Bazar, cantina, rifa… Pode isso?

É muito comum vermos nas denominações cristãs evangélicas ou católicas a realização de bazares, venda de lanches, rifas e artigos religiosos, geralmente com o objetivo de angariar verbas para a execução de algum projeto ou honrar compromissos financeiros.

Apesar de comum, essas operações podem mesmo ser realizadas pela igreja?

Em primeiro lugar, o fato de uma determinada prática ocorrer de forma ampla e reiterada não a torna correta só por causa disso. Assim como também uma mentira contada muitas vezes não pode ser considerada verdade apenas porque foi bastante repetida.

Nesse sentido, para chegarmos a uma conclusão correta acerca do assunto, não é seguro olhar para o cenário que aí está. A resposta segura e correta está apenas nas Escrituras Sagradas.

Apesar de tão comum e aparentemente inofensiva, a atividade comerciária desenvolvida pela igreja não encontra respaldo na Bíblia Sagrada em lugar algum. Com base nas Escrituras, encontramos sim orientações que não se compatibilizam com o comércio em torno da fé.

Por exemplo, a Bíblia nos mostra o discurso que Jesus proferirá a uma multidão que estará à sua direita, na ocasião de sua vinda. Observe:

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Mateus 25:34-40

Agora tente imaginar Jesus dizendo: “Porque tive fome e sede, e vendeste-me na cantina; estive nu, e comprei no bazar”.

Verificamos em um outro texto que a realização de comércio, mesmo relacionado à atividade de culto, como a venda de animais para o sacrifício, também indignou o Senhor Jesus, levando-o a expulsar tanto os que vendiam, quanto os que compravam no Templo, pois o lugar era destinado à adoração, e não ao comércio.

A cena foi tão desgostosa para Jesus e a sua reação tão enérgica que os discípulos se lembraram do Salmo 69:9, que diz: o zelo da tua casa me devorou (…), a ponto de a lembrança ter sido registrada no Evangelho. Observe o contexto:

E estava próxima a páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados.
E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas;
E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda.
E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorou.

João 2:13-17

Avançando nas Escrituras, já no período da graça e inicial da igreja, também não encontramos qualquer indício de que aquela primeira comunidade cristã adotasse práticas comerciais de qualquer natureza, ainda que houvesse necessidades a serem supridas.

Quando um grupo de pessoas estava enfrentando dificuldades financeiras, como era o caso da igreja em Jerusalém, os apóstolos apenas orientavam os irmãos das regiões mais ricas a colocarem o amor de Cristo em prática e a doarem valores conforme a prosperidade de cada um:

Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia.
No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.
E, quando tiver chegado, mandarei os que por cartas aprovardes, para levar a vossa dádiva a Jerusalém.

1 Coríntios 16:1-3

Em outra ocasião, o apóstolo orientou os irmãos corintos registrando que as contribuições deveriam ser feitas de tal modo que não os sobrecarregassem, mas para que houvesse igualdade:

Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes.
Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem.
Mas, não digo isto para que os outros tenham alívio, e vós opressão,
Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade;
Como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve de menos.

2 Coríntios 8:11-15

Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.

2 Coríntios 9:7

Como vemos, é tranquila a conclusão de que a Bíblia não ampara a realização de comércio no espaço de culto, ou mesmo fora dele, pelo simples fato de a igreja ter sido comissionada para pregar o Evangelho de Cristo (Atos 1:8), e não para fazer comércio, quer por meio de rifas ou venda de qualquer objeto, não importando se a intenção é boa ou não, afinal os fins não justificam os meios.

Alguém pode argumentar que a igreja no passado era mais generosa e que atualmente é necessário usar estratégias comerciárias para arrecadar verbas, porém esse entendimento demonstra um profundo desconhecimento bíblico acerca do assunto e a descrença que essa pessoa possui no verdadeiro “Dono da Obra”, que é também o dono do ouro e da prata, capaz de sustentar a igreja materialmente e espiritualmente e de movê-la para cumprir a missão para a qual foi comissionada: testemunhar sobre Cristo.

Essa excessiva preocupação em como arrecadar dinheiro tem desviado a igreja de sua verdadeira missão e da sã doutrina e afastado as pessoas que nós deveríamos trazer para Cristo, e isso não é novidade:

E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.
E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.
E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.
2 Pedro 2:1-3

Fonte: https://evangelismo.blog.br/2019/03/28/bazar-cantina-rifa-pode-isso/

Sobre Max Rangel

Servo do Eterno, Casado, Pai de 2 filhas, Analista de Sistemas, Fundador e Colunista do site www.religiaopura.com.br.

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