar no fim de semana se estiver chovendo. Você está lá e o clima não quer saber de sua condição, no ambiente natural ter noções climáticas é uma arma poderosa para quem se aventura por períodos longos.
08 – Permacultura – Permacultura engloba muitos aspectos que vão da construção ao plantio. A palavra ECOCÍDIO trata de povos que detonaram os recursos naturais de uma região sem fazer nada para repor as perdas, os ciclos de cultivo rudimentares da permacultura ajudariam e muito o operador a coletar e repor recursos naturais e assim se manter em uma área por mais tempo.
09 – Fauna e flora – Trata de aspectos muito locais. Um sobrevivencialista que mantém um plano de evasão com BOB primitivista não pode se dar ao luxo de não ter um plano de retirada, e isso envolve locais específicos com características especificas de fauna e flora. Épocas de acasalamento, de florada de determinada planta ou fruta, espécies de peçonhentos e plantas venenosas. Para se viver da terra é necessário um conhecimento natural muito aprofundado do ambiente escolhido.

10- Experiência – Não adianta ver um vídeo ou ler um livro sem experimentar as impressões reais. Você pode até achar que constrói fácil aquele abrigo que viu na internet, mas não constrói, o máximo que você tem é a noção de como fazer e alguns macetes, mas só terá a dimensão exata do trabalho quando meter a mão na massa. Isso vale para qualquer aspecto do sobrevivencialismo, mas é agravado quando o ambiente hostil é o palco da ocorrência, e a vida na natureza é hostil para quem não está preparado. Treine, estude, adquira experiência antes de formular um plano de fuga primitivista.

Vale lembrar, que esta estratégia é considerada GLOBALMENTE como sendo a mais difícil, dura e exigente em termos de preparação, poucos operadores obtém êxito em sua aplicação a períodos maiores que 2 meses, após este tempo se inicia uma grande demanda fisiológica e um enorme risco de morte.
Não, não é impossível viver exclusivamente em ambiente selvagem, isso exige um alto índice de adaptação que faz com que os operadores praticamente assumam a prática não só como meio de estudo, mas como um estilo de vida, não obstante, um cenário pré preparado pode contribuir com os suprimentos que seriam necessários para períodos mais longos, (Vide Tubos de sobrevivência) o que foge do aspecto de uma única mochila, mas que viabiliza a existência humana.

Na minha opinião como autor, VIVER de bushcraft, embora possível é muitíssimo difícil, um jogo para ser jogado por poucos e difere muito da prática comum (hobby) e e tecnicas de sobrevivência visando o resgate, exige um nível de desligamento enorme dos padrões atuais a fim de obter a vivência plena das tecnicas, o que inviabiliza o estudo para a maioria das pessoas.

Vou deixar uma pergunta, na opinião de vocês, sobrevivencialismo primitivista é viável?

Abraços.

Sobre Max Rangel

Servo do Eterno, Casado, Pai de 2 filhas, Analista de Sistemas, Fundador e Colunista do site www.religiaopura.com.br.

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