Por Aristóteles Pereira de Oliveira
Parte I
Quando o povo de Israel estava no deserto, Deus deu a eles algumas leis. Muitas dessas leis iniciaram o seu cumprimento ali mesmo no deserto. Outras foram para quando eles estivessem na terra prometida. Uma dessas leis que os Israelitas praticariam quando entrasse na terra de Canaã seria o dízimo.
De acordo com a Bíblia os levitas sustentavam-se com os dízimos dados pelas demais tribos de Israel, isto porque eles não tinham herança na terra de Canaã, e também porque eles exerciam o serviço na tenda da congregação livrando assim os demais Israelitas de fazer qualquer serviço nela (Números 18:21 a 24).
Os levitas e sacerdotes viviam no campo em terras emprestadas ao redor das cidades que foram escolhidas como sendo as cidades dos levitas. Estas cidades somavam no total de 48 (Números 35:1, 2 3, 4, 7). Nelas eles cuidavam da terra e criavam os animais que recebiam como dízimos.
Davam-se os dízimos em forma de alimento como produto agropecuário (Levítico 27:30 a 33, Deuteronômio 12:17; Mateus 23:23), e não em dinheiro embora já existisse dinheiro naquela época, pois algumas taxas para o Templo só podiam ser aceitas em forma de dinheiro (Êxodo 30:14-16 e 38:24-31).
O dízimo era dado aos levitas durante a festa da colheita, também chamada de festa da tenda, cabanas (Deuteronômio 16:13, Levítico 23:24) ou festas dos Tabernáculos (Levítico 23:34).
Esta festa era realizada no final do ano (Êxodo 34:22) depois que terminavam. U ….a colheita (Levítico 23:33). Ela tinha duração de sete dias (Números 29:12) que ia do dia 15 a 22 do mês de Tishri ou Etharim (Lev 23:39).
Durante os sete dias de festa os Israelitas deviam morar em cabanas (Levítico 23:43). Essa festa era a única das festas que eles tinham a ordem de Deus para se alegrar diante Dele. (Deuteronômio 12:7, 12, 18, 16:14).
A festa da colheita acontecia em Siló uma aldeia de Efraim (Josué 18:1, I Sam 1:3, 24, 3:21 ), lugar onde ficava o Tabernáculos, e onde o Senhor colocou o seu nome (Deuteronômio 12:4 a 12, 14: 22 a 29).
Nessa festa a qual era a única das festas que Deus deu ordem para que os Israelitas se alegrassem diante Dele (Deuteronômio 12:7, 12, 18, 16:14), os dizimistas deveriam comer o seu dízimo com alegria (Deuteronômio 12:12), juntamente com sua família, e com os levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas, também era nessa festa que os dizimistas entregavam o seu dízimo aos levitas como Deus ordenou (Números 18:21 a 24). Mas somente uma parte do dízimo era dado aos levitas. Os levitas ao receberes os dízimos tiravam o dízimo dos dízimos e davam aos sacerdotes (Números 18:26).
Se Siló fosse longe demais os dizimistas deviam vender o seu dízimo e ir até Siló, e com o dinheiro do dízimo eles deveriam comprar de tudo que desejasse a sua alma e comeriam com alegria juntamente com suas famílias e com o levita (Deuteronômio 14: 24,25,26,27).
AO FINAL de cada três anos os dízimos da colheita do ano eram armazenados na cidade, isso para que o levita, estrangeiro, órfãos e viúvas, que viviam nestas cidades pudessem comer dele (Deuteronômio 14:28 e 29), eles comiam uma parte deste dizimo, e o restante davam aos levitas, e os levitas ao receberem os dízimos tiravam o dízimo dos dízimos e davam aos sacerdotes (Números 18:26).
O que acontecia era que no primeiro, segundo, quarto e quinto ano, o dízimo devia ser levado a Siló e o doador o comia juntamente com a sua família e com os estrangeiros, órfãos, viúvas e levitas que moravam em sua cidade. Já no terceiro e sexto anos os dizimistas deviam comer o seu dízimo em sua cidade juntamente com sua família, os levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. E no sétimo ano todo trabalho do campo, como arar, semear, etc, não seria feito, pois a terra tinha que descansar (Levítico 25:4,5).
Contrário ao pensamento de muitos, o dízimo teve a sua origem entre os povos pagãos como um imposto cobrado pelos seus governantes.
Quando o povo de Israel que era governado pelo próprio Deus, pediu para ser governado por um sistema de governo pagão que era o de rei, Deus disse para Samuel dizer ao povo qual era o costume (ou direito) que um rei tinha. Em outras palavras, Deus disse para Samuel dizer para o povo qual era o costume (ou direito) que este sistema pagão de governo de rei tinha (I Samuel 8: 9 a 17).
O costume (direito) de um rei que era um sistema de governo pagão é encontrado no capítulo 8 nos versículos 11 a 17 de I Samuel 8. Neste capítulo 8 nos versículos 11 a 17, Deus fala para Samuel dizer ao povo qual era o costume (ou direito) de um rei que era um sistema de governo pagão. O costume ou direito como dizem em algumas traduções bíblicas é:
Nos versículos 15 e 17 se encontra um destes costumes, como sendo o dízimo algo que os Israelitas já conheciam e praticavam. O dízimo era um imposto cobrado por alguns reis. O sistema de governo de rei, era um sistema de origem pagã. Foi desse sistema de governo pagão, o de rei, que se originou a prática do dízimo como um imposto cobrado por eles.
Quando a Bíblia se refere ao dízimo nos livros de Levítico, Números e Deuteronômio, estes livros estão falando sobre a forma como os Israelitas iriam dizimar quando estivessem na terra de Canaã. Isto significa que os Israelitas quando estavam no deserto não dizimavam, pois Deus providenciava o sustento do povo (Êxodo 16:35).
Só vamos encontrar a Bíblia falando sobre dízimo novamente muito tempo depois através do profeta Amós.
Quando ele fala sobre o povo do reino do norte (Israel) o qual ia a Betel e a Gilgal a cada manhã levar os sacrifcios, e de três em três dias os dízimos.
“Betel e Gilgal eram os dois mais sagrados locais de adoração. Eles estavam oferecendo mais adoração do que o Senhor exigia. Em vez de sacrificar uma vez por ano, eles sacrificavam todas as manhãs. Em vez de levar o dízimo de três em três anos, eles levavam de três em três dias.” (Amós 4:4).Deus rejeitou a adoração deles dizendo que quando vinham a esses lugares, eles multiplicavam as transgressões. Por que o problema deles era que estavam fazendo o que queriam fazer, e não o que Deus queria que fizessem.
Depois do profeta Amós ter falado sobre dízimo sendo usado de forma errada pelo povo de Israel (reino do norte), o dízimo é falado novamente na Bíblia em II Crônicas 31. Quando Ezequias assumiu como rei de Jerusalém (reino do sul), teve que colocar tudo em ordem. O seu antecessor Acaz seu pai fez tudo que era mal diante do Senhor. Ele fechou o templo (II Crônicas 28:24) e levou o povo à idolatria.
Ezequias como rei abriu o templo, e restabeleceu a tradição de Davi, dividiu os sacerdotes e levitas em 24 turnos para servirem uma semana de cada vez no templo (II Crônicas 31:2, I Crôn 24). Deu aos sacerdotes e levitas o melhor da porção do rei (II Crônicas 31:3).
Ao organizar o serviço de adoração no templo, o serviço dos sacerdotes e levitas, ele deu ordem para que todo povo que morava em Jerusalém que levesse o dízimo para que fosse armazenado (II Crônicas 31:4,5) no templo para que pudesse ter alimentos para os sacerdotes e levitas quando estivessem trabalhando no templo em seus turnos.
O povo levou em abundancia, as primícias do trigo, vinho, azeite, mel, e do dízimo (II Crônicas 31:5). Também os filhos de Israel e de Judá que habitavam na cidade de Judá, levaram o dízimo de todos os seus rebanhos (II Crônicas 31:6).
Ele também ordenou construir câmeras no templo para que pudessem armazenar os dízimos que eram recebidos (II Crônicas 31:11).
Ezequias colocou pessoas responsáveis nas cidades para distribuir as porções aos sacerdotes e levitas que moravam no campo ao redor destas cidades (II Crônicas 31:19).
No início do reinado de Ezequias encontramos ele ordenando o povo a levar o dízimo para o templo de Jerusalém para ser armazenados nas câmaras para poderem ser distribuídos com os sacerdotes e levitas que moravam no campo ao redor das cidades (II Crônicas 31:4,5,6,11,19).
Esta forma de dizimar ordenada por Ezequias é completamente diferente do que se encontra na Torah.
De acordo com Números, Levíticos e Deuteronômio o dízimo devia ser levado para Siló em uma época de festa para ser comido pelo doador e sua família, os estrangeiros, órfãos, viúvas e levitas.
A atitude de Ezequias de querer solucionar o problema da adoração a Deus e saciar as necessidades alimentícias dos sacerdotes e levitas não significa que ele agiu de acordo com a orientação de Deus.
De acordo com Números, Levíticos e Deuteronômio o dízimo deveria ser levado para o local onde Deus colocou o seu nome que foi em Siló e depois Jerusalém. Neste lugar o doador do dízimo comeria o dízimo juntamente com sua família, estrangeiros, orfãos, viúvas e levitas.
Depois do rei Ezequiel encontramos o dízimo sendo falado na Bíblia nos livros de Neemias e de Malaquias.
O livro de Neemias torna-se o contexto para que possamos entender o roubo que Malaquias fala que estava acontecendo na casa do tesouro. Quando em Malaquias 3:10 diz: “trazeis todo os dízimos a casa do tesouro,” é importante primeiro entender que a mensagem de Malaquias era para os sacerdotes (Malaquias 1:6; 2:1), e não para o povo como muitas pensam.
Se a mensagem de Malaquias era para os sacerdotes, então eram eles que estavam roubando os dízimos e as ofertas.
Não podemos esquecer que Malaquias era contemporâneo de Neemias, e que o livro de Neemias torna-se o contexto para que possamos entender o roubo que Malaquias fala que os sacerdotes estavam fazendo com o dízimo.
Segundo Neemias 10:37 e 38 os dízimos era recolhidos pelos levitas em todas as cidades em que havia lavoura, juntamente com os sacerdotes.
Depois que os levitas recebiam os dízimos eles tiravam uma parte deste dízimo chamado de dízimo dos dízimos (Números 18:26) e davam aos sacerdotes (Neemias10:38).
Os dízimos dos dízimos que os levitas davam aos sacerdotes, eles levavam para as câmaras da casa do tesouro (Neemias 10:38).
Não tem lógica pensar que todos os dízimos dos dízimos que pertenciam aos sacerdotes e que era o alimento deles e de sua família eram levados pelos levitas para ser armazenado nas câmaras da casa do tesouro, se os sacerdotes moravam em outros locais, nas zonas rurais (Neemias 12:27-29). Na verdade não eram todos os dízimos dos dízimos que eram levados para ser armazenados na câmaras do templo, os quais serviram de alimento para os sacerdotes e levitas quando eles estivessem trabalhando no templo (Neemias 12:44), como também para aqueles que esperavam os seus turnos.
Os dízimos dos dízimos que eram levados para ser armazenados na casa do tesouro eram apenas uma “porção diária”, ou “quando necessário”, para aqueles que por sua vez, ministravam no seu turno ou que “esperavam” o seu turno. No entanto o resto dos dízimos era levado pelos levitas e sacerdotes para as suas cidades onde eles moravam.
A expressão “casa do tesouro” é usada na Bíblia para designar dois tipos de câmaras: As usadas para armazenar os dízimos, ou seja, as porções diárias dos levitas e as ofertas (Malaquias 3:10, Neemias 10:38 a 39, Neemias 12:44). Também essa expressão “casa do tesouro” é usada na Bíblia para designar o local onde eram guardados o ouro e a prata do rei, além de outras pedras como metais preciosos (II Reis 20:13; Isaías 39:13).
De acordo com a Bíblia, o dízimo tinha três finalidades básicas: Sustentar os levitas e sacerdotes (Números 18:2), socorrer os necessitados (Deuteronômio 14:28 e 29), e ser consumido pelo próprio dizimista perante o Senhor (Deuteronômio 14:22 a 27).
Note que a Bíblia não fala de três dízimos, mas de três destinos para ele. Em cada série de três anos depois da colheita da terra.
Foi o rei Davi que dividiu os sacerdotes e levitas em 24 turnos (Turma) que consistiam de várias casas, ou famílias por turno (I Crônicas capítulos 24, 25 e 26). Cada turno de sacerdotes oficiava no Templo durante uma semana por mês duas vezes ao ano. Durante os sábados especiais, todos os turnos ministravam juntamente (I Cr 24:1-19). Dependendo de quantas famílias eram em cada turno, cada família só auxiliava no Templo dois ou três dias durante seu turno semanal de ministério (Esdras 6:18; I Crônicas 28:13, 21, II Crônicas 8:14; 23:8; 31:2, 15-19, 35:4, 5, 10, Neemias 11:30; 12:24).
A divisão dos sacerdotes e levitas em 24 turnos prova que eles não serviram em tempo integral no templo. Além disso, só aqueles sacerdotes acima de trinta anos e levitas acima vinte anos de idade foram qualificados para servir. Então, não seria prático mover o resto da família para Jerusalém por uma semana. Assim, a maioria da família, inclusive as mulheres e criados, ficariam nas cidades levíticas.
De acordo com Neemias 10:35-38, a “oferta” dos “filhos de Israel” é a primícia, enquanto a “oferta” dos “filhos de Levi” é “o décimo do dízimo” para os sacerdotes e o “dízimo” para os levitas que estavam ministrando.
É desta oferta das primícias que em Provérbios 3:9 está falando, e não do dízimo como muitos pensam. Em Provérbios 3:9 diz: ”Honre ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda.” Somente as primícias que eram dadas como ofertas aos sacerdotes e não o dízimo.
Quando o versículo diz que é para honra o Senhor com as primícias de toda a tua renda, ou produto, a palavra hebraica traduzida por renda é tebhuah.
Existe o mito que dízimos sempre eram o MELHOR. Esta não é uma verdade bíblica. De fato, o dízimo dado aos levitas não era necessariamente o melhor; assim também, como os dízimos de animais dados aos levitas necessariamente não era o melhor (Levítico 27:32-33). Porém, quando os levitas davam o décimo do seu dízimo para os sacerdotes, somente aquela porção seria o MELHOR (Números 18:29 a 32).
Embora os sacerdotes não recebessem o dízimo inteiro, a eles eram dadas as ofertas, primícias da terra, o primogênito de animais limpos, oferecimentos de voto, e dinheiro de redenção para o primogênito de homens e animais (versículos 8-1; Neemias 10: 35-37).
Somente os levitas recebiam os dízimos, não os sacerdotes (v. 21-24). O dízimo foi pago a eles por seus serviços aos sacerdotes. Os levitas não desempenharam o real ritual de adoração. Este aspecto também foi largamente esquecido hoje na tentativa de reformular o dízimo para cristãos.
Em Números 18, os sacerdotes, descendentes de Arão, aqueles que de fato executaram o ritual sacrificatório, não recebiam dízimos! Eles só recebiam dez por cento dos dízimos o qual era dado aos levitas por todas as outras formas de serviços (versículos 25-32, Neemias 10:38). Então, os sacerdotes recebiam só um por cento (1%), ou um “dízimo do dízimo” (v. 26).
Como uma parte da porção dos sacerdotes era levado para o armazém, Deus ordenou para os sacerdotes masculinos que comessem desta porção dentro dos santos lugares do armazém (Números 18:10). Porém já que os dízimos dos levitas nunca eram trazidos para o ARMAZÉM, Deus permitia que eles comessem o dízimo que eles recebiam em qualquer lugar, juntamente com sua família (Números 18:31).
Em Malaquias 3:10 Deus estava falando para os SACERDOTES trazerem “TODO O DÍZIMO” que pertencia à despensa da câmara da casa do tesouro, pois ela estava vazia, especialmente a porção que eles tinham roubado dos levitas. Isto aconteceu nos dias de Malaquias, pois o mesmo era contemporâneo de Neemias. O sumo sacerdote Eliasibe e outros sacerdotes roubavam o dízimo que era formado de porções tiradas dos dízimos dos dízimos dos sacerdotes (Neemias 13:10, 11, 12).
O livro de Neemias tem todos os componentes para ser o contexto de Malaquias 3:8-10. O livro fala de uma câmara designada para guardar as ofertas, primícias, e porções diárias dos dízimos para os sacerdotes e levitas que estavam auxiliando durante a rotação de uma semana. Fala também de um sumo sacerdote Eliasibe que tinha ESVAZIADO as câmaras do Templo e tinha permitido Tobias, o inimigo de Neemias, ocupar a câmara do tesouro. A responsabilidade para este pecado caiu nos sacerdotes, sob a liderança do sumo sacerdote.
Neemias 12:44 explica que era necessário levar os dízimos (alimentos) aos sacerdotes e levitas que estavam tomando o seu turno ministerial. Eles levavam “apenas as porções da lei” para a sala de armazenamento do templo. Quando Neemias 12:47 diz, “todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, deu as porções dos cantores e os porteiros, a cada dia a sua parte”, ele está novamente referindo-se apenas à porção “DIÁRIA”, que era levada das cidades levíticas para as câmaras onde deviam ser armazenada para manter aqueles que estavam ministrando no templo (veja também 2 Crônicas.31:16).
Outro roubo dos sacerdotes além dos dízimos era nas ofertas. A palavra hebraica neste texto é traduzida como terûmah. Este termo é traduzido em algumas bíblias como ofertas e outras como ofertas alçadas.
Esta palavra terûmah é designada como presente ou contribuições a Deus, os quais eram separados especialmente para os sacerdotes. Os sacerdotes tinham direito a ofertas de todas as coisas santificados aos filhos de Israel (Números 18:19). As ofertas eram:
- a) Ofertas do holocausto – Era um “sacrifício de animais” (Levíticos 1:3, 6:9), estes animais eram queimados (Levítico 1:9,13,17), e o fogo dessa oferta queimava continuamente no altar e não se apagava (Levítico 6:12,13). Nada deste sacrifício era comido, e o fogo consumia o sacrifício por inteiro.
Esta oferta era por causa do ocorrido com os primogênitos no Egito, todo o primogênito de homem e animal em Israel era dedicado a Deus. Os pais poderiam dar os primogênitos para o serviço do templo ou dar uma oferta aos levitas para redimir o filho.
O animal devia ser macho que podia ser: touro, cordeiro, cabra, pombo, ou rola, dependendo da sua condição, e era levado para a porta do tabernáculo (Levítico 1:3).
Se a oferta for holocausto de gado, seria oferecido um macho sem defeito na porta da tenda da congregação esta oferta seria de própria vontade perante o SENHOR.
Os sacerdotes eram responsáveis por lavar as várias partes do animal antes de colocar sobre o altar: Lev 1:6-9
As ofertas queimadas eram feitas duas vezes por dia, uma pela manhã e uma ao entardecer quando aparecia a primeira estrela (Números 28:3-4).
A oferta queimada era realizada para reconciliação dos pecados do povo contra o Senhor, que os separavam de Deus, e era uma oferta de dedicação contínua de suas vidas ao Senhor.
- b) Oferta de alimentos agrícolas (primícias) – Essa oferta era de bolos sem fermento (Levítico 2:12,14,15, Levítico 2:1,4, 6:20), e era queimada com azeite (Levítico 2:1,2,10,11,14,15) e com sal (Levítico 2:13), e sem fermento ou mel (Levítico 2:11).
- c) Oferta pelo pecado – Nesta oferta todo o Israelita que pecasse, por ignorância (Levítico 4:2,3) teria que sacrificar um animal, a fim de acabar com a dívida do pecado (expiar a dívida) (Levítico 4:13 15, 4:20,21, 22-26). (Levítico 1: 4.1-5; 6: 7:1-6). Havia várias ofertas por pecados. Elas constituíam em entregar a oferta no templo e queimá-la completamente no altar. O valor das ofertas variava, ia de um boi a um pouco de farinha, dependendo da riqueza do oferecedor e seu papel na sociedade.
As Ofertas pelo pecado expiavam, (liquidavam a dívida por completo) das fraquezas e fracassos não intencionais dos Israelitas e fracassos diante do Senhor (Levítico 4:1-4).
Os pecados do sumo sacerdote requeriam o oferecimento de um touro, e o sangue não era vertido no altar mas aspergido do dedo do sumo sacerdote 7 vezes no altar. Então a gordura era queimada, e o restante era queimado (nunca comido) fora do arraial “em um lugar limpo” onde o sacrifício era feito e as cinzas se despejavam (Levítico 4:12).
Os pecados dos líderes requeriam o oferecimento de um bode. O sangue era aspergido somente uma vez, e o restante era vertido ao redor do altar como com o oferecimento queimado.
Os pecados do povo requeriam animais fêmeas, cabras, cordeiros, rolas, ou pombos e no caso de ser muito pobre, um oferecimento de grãos era aceitável só como um oferecimento de manjares.
Os pecados não intencionais eram difíceis identificar e poderiam acontecer a qualquer hora, e então os sacerdotes trabalhavam de perto como mediadores entre Deus e o povo, e instruíam as pessoas sobre como elas buscariam ao Senhor. No caso de qualquer pecado cuja oferta não foi trazida diante do Senhor, havia ofertas para a nação e para o sumo sacerdote que os cobriam de um modo coletivo. No Dia da Expiação (Yom Kippur) o sumo sacerdote aspergia sangue no propiciatório para os seus próprios pecados e pelos pecados da nação.
- d) Oferta pela culpa – Esta oferta era para todo Israelita que roubasse (Levítico 6:4), ele teria que restituir tudo (100%) mais um quinto (20%) (Levítico 6:5) e sacrificaria um animal (Levítico 6:6), 7:2-7) a fim de acabar com a dívida da culpa (expiar a dívida) (Levítico 5:7).
A Oferta pela culpa era bem parecida com a oferta pelo pecado, mas a diferença principal era que a oferta pela culpa era uma oferta em dinheiro para pecados de ignorância relacionados à fraude. Por exemplo, se alguém enganasse sem querer a outro por dinheiro ou propriedade, o sacrifício dele devia era ser igual à quantia levada, mais um quinto para o sacerdote e para o ofendido. Então ele restituía a quantia levada mais 40%. Lev 6:5-7
- e) Oferta pacífica – Era uma oferta de sacrifício pacífico (Levítico 7:11) ou seja de sacrifício de animal (Levítico 3:1), parte desse sacrifício seria de Arão e seus filhos (levítico), como estatuto perpétuo (Levítico 7:34-36) e parte desse sacrifício seria uma oferta queimada (Levítico 3:3-5,9-11) e era estatuto perpetuo não comer o sague e a gordura do sacrifício da oferta queimada (Levítico 3:17).
A oferta pacífica era uma comida que foi dada pelo Senhor, aos sacerdotes, e às vezes ao cidadão comum. O israelita trazia bois ou vacas, ovelhas, ou uma cabra. O ritual foi comparado com o das ofertas queimadas, até ao ponto de queimar, onde o sangue de animais era vertido ao redor das extremidades do altar. Foram queimadas a gordura e as entranhas, e o restante era comido pelos sacerdotes, e, (se fosse uma oferta espontânea) pelos adoradores. Este sacrifício de louvor e ação de graças era quase sempre, um ato voluntário.
As ofertas pacíficas, incluíram bolos sem levedura. Os sacerdotes comiam tudo, menos a porção comemorativa dos bolos, e certas partes do animal, no mesmo dia que o sacrifício foi feito, e quando o adorador os levava juntos, como oferta voluntária, o adorador poderia comer durante 2 dias do animal inteiro, menos o peito e a coxa direita que era comida pelos sacerdotes.
Jacó e Labão deram suas ofertas pacíficas quando eles fizeram o seu pacto (Gêneses 31:43). Era exigido fazer estas ofertas quando se fizesse um voto de consagração à Deus, e Lhe agradecendo com louvores enquanto, espontaneamente, se traziam as ofertas voluntárias.
- f) Oferta voluntária (voto) (Levítico 7:16, Deuteronômio 16:10, Levítico 22:18,21,23 Números 15:3).
- g) Oferta das consagrações – (Levítico 7:37, Êxodo 29:22,26,27).
- h) Oferta alçada (levantada, recolhida) – Ela podia ser de: ouro, prata e objeto de valor (Êxodo 35:5,21,29, Êxodo 25:2,3) e em dinheiro (Êxodo 30:13-16).
Também tinha oferta alçada em alimento agrícolas e pecuários (Números 15:19-21) essa oferta só podia ser comida no lugar onde Deus colocou o seu nome (Deuteronômio 12:5,6 11,17), este lugar primeiro foi em Siló uma aldeia de Efraim (Josué 18:1, I Samuel 1:3, 24, 3:21), e depois em Jerusalém (I Reis 14:21; 11:37). Havia também oferta alçada de sacrifício de animais – (Êxodo 29:27) de pessoas e animais para um determinado trabalho (Número 31:28-30,41).
O termo terûmah também significa às vezes imposto, obrigações que era cobrado de todos Israelitas do sexo masculino de 20 anos acima anualmente no dia primeiro ao dia quinze do mês de Adar. (março) (Êxodo 30:12-16). Eles deviam pagar meio ciclo que correspondia a menos que seis gramas de prata pura (Êxodo 30:13,15). O shekel é o mesmo que ciclo. Um ciclo correspondia a 20 geras. Geras significa grão como de trigo.
Este imposto foi instituído por Moises no deserto com objetivo específico de manter e reformar o Tabernáculo, ele era usado para comprar animais para os sacrifícios, como também os pães da proposição, e em todas festas e lua nova e sábados (Neemias 10:32,33). Havia ainda dinheiro (shekel ou ciclo) deixado para necessidades civis como reparo de muros e estradas. O shekel (ciclo) era a maior forte de renda para tabernáculo e mais tarde do templo.
Nos dias do rei Joás, ele ordenou que o sacerdote Jeoiada fizesse uma arca onde fosse colocada na porta do templo (II Crônicas 24:8) para que as pessoas pudessem pagar o imposto do templo (II Crônicas 24:8,9,10). Esta arca que Jeoida fez e que colocou no templo (II Crônicas 24:8), para que pudesse arrecardar dinheiro para ser usado nos reparos da casa do Senhor (II Reis 12:9,10,11,12,13,14,15, II Crônicas 24:11,12,13), ela era chamada de arca do tesouro, era a mesma que Marcos e Lucas falam que Cristo certa vez viu uma viúva colocando duas moedas nela. (Marcos 12:41, 42 e Lucas 21:1,2)
Algumas pessoas se utilizam destes textos que falam que o dinheiro (shekel ou ciclo) era levado para a casa do tesouro (templo) e dizem que este dinheiro (shekel ou ciclo) era o dízimo.
Também os sacerdotes roubavam quando ofereciam animais com defeitos ao Senhor como cegos, coxos ou enfermos (Malaquias 1:6 a 14). Há duas possibilidades pela qual os sacerdotes podiam estar roubando nestas ofertas. Poderia ser porque os sacerdotes estavam sendo negligentes em aceitarem do povo animais com defeitos para ser sacrificados. A segunda possibilidade poderia ser que os sacerdotes estivessem recebendo animais sem defeitos para ser sacrificados e trocavam por animais com defeitos.
Quanto a Malaquias capítulo 3 versículo 9, quando diz: Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós toda a nação”. O que Malaquias quis dizer foi que Deus estava sendo roubado assim como também toda nação, e não que Deus estava sendo roubado por toda nação.
E o devorador que ele falava era um gafanhoto chamado de gafanhoto devorador. (Levítico 11:22; Joel 1:4; Joel 2:25)
E as bênçãos que Ele derramaria ao abrir as janelas do céu (Malaquias 310) eram chuvas. Quando Deus abre as janelas dos céus o que cai são chuvas (Gênesis 7:11, 12, 8:2). Portanto as bênçãos que Malaquias fala que cairiam ao abrir as janelas do céu são as chuvas.
Eram as chuvas que faziam crescer os produtos de onde se tiravam os dízimos e o sustento do povo, da agricultura a da pecuária ou seja, o dízimo era o resultado da bênção.
A Mensagem de Malaquias era para os sacerdotes (Malaquias 1:6, 2:1). Eram eles que estavam roubando os dízimos que estavam armazenados na casa do tesouro, dízimo este que eram formados das porções vindas dos dízimos dos dízimos que eles recebiam dos levitas.
Foi este o motivo que levou Malaquias a dizer estas palavras: “trazei todos os dízimos à casa do tesouro.” Os dízimos que estavam armazenados nas câmaras da casa do tesouro foram retirados (roubados) pelo Sumo Sacerdote Eliasibe juntamente com outros sacerdotes (Neemias 13:7-10).
O livro de Neemias é o contexto para que possamos entender Malaquias 3:10 quando diz: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro” esta Mensagem foi ordenada, não ao povo, mas aos sacerdotes. Portanto, “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro” é uma mensagem apenas dirigida aos sacerdotes desonestos e se refere apenas às porções diárias para aqueles que serviam no templo. A grande maioria dos dízimos permanecia nas cidades sacerdotais e levíticas onde a grande maioria dos sacerdotes e levitas vivia.
Referências
Adaptado das Apostilas:
- Deveria a Igreja Ensinar Dízimo? Conclusões de um Teólogo sobre uma doutrina tabu.
Tradução: Eliúde Trovão Moraes. [email protected]
- Os Dízimos e as Ofertas do Livro de Malaquias. Carlos Alberto Gomes de Oliveira
- Dízimo Que Não é Dízimo! Pode? Paulo Gomes do Nascimento, formado em Teologia pelo IAE-SP.
- Uma Análise Bíblica Sobre a Doutrina do Dízimo. Ev. Jesiel Lincoln dos Santos.