Por Nkhany Zhadell
Luanda – O Cristianismo, a Igreja de Cristo Jesus, após a era apostólica tem passado várias vezes em colapsos. Com o martírio dos apóstolos, dados históricos confirmam que a Igreja corrompeu-se sob escaris do então império romano, tendo sido confiscada como parte integrante de estado na era do Imperador Constantino, na qual, muitas entidades ligadas ao clero começaram a ocupar cargos na Igreja sem se terem convertido, criando um forte vínculo Estado-Igreja.
Esta fase é a que chamou-se Igreja Católica Imperial, que sustentava a supremacia papal e promovia a mundanização da Igreja Institucional que ao fortalecer o ofício do bispo, o bispo romano aumentou o seu poder que nos finais do ano 590 a Igreja Católica Imperial converteu-se para Igreja Católica Romana, cuja expressão máxima da teologia assentava sob a filosofia de Aristóteles inviabilizada pelo Tomás de Aquino (1224-1274) como uma espécie de catedral intelectual.
Foi então que o Papa auto.proclamou-se sucessor de Pedro. Essa alucinação hoje, tornou-se uma verdade incontestável no mundo cristão, desde então a igreja de Cristo não tem sido mais a mesma da Era Apostólica (Confira, o Cristianismo através dos séculos, pág. 21-22, 2ª Edição).
Seguiu-se então a fase de perseguição conhecida como “a Guerra dos 30 anos” na qual milhares de cristãos fiéis ao genuíno evangelho foram sacrificados e queimados em fogueiras pela Igreja Católica Romana.
De lá para cá, muitos lideres cristãos inflamaram em ganância misturando a política com o evangelho, são lobos com capa de cordeiro que usam a igreja para atingir fins: fins materiais, fins económicos, fins políticos, etc… A igreja angolana tem sido conotada como corrompida no sentido de que muitos dos seus líderes estão directa ou indirectamente ligados ao regime no poder e têm servido de mentores instigando seus fiéis a militarem suas opções politicas, usam e permitem usar seus púlpitos para campanhas eleitorais.
Este fenómeno é uma demonstração clara da depravação moral da igreja angolana. Em causa está a disputa em interesses materiais, tendo em vista a caótica situação económico-social em que o país se vê mergulhado proporcionalmente em relação ao estilo de vida da maioria populacional, que não obstante, se falar em crescimento económico, mas este, não se reflecte na qualidade de vida dos seus cidadãos que passam a vida lamentando a falta de condições básicas de sobrevivência, como água, luz, saúde, alimentação, saneamento básico, transporte, etc.
É esta gritante carência de vida que dá lugar a degradação da liderança religiosa angolana, uma vez que são seres humanos com limitações e sendo parte integrante da sociedade, vêem-se na obrigação de adorarem ao estado como forma de virem suas necessidades supridas, assim como construção de bons templos, a criação de Rádios, conquista de cargos de direcção e postos de trabalho, o fácil acesso aos serviços públicos, além de outros privilégios, ao invez de reclamarem seus direitos legítimos como cidadãos, infelizmente, passam pela ponte da clandestinidade a fim de mendigar.
Face a esta atitude, Deus, o dono da obra não se tem contentado, pelo que tem advertido a Igreja angolana a retornar no seu primeiro amor em relação a sua obra, como me lembro bem, há uns quatro anos atrás Deus terá levantado um Pastor Queniano que tinha como missão de advertir a Igreja angolana neste sentido afim de se despertar do seu estado crítico de depravação (Ef 5.14-16) e esta mensagem foi entregue ao destinatário numa conferência realizada no CCT (Centro de Conferências de Talatona) em Luanda, e muitos desses líderes ignoraram o emissário de Deus.
Comentam herecticamente que Deus não opera mais milagres! Os milagres foram sepultados juntamente com os apóstolos! Mas a bíblia ensina que Deus não muda e Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. É que estes líderes estão repletos de imundice e carnalidade que não podem absorver e muito menos experimentar a glória de Deus que é manifesta através do seu Espírito santo, privam-se de uma graça extraordinária que não compreendem a sua essência e questionam, julgam quando um milagre acontece e dizem “é falsidade, já não existem milagres”, porque não são capazes de ficarem cheio de espírito Santo e impor a mão sobre um doente e ordenar no nome de Jesus para que o doente sare, simplesmente pela tamanha ignorância que neles há. Esses supostos líderes precisem de arrependimento verdadeiro para que o véu se lhes possa ser retirado das vistas ( 2 Co 3.16).
Deus precisa de homens devotos, consagrados e comprometidos pela sua causa, a esses vasos de honra Ele sim, se manifesta, unge e consagra-os para proclamarem entre as nações o seu santo nome (2 Tm 2.20-21).
E no nosso caso, Angola não precisa de Papas, não precisa de Bispos, não precisa de sacerdotes; angola não precisa de Reverendos e Pastores políticos e vice-versa, não precisa de profetas, não precisa de Anciãos nem de Publicadores, angola precisa sim, de verdadeiros homens de Deus cheio de espírito Santo, destemidos, intrépidos capazes de declararem a verdade, apontar causas e efeitos, cumplicidades e propor soluções, líderes assim como Pedro para declarar ao Pôncio Pilatos que “vós matastes um inocente e que não me calarei de dizer-vos a verdade, pois, mais vale obedecer à Deus do que aos homem” (At 4.8-21).
Angola precisa de líderes como João Baptista para declarar ao Herodes que “não é lícito casar com a mulher do seu irmão Filipe” (Mc 6.17-18). Esses líderes da última lista sim, podem remover a infecção espiritual de que é diagnosticada a Igreja angolana.
Ouvindo entrevistas de certos líderes na média, não se envergonham e nem se hesitam de se assumir como sendo lideres de Igrejas e grandes políticos que não se contentam com pequenos cargos que ocupam, mas sim de viva voz almejam cargos maiores no executivo angolano, instigam seus seguidores a votarem em suas formações políticas, tal postura ambígua, não só contradiz a letra e o espírito das sagradas escrituras, como também viola o princípio de liberdade de escolha dos seus crentes.
Ora, a missão que a Igreja recebeu de Jesus é “… ides e pregai o evangelho a toda a criatura…” (Mt 28.19-20), e não para politizar toda a criatura. Muitos pastores-políticos ou políticos-pastores nesta condição, invertem o legado de Jesus, correm atrás do voto em vez de correrem atrás das ovelhas do Senhor, de quem são co-pastores, na verdade, não são dignos de serem chamados pastores, em abono da verdade, diz a bíblia: “Ninguém que milta e se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não miltar legitimamente” (2 Tm 2.1-13).
Como é então, se pode entender, homens que foram chamados para cuidar do povo de Deus estão se embaraçando com negócios desta vida contrariando o ensino bíblico? Não se pode dividir o ministério. Deve ser integral e exercitado de maneira íntegra. É muito triste a falta de discernimento de tais líderes tendo como motivação o interesse pessoal, a busca pela ganância e poder. Cada um fique na vocação em que foi chamado. Quem é pastor fique só pastor e quem é político deve ser só político (1 Co 7.20; Rm 12.6-8). Dai a César o que é de César … (Mt 22.21). Ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24)
Então senhores pastores-políticos ou políticos-pastores, onde fica o ministério neste caso? Quanta irresponsabilidade! Aquele que foi chamado pelo Senhor para a obra do ministério deve ter a consciência da sua vocação e do serviço para o qual foi convocado.
Pastor é pastor. Ele é um profeta comprometido com a verdade da Palavra. A sua arma de combate é a Escritura. Ele não se envolve com política partidária porque precisa ter isenção para fazer as críticas pertinentes, para denunciar o erro à luz da Palavra de Deus. Liderar a comunidade nas reivindicações e cobranças. Veja o que o Senhor disse através de Ezequiel:
“Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, visto que as minhas ovelhas foram entregues à rapina e se tornaram pasto para todas as feras do campo, por não haver pastor, e que os meus pastores não procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não apascentam as minhas ovelhas, – portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto” (Ez 34.7-10).
O texto é muito claro quanto à negligência de alguns em relação ao chamado para pastorear, para serem “pastores segundo o coração de Deus” (Jr 3.15).
Hoje, muitos angolanos condenam o Líder da Igreja Adventista do 7º dia a Luz do Mundo por alegadamente ter arrastado imensa multidão aliciando-os com promessas do fim do mundo em poucos dias, convencendo-os a renunciarem sua vida material, mas cá do outro lado, há aqueles líderes que arrastam multidões instigando-os a serem militantes do seu partido, no meu entender, esses são os verdadeiros promotores de intolerância e que torcem as sagradas escrituras e não se conformam com os princípios democráticos. Porque é impossível que um Político Pastor administre um sermão e terminá-lo na santa paz no contexto bíblico sem contudo, transpor a fronteira entre elas e pisar no campo político para pintar o sermão com promessas políticas. E quando fazem-no, curvam-se perante seus ídolos enaltecem as suas correntes politicas e cospem as demais formações dizendo que não são nada e nada valem. As suas pregações são duas vezes peste venenosa, pois, ou são politico-bíblicas, ou são bíblico-políticas. Tornam a igreja um espaço político de mobilização de interesses que nem sempre são espirituais. Nunca terá os passado em mente, talvez, que ao procederem de tal maneira fazem crer que em angola a Igreja não adora ao Deus vivo, o criador do céu e da terra, mas sim, adora figuras humanas.
Estes líderes, estão distorcendo as escrituras para tirarem seus dividendos políticos em detrimento da salvação dos seus fíeis. A igreja não é uma universidade política, mas sim, uma Instituição divina com o único propósito de levar o homem ao arrependimento mostrando-o o caminho da salvação. Estes pastores fazem dos seus membros a sua ferramenta de manobra. Servem-se deles para os seus interesses e caprichos. Fazem de suas Igrejas feudos.
É uma decepção total da própria igreja que mobiliza milhares de pessoas, tendo sob sua administração dezenas e centenas de outros pastores, presbíteros, diáconos etc., e absurdamente toda essa estrutura acaba perdendo seu principal objectivo e servindo a um propósito político-partidário. Este sim, é total aproveitamento político.
Fazem acordos em suas próprias igrejas para apoiarem seus partidos e virem materializados seus sonhos malignos. Não sou contra cristãos na política. Eles são necessários, pois devemos ser sal da terra e luz do mundo como nos ensinou o Senhor Jesus (Mt 5.13-16). É preciso não confundir a participação e contributo do cristão na vida pública e quiçá política do país, mas, Pastores na política partidária é uma agressão violenta ao evangelho.
Na verdade, é um absurdo. Há tanta coisa excelente para se fazer no ministério que o tempo é pouco. Há muitos irmãos desassistidos por obreiros. Entendo, que os pastores, têm um compromisso de amor com o Senhor e o Seu povo. Neemias, convidado por Sambalate, Tobias e Gesém, inimigos do povo de Deus, para se reunir com eles no Vale de Ono, respondeu-os, dizendo: “Estou fazendo uma grande obra de modo que não poderei descer” (6.1-4).
Há muita gente no ministério descendo para os encontros da política partidária, descendo para os negócios da vida, fazendo acordos com pessoas suspeitas, envolvendo-se em manobras esquisitas, passando a ser partidários de um sistema político nefasto, altamente prejudicial para a Igreja de Jesus. O pastor que deseja ser político deveria renunciar a função de líder religioso.
Um deles que pessoalmente tive a infelicidade de acompanhar seu discurso tão arrogante, invocava um texto sagrado (Rm 13.1-2) para justificar a sua idolatria dizendo que toda a autoridade vem do céu, isto é, quem é detentor de certo poder cá na terra, lhe tenha sido dado por Deus. Certo, até lá, plenamente de acordo.
Mas um leitor atento às escrituras e numa análise minuciosa, percebe que tal líder interpreta a bíblia hereticamente, pois, não consegue incorrer o contexto todo para uma melhor compreensão, questões como essas poderiam ser levantadas em torno da autoridade divina que Deus na sua bondade concede ao homem: Toda a autoridade é dada por Deus com qual propósito? Como e de que forma o homem pode exercer tal autoridade?
Deus confere ou delega autoridade ao homem, primeiro para este fazer a sua vontade, segundo, que esta autoridade seja usada no bom sentido para o bem da humanidade, das populações, cuidar dos interesses do povo que o elegeu. A política séria, fundamentada na ética, na justiça, no bom senso e no compromisso inadiável e inalienável com o povo, deve ser integral.
O detentor desta autoridade ou poder deve se especializar naquilo que faz, buscando a excelência no exercício do mandato, cuidar do povo que o consagrou como legislador ou para exercer o poder executivo. É preciso ter senso do ridículo, admitindo seus erros e pedindo perdão à população. A política não é para amadores, mas para pessoas preparadas, qualificadas em leis, gestão publica e ética em todos os níveis.
Deus conceda autoridade ao homem para este fazer a sua justiça e promover a paz e concórdia. Ao contrário Deus não conceda autoridade ao homem para este abusar dela, não para promover injustiça e ondas de perseguições quando alguém não comunga connosco, não para promulgar leis que favorecem uns em detrimento de outros, não para fomentar políticas de exclusão social.
Não! Deus não concede autoridade ao homem para promover descriminações e intolerâncias, não para ceifar vidas em pleno tempo de paz, não para esbanjar a economia e desviar fundos públicos para amotinar riquezas ilícitas deixando o povo inteiro a sua sorte, não para violar as liberdades fundamentais do homem. Não! A autoridade divina não é para corromper os valores morais, não.
Isso sim, é abuso de poder, abuso de autoridade divina como queiram. E diante deste quadro horrível do exercício do poder, estes líderes apóstatas mantêm-se em silêncio, pois, consentem e são cônscios aos seus ídolos. Deus institui as autoridades como agentes da manutenção da ordem e tranquilidade, para governar bem as populações, esta é a razão porque a igreja tem de orar (Rm 13.4-7; 1Tm 2.1-2).
Esses líderes interpretam a bíblia ao avesso, que no lugar de orar para que a autoridade divina seja bem exercida, colocam-se ao lado de quem a exerce como autênticos adoradores, batem palmas e sustentam a guarda-chuva do rei… É sem dúvida, Deus há de retirar sua autoridade ao homem que dela abusar e dá-la a que sábia e humildemente a saberá exercer em beneficio da sua causa.
Tomemos uma ilustração bíblica: Deus havia consagrado Saul como Rei em Israel para guiar e servir seu povo, mas este abusou da autoridade divina maltratando seu próprio povo, e não cumpriu com o propósito de Deus pelo qual lhe tinha delegado a autoridade, pelo que o Senhor o rejeitou, apesar de ter ostentado o titulo real durante muito tempo mas no plano divino Deus já não o tinha como seu servo, já o havia rejeitado;
Quando Saul percebeu que a autoridade de Deus já se tinha retirado dele, inflamou de ódio contra David e começou a perseguí-lo, como ninguém pode desafiar à Deus, sendo Ele fiel à sua palavra conforme se lê “… O cetro de iniquidade não prevalecerá sobre a sorte dos justos para que o justo não estenda a mão à iniquidade” numa linguagem mais simples entende-se “… o Governo de injustiças não pode dominar sobre os justos, para que o justo, de tanto ser injustiçado não venha a cometer injustiça” (Sl 125.3), o rei Saul viu o seu reinado esmoronar-se (1Sm 15.1-11; 16.1), Deus abate os fortes e põe outros em seu lugar (Jo 34.24; Sl ).
Esta é a clara tipicidade dos líderes angolanos, Deus já não os tem na sua auto-estima como líderes, já há bastante os havia rejeitado, não obstante auto-proclamarem-se como tal, Deus já os havia riscado do seu plano de governação. Delegar autoridade divina a este tipo de líderes devassos e avarentos, seria uma decepção para Deus e desperdício da sua maravilhosa graça.
Atenção senhores líderes da igreja angolana, Deus manda avisar: “… do céu se manifesta a ira de Deus contra os que detêm a verdade em mentira…., não só aos que praticam o mal, mas também, aos que com eles consentem.” (Rm 1.18,32).