De uns tempos para cá, Leandro Quadros tirou sua fantasia de pastor/professor com terno e gravata e adotou visual de pessoa comum, aparentemente mortal. Além disso, parou falar em nome da Igreja Adventista do Sétimo Dia em seus vídeos e assumiu simplesmente seu próprio nome. O mais provável é que tenha sido repreendido por dizer tantas bobagens publicamente como se representasse o pensamento dos teólogos da igreja, ou talvez planeje uma carreira solo no ministério, como já fizeram outras estrelas do adventismo brasileiro. Afinal, como se percebe nos caracteres já possui sua própria lojinha virtual…
Nesse modelito, em mais uma de suas tentativas quixotescas de se apresentar como o paladino e grande oráculo doutrinário dos Adventistas do Sétimo Dia no Brasil, Leandro Quadros disparou recentemente sua metralhadora de argumentos mentirosos contra o que ele chama de “teoria da Terra plana”. O vídeo está linkado acima para quem quiser assistir, atendendo a sugestão dele próprio que pede que o material seja compartilhado nas redes sociais.
Depois de assistí-lo ou enquanto o faz, perceba que o sumo exegeta da Rede Novo Tempo tenta por várias maneiras ridicularizar a crença de seus oponentes, ainda que para isso tenha que distorcer as Escrituras Sagradas:
1. Leandro Quadros se refere ao tema como mera “teoria”. Contudo, é preciso fazer distinção entre o que seria uma simples “teoria da terra plana”, expressão usada de forma depreciativa como se fosse uma inverdade, e a doutrina bíblica da criação literal do mundo em sete dias de 24 horas, no formato descrito no relato do Gênesis e confirmado pelos demais autores inspirados.
2. Leandro Quadros afirma que expressar nossa descrença em um mundo arredondado e achatado nos pólos, — porque não é esse o modelo de mundo descrito no relato bíblico da criação! — seria “um desfavor que o indivíduo faz para com o Cristianismo e o Evangelho”. Segundo ele, “quando uma pessoa fala uma bobagem dessas está trazendo vergonha para Deus.” De maneira alguma, vergonhosa é sua tentativa de manipular a Palavra de Deus, deturpando-lhe o significado óbvio para defender teorias científicas que contrariam o claro “Assim diz o Senhor”.
3. Leandro Quadros condiciona a interpretação bíblica ao conhecimento científico. “Qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento bíblico e científico, sabe que a Terra é arredondada e achatada nos pólos,” afirma. Inverdade das grossas, porque neste caso, o que a Bíblia ensina está em completa oposição ao que diz a Ciência e, para a maioria de nós, resta-nos crer incondicionalmente na Bíblia e rejeitar pela fé o modelo esférico e heliocêntrico que nos tentam impor goela abaixo.
4. Leandro Quadros, cita uns poucos versos bíblicos para fundamentar sua crença na Ciência em detrimento do ensino bíblico, manipulando-os fora de seu contexto.
Veja, por exemplo, Isaías 40:22, no qual, segundo Leandro Quadros, afirma-se que “Deus está assentado sobre a redondeza da terra,” sendo essa uma antecipação científica ou mesmo uma revelação bíblica do formato esférico da Terra, na opinião dele. Leandro Quadros não menciona, porém, todo o versículo na versão Almeida Revista e Atualizada, porque a seQuência do texto não lhe favorece o raciocínio, uma vez que descreve o modelo bíblico de uma Terra plana, coberta por uma abóbada celeste, sobre a qual está posicionada e habitação e trono de nosso Deus:
“Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar.”
Veja também o que dizem as versões Almeida Corrigida e Revisada Fiel, Almeida Revisada da Imprensa Bíblica e Almeida Atualizada: “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar.”
Na Bíblia de Jerusalém, o posicionamento do trono de Deus acima da curvatura da abóbada celeste fica confirmado: “Ele está entronizado sobre o círculo da terra, cujos habitantes são como gafanhotos; ele estende os céus como uma tela, abre-os como uma tenda que sirva de habitação.”
A Nova Versão Internacional é ainda mais clara: “Ele se assenta no seu trono, acima da cúpula da terra, cujos habitantes são pequenos como gafanhotos. Ele estende os céus como um forro, e os arma como uma tenda para neles habitar.
Isaías 40:22
A Versão Católica, também disponibilizada no site BíbliaOnline, arremata: “Aquele que domina acima do disco terrestre, cujos habitantes vê como se fossem gafanhotos, aquele que estende os céus como um véu de gaze, e como tenda os desdobra para aí se abrigar.” Isaías 40:22.
Referindo-se a Jó 26:7, Leandro Quadros afirma: “Mesmo que esse termo de Isaías 40:22 possa ser interpretado como um círculo, vemos em Jó 26:7 que a Bíblia não apóia em hipótese alguma essa idéia da Terra Plana: ‘Ele estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre o nada’.” Em seguida, qualifica a expressar “pairar sobre o vazio” como mais uma suposta antecipação científica ou revelação bíblica de que a Terra seria redonda e estaria girando pelo espaço ao redor do Sol. Outra citação de texto fora do contexto do já desacreditado professor Leandro Quadros!
Leia Jó 26:7 em seu contexto e perceba a que desenho de mundo se referia o autor na descrição que faz. Moisés está falando de Terra arredondada ou Terra Plana?
Versão Almeida Revista e Atualizada:
5 A alma dos mortos treme debaixo das águas com seus habitantes.
6 O além está desnudo perante ele, e não há coberta para o abismo.
7 Ele estende o norte sobre o vazio e faz pairar a terra sobre o nada.
8 Prende as águas em densas nuvens, e as nuvens não se rasgam debaixo delas.
9 Encobre a face do seu trono e sobre ele estende a sua nuvem.
10 Traçou um círculo à superfície das águas, até aos confins da luz e das trevas.
11 As colunas do céu tremem e se espantam da sua ameaça.
Versão Almeida Revisada, da Imprensa Bíblica:
5 Os mortos tremem debaixo das águas, com os que ali habitam.
6 O Seol está nu perante Deus, e não há coberta para o Abadom.
7 Ele estende o norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada.
8 Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas.
9 Encobre a face do seu trono, e sobre ele estende a sua nuvem.
10 Marcou um limite circular sobre a superfície das águas, onde a luz e as trevas se confinam.
11 As colunas do céu tremem, e se espantam da sua ameaça.
Todos os autores bíblicos citados por Leandro Quadros possuíam idêntica visão de mundo — Terra plana, estacionária, coberta por uma abóbada ou firmamento, onde Deus posicionou e comanda os astros acima das nuvens, circundada por águas e acima do abismo, tendo no patamar superior o local da habitação e trono de Deus. É o que demonstra o contexto imediato das passagens que ele insiste em citar como se dissessem o contrário.
Acrescente-se a isso o fato de que a Bíblia não apenas contém, mas, de fato, é a autorizada Palavra de Deus, fonte de verdade e isenta de erros. Do Gênesis ao Apocalipse, desde o relato da criação à descrição da Nova Terra, o desenho da Terra é conforme mencionamos acima.
Se como um povo remanescente suscitado por Deus queremos restaurar a observância do sétimo dia da semana como dia sagrado e separado por Deus para a adoração e boas obras, temos de acreditar não só na literalidade da duração de 24 horas para cada um dos sete dias da Criação, bem como também na literalidade do que foi realizado e criado por Deus em cada um desses dias.
Leia com atenção o relato do Gênesis 1, especialmente tudo que é descrito até o quarto dia, observando (1) a criação da luz no primeiro dia, independente da não existência do Sol que até então não fora criado; (2) a criação do firmamento como separador das águas de cima e de baixo no segundo dia; (3) a criação do continente, a partir das águas de baixo no terceiro; e (4) a criação do Sol, da Lua e das estrelas, posicionados no firmamento e voltados unicamente para a Terra, com o objetivo de iluminá-la e para sinalizarem dias, noites, festas e anos.
Quem crê que Deus seja o Criador, deve aceitar também o relato da Criação como uma descrição inspirada do fato e não alegorizá-lo como mito ou espiritualizá-lo como mero registro de uma criação funcional, como pretendem hoje os teólogos adventistas. (Veja, por exemplo, The Myth of The Solid Heavenly Dome — Another Look at The Hebrew HEBREW RĀQÎA)
Leandro Quadros, sendo sincero, será obrigado um dia a se humilhar e aceitar não a teoria, mas a doutrina bíblica da Terra plana, além de evidentemente admitir a geração e subordinação do Filho ao Pai.
Provérbios 8:22-31 na versão da Bíblia de Jerusalém, referindo-se a Jesus Cristo como a sabedoria criadora de Deus, acrescenta detalhes de Sua participação na criação da Terra plana.
Iahweh me criou, primícias de sua obra, de seus feitos mais antigos. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes da origem da terra. Quando os abismos não existiam, eu fui gerada, quando não existiam, os mananciais das águas. Antes que as montanhas fossem implantadas, antes das colinas, eu fui gerada; ele ainda não havia feito a terra e a erva, nem os primeiros elementos do mundo.
Quando firmava os céus, lá eu estava, quando traçava a abóbada sobre a face do abismo; quando condensava as nuvens no alto, quando se enchiam as fontes do abismo; quando punha um limite ao mar: e as águas não ultrapassavam o seu mandamento, quando assentava os fundamentos da terra.
Eu estava junto com ele como o mestre-de-obras, eu era o seu encanto todos os dias, todo o tempo brincava em sua presença: brincava na superfície da terra, e me alegrava com os homens.
Salomão, a quem o Espírito Santo de Deus moveu para escrever essas palavras, cria, portanto, no desenho de uma Terra plana, conforme o relato bíblico da Criação e não era um ignorantão, sem nenhum conhecimento científico, a quem Deus usou apesar de sua desinformação sobre a suposta verdade do globo terrestre que gira entre bilhões de outros corpos celestes.
A Bíblia diz que:
Deus deu a Salomão sabedoria e inteligência extraordinárias e um coração tão vasto como a areia que está na praia do mar. A sabedoria de Salomão foi maior que a de todos os filhos do Oriente e maior que toda a sabedoria do Egito. Foi mais sábio que qualquer pessoa: mais que Etã, o ezraíta, mais que Emã, Calcol e Darda, filhos de Maol; sua fama se espalhou por todas as nações circunvizinhas. Pronunciou três mil provérbios e seus cânticos foram em número de mil e cinco. Falou das plantas, desde o cedro que cresce no Líbano até o hissopo que sobe pelas paredes: falou também dos quadrúpedes, das aves, dos répteis e dos peixes. Vinha gente de todas as nações para ouvir a sabedoria de Salomão e ele recebeu tributo de todos os reis da terra que ouviram falar de sua sabedoria. — I Reis 5:9-14, Bíblia de Jerusalém.
Irá agora Leandro Quadros crer na divina Teoria da Terra Plana, como fez Salomão? Se não o fizer, é porque se imagina mais sábio que Salomão e terá de rasgar ou engavetar para sempre o Livro Sagrado em que afirma acreditar.
[Continuaremos a responder o videozinho em outro artigo, mas, enquanto não concluímos, assista aos vídeos desta irmã não-adventista sobre o tema:]