Tim Poirier, M.T.S.
Diretor-associado do Ellen G. White Estate, Inc., Silver Spring, Maryland, EUA
Resumo: O artigo demonstra a autenticidade das declarações trinitarianas encontradas nos textos de Ellen G. White. Por meio de pesquisa nos manuscritos originais conservados, bem como nos documentos datilografados ou impressos onde aparecem as revisões feitas de próprio punho pela escritora, o autor desacredita os argumentos com os quais os dissidentes acusam a Igreja e sua liderança de adulterar os textos. Além de fornecer esclarecimento quanto ao processo de editoração e publicação dos textos de Ellen G. White na época, o artigo traz um apêndice com as reproduções dos documentos originais mencionados no artigo.
Abstract: The article demonstrates the authenticity of the Trinitarian declarations found in the writings of Ellen G. White. Researching the handwritten manuscripts, as well as the typed or impressed ones that bring the revisions made personally by the writer, the author discredit the theory used by the opponents that accuses the Church and its leadership of adulterate the texts. Besides clarifications regarding to the process of editing and publication of Ellen G. White texts at her time, the article brings an appendix with the reproductions of the original documents mentioned in the article.
Introdução
Certos oponentes da segunda crença fundamental da Igreja (“a Trindade”), argumentam que as declarações de Ellen G. White quanto ao assunto não podem ser consideradas como refletindo corretamente o que ela escreveu e ensinou.1 Essas pessoas afirmam aceitar o escritos proféticos de Ellen G. White, enquanto questionam a autenticidade de suas declarações que confirmam a crença da Igreja quanto a três pessoas distintas, co-eternas, e plenamente divinas na Divindade – Pai, Filho e Espírito Santo.
Este artigo não tentará definir amplamente o conceito de Ellen White quanto à Divindade, nem discutir se houve qualquer desenvolvimento em sua posição. O interesse básico é na autenticidade das declarações-chave de Ellen G. White, à luz dos documentos disponíveis. Deve-se, por outro lado, afirmar claramente que a crença fundamental da Igreja na Trindade não está baseada nos escritos de Ellen G. White, mas em sua compreensão da verdade bíblica.
A terceira pessoa da Divindade
Para muitos adventistas, as declarações de Ellen G. White publicadas são conclusivas quanto ao seu ensino sobre a questão. No livro O Desejado de Todas as Nações ela escreve que “o pecado pode ser resistido e vencido apenas através da poderosa agência da terceira pessoa da Divindade, a qual viria com energia não modificada e na plenitude do poder divino” (p. 671). É desta forma que o texto é lido desde sua primeira publicação em 1898. Assim, como podem os oponentes escapar da sua interpretação natural de que há três pessoas distintas na Divindade?
Primeiro, sugerindo que a expressão foi incluída em O Desejado de Todas as Nações por meio da influência dos assistentes de Ellen G. White, ou por meio de Herbert Lacey, ou ainda W.W. Prescott.2 Segundo, indicando que as palavras “terceira pessoa” não estão em letras maiúsculas na edição original de 1898, significando que a palavra “pessoa” é usada em um “sentido geral”.3 Terceiro, sugerindo que enquanto há em realidade duas pessoas na divindade, “o efeito real para nós é que há três seres divinos”, uma vez que o Espírito Santo é chamado “o outro Consolador”. De acordo com esta posição, o Espírito Santo é “o Espírito (presença) do Pai e/ou de Cristo”, e não realmente uma terceira pessoa divina distinta.4
Não tomaremos tempo para analisar a terceira interpretação, exceto observando posteriormente outra declaração de Ellen G. White que fala do Pai, do Filho e do Espírito Santo como “três agências distintas” trabalhando juntas em favor da humanidade. Mas as duas primeiras observações atacam a autenticidade do texto e, portanto, nosso interesse concentra-se em investigar esta posição.
Pode-se confiar nesta passagem de O Desejado de Todas as Nações como representando o que Ellen G. White realmente escreveu? O que o manuscrito original diz?
O White Estate frequentemente recebe este tipo de pergunta por parte de pessoas que questionam a leitura ou ensino de uma declaração publicada. Alguns ficam surpresos quando dizemos a eles que Ellen G. White não escreveu seus capítulos por extenso, como eles aparecem em livros tais como Caminho a Cristo e os da série O Conflito dos Séculos. Ela certamente foi a autora do texto, mas a maior parte do material compreendendo os capítulos como os temos foi compilado de outros dos seus escritos anteriores, incluindo seus sermões, cartas e artigos.5 Assim, para encontrar o manuscrito original de qualquer passagem em seu livro O Desejado de Todas as Nações, devemos determinar a fonte e se um rascunho manuscrito do documento está disponível.
Qual, então, é a fonte desta sentença na página 671 de O Desejado de Todas as Nações? Nós a encontramos em uma carta de Ellen G. White, dirigida aos “Meus irmãos na América”, datada de 6 de fevereiro, de 1896. Ela escreveu: “O mal tinha se acumulado por séculos, e poderia apenas ser limitado e resistido pelo grandioso poder do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, o qual viria com energia não modificada, mas na plenitude do poder divino.”6 Esta carta foi copiada e enviada da Austrália para os líderes da Igreja em Battle Creek, onde estava o presidente da Associação Geral, O. A. Olsen, e publicada no ano seguinte, em um panfleto que circulou entre líderes e ministros da Igreja (Special Testemonies, nº 10, 25-33). Esta publicação contemporânea provê outra evidência – além da óbvia data do direito autoral – de que esta passagem em O Desejado de Todas as Nações encontra-se precisamente como ela foi originalmente publicada em 1898.
A Figura 1 (p. 29) é uma cópia escaneada da primeira página desta carta, demonstrando a sentença-chave no segundo parágrafo. O cético perguntará como sabemos que esta carta veio realmente de Ellen G. White? O que diz o manuscrito original? Infelizmente para nós, que vivemos em 2006, Ellen G. White raramente preservou cópias originais de suas cartas, depois que elas sido transcritas e haviam recebido sua aprovação. Nós ainda vemos que em certas outras instâncias somos afortunados em ter o manuscrito original, mas para esta carta o manuscrito original não é conhecido como tendo sobrevivido.
Mas nós temos outras evidências de sua autenticidade. As páginas 5, 6 e 7 contêm, em entrelinhas, registros manuscritos de Ellen G. White, os quais ela frequentemente acrescentava depois de leitura posterior do documento. A Figura 2 (p. 30) é uma cópia escaneada da página 6, demonstrando estas alterações interlineares e provendo a evidência de que esta carta foi, de fato, revista pela própria Ellen G. White. Assim, estamos em base sólida ao concluir que esta sentença-chave em O Desejado de Todas as Nações não passou despercebida aos olhos da Sra. White e entrou para o manuscrito do livro, quer por intermédio dos seus assistentes ou por outros líderes da Igreja.
O que diríamos quanto ao segundo argumento, de que as palavras “terceira pessoa” não aparecem com letras maiúsculas nas edições mais antigas? Como vimos na Figura 1, a frase também não aparece com maiúsculas na carta original. Uma comparação adicional entre as cartas de Ellen G. White, seus artigos publicados e livros, indica que este estilo editorial, sem intenção teológica, governou tais questões quanto a se os pronomes referindo-se à Divindade deveriam aparecer em maiúsculas. Se o argumento de que o uso de letras minúsculas na “terceira pessoa”, demonstra que a sra. White não estava atribuindo status de divindade ao Espírito Santo, então deveríamos explicar por que nas mesmas edições anteriores, o pronome pessoal “Ele” (referindo-se ao Espírito Santo) duas vezes aparece em maiúscula no parágrafo imediatamente anterior (p. 671:1), bem como em outros lugares no mesmo capítulo.
Três pessoas vivas
Analisaremos agora uma significativa declaração do livro Evangelismo. Trata-se de uma compilação, publicada em 1946, uma década antes dos diálogos entre os adventistas e evangélicos, que resultaram no livro Questions on Doctrine. Entretanto, os questionamentos associados a este período têm levado alguns a lançar uma sombra de ceticismo nesta clara declaração trinitariana:
Há três pessoas vivas pertencentes ao trio celeste; em nome destes três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e estes poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viverem nova vida em Cristo.7
Será que esta declaração corretamente representa o que Ellen White escreveu?
A Figura 3 (p. 31) é uma cópia escaneada da folha de rosto da fonte em que se encontra a citação de Evangelismo – Special Testemonies, Série B, nº 7. De particular interesse é observar no final da página a frase “Published for the Author” (Publicado pela Autora). A Figura 4 (p. 32) é a cópia escaneada da página contendo a sentença-chave. Assim, o que quer que as alegadas “conspirações” tenham feito quanto às palavras que aparecem em Evangelismo, elas não podem ter sido originadas pela liderança da Igreja na década de 1940. A passagem apareceu na impressão de 1906, publicada pela autora – Ellen G. White.
Buscando a fonte deste material, descobrimos que ele vem do Manuscrito 21, de 1906, escrito em novembro de 1905, indicando a data da transcrição como 9 de janeiro de 1906. A Figura 5 (p. 33) é a cópia escaneada da página 4, na qual esta declaração-chave aparece. A sentença é idêntica à que foi publicada na Série B, exceto que na versão impressa um ponto-e-vírgula foi substituído por uma vírgula depois das palavras “trio celeste”.
A Figura 6 (p. 34) é a cópia escaneada da primeira página deste manuscrito, mostrando as correções manuais da Sra. White – evidência de que ela pessoalmente revisou a cópia datilografada. Assim, vemos que o que foi publicado em Evangelismo, reflete corretamente o que foi publicado na Série B, a qual, por sua vez, reproduz corretamente o manuscrito de Ellen G. White como revisado por ela.
Podemos avançar mais um passo, porém, nesta questão. A Figura 7 (p. 35) é a cópia escaneada de uma página do diário da Sra. White, onde é encontrado o original não editado da cópia escrita a mão do Manuscrito 21, 1906. Isto é o que foi transcrito pelas secretárias de Ellen G. White. Na passagem-chave, como originalmente escrita por Ellen G. White, lê-se: “Aqui estão as três personalidades vivas do trio celestial, nas quais cada alma arrependida dos seus pecados, recebe Cristo por fé viva, para aqueles que são batizados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.”
Neste ponto encontramos uma questão interessante. Colocando de lado detalhes rotineiros de correções gramaticais – que as assistentes da Sra. White foram instruídas a fazer quando transcrevendo o rascunho de manuscritos –, o que deveríamos fazer com a sua mudança de “três pessoas” para “três personalidades”? Aqui está a evidência, argumentam os promotores do antitrinitarianismo, de que Ellen G. White estava fazendo uma distinção entre “personalidades” e “pessoas,” como a sentença finalmente se encontra na transcrição do manuscrito.
Deveríamos ler algo substancial nesta mudança de “pessoas” para “personalidades”? Um amplo estudo do uso que a Sra. White faz destes termos está fora dos parâmetros do nosso interesse neste artigo, contudo é suficiente dizer que, como sua primeira definição, o dicionário Webster indica “personalidade” como “a qualidade ou estado de ser uma pessoa” e, em seu uso teológico, “qualidade ou estado consistindo de distintas pessoas, dito acerca da Divindade”.8 Meu estudo pessoal do uso de Ellen G. White é o de que ela utiliza estes dois termos de forma intercambiável, razão pela qual, sem dúvida, ela esteve completamente satisfeita com a leitura final da transcrição, como vimos nas Figuras 5 e 6.
Além do mais, se escrevendo “três personalidades”, Ellen G. White quis evitar a alusão a “três pessoas na divindade”, somos forçados a explicar por que ela claramente escreveu “três pessoas” em um documento anterior: Manuscrito 57, 1900, publicado no Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia:
A obra está colocada diante de cada alma que reconhece sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um recipiente da promessa das três pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito Santo.9
A Figura 8 (p. 35) é uma cópia escaneada deste manuscrito e, como no exemplo anterior, somos afortunados em ter o rascunho original escrito a mão, que foi transcrito pelas secretárias de Ellen G. White. Como podemos ver na Figura 9 (p. 35), não resta qualquer dúvida de que a Sra. White escreveu “as três pessoas – o Pai e o Filho e o Espírito Santo”.
O uso que Ellen G. White faz de “terceira pessoa” e “três pessoas no trio celestial” indica claramente sua crença de que não apenas existem três seres na Divindade, mas que eles são “pessoas”. Outra afirmação publicada em Evangelismo diz isto em termos evidentes:
“O Espírito Santo é uma pessoa, pois ele dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus.”10
Novamente nos perguntamos, o que Ellen G. White realmente escreveu? A Figura 10 (p. 36) é uma cópia escaneada da fonte citada no livro Evangelismo – Manuscrito 20, 1906, p. 9. Não apenas este manuscrito atesta a aprovação da Sra. White (no topo da sua primeira página lemos: “Eu li isto cuidadosamente e o aceitei” – Figura 11, p. 37). Possuímos o original do rascunho escrito a mão, que foi transcrito por suas secretárias. A Figura 12 (p. 38) é uma cópia escaneada da sentença-chave: “O Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele dá testemunho ao nosso espírito.”
Mas, dizem os promotores do antitrinitarianismo, o Pai e o Filho são pessoas. A referência não diz que “O Espírito Santo é uma pessoa, separada ou distinta de Deus o Pai.”11
Não, esta referência não diz isto. Mas Ellen G. White tem mais a dizer sobre o tema em outro lugar. O Manuscrito 93, 1893, diz:
“O Espírito Santo é o Consolador, em nome de Cristo. Ele personifica Cristo, contudo é uma personalidade distinta.”12
A Figura 13 (p. 38) é uma cópia escaneada do rascunho escrito à mão por Ellen G. White, confirmando a transcrição. O Manuscrito 27a, 1900 acrescenta esta descrição:
“O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que verdadeiramente entram em relação de concerto com Deus.”13
Observe como os atributos da Divindade são aplicados a cada pessoa. Isto é seguido da seguinte declaração:
“Três agências distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, trabalham juntas pelos seres humanos.”14
O rascunho original escrito à mão deste manuscrito não existe mais, mas a transcrição dele não apenas estampa a assinatura de Ellen G. White, como também suas correções interlineares, como visto nas Figuras 14 e 15 (p. 39 e 40).
É o Espírito Santo o representante de Cristo ou o próprio Cristo?
Tendo em mente as declarações de Ellen G. White, sem qualquer ambiguidade, acerca do “trio celeste”, vamos agora examinar outra passagem relacionada com a natureza do Espírito Santo, que os promotores do antitrinitarianismo usam como apoio. Ela aparece na página 669 de O Desejado de Todas as Nações:
O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana, e dela independente. Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como seu sucessor na Terra. Ninguém poderia ter então vantagem devido á sua situação ou seu contato pessoal com Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais perto deles do que se não subisse ao alto.
O enfoque desta passagem é a presença de Cristo por meio do seu representante – o Espírito Santo. A distinção pessoal entre Cristo e o Espírito Santo é cuidadosamente expressa no texto, mas os promotores antitrinitarianos indicam o manuscrito fonte desta passagem. Nós a encontramos em uma carta a Edson White e sua esposa, datada de 18 de fevereiro de 1895.15 Como é a leitura deste texto na carta original?
Limitado por sua humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em pessoa; portanto, era do interesse deles que ele os deixasse, e fosse para o seu Pai e enviasse o Espírito Santo para ser o seu sucessor na terra. O Espírito Santo é ele mesmo despojado da personalidade humana, e assim independente. Ele se representaria a si mesmo como presente em todos os lugares pelo seu Espírito Santo, como o Onipresente.16
O que é de particular significado para os não trinitarianos é que onde O Desejado de Todas as Nações apresenta “O Espírito Santo é o representante de Cristo”, a carta original lê “O Espírito Santo é Ele mesmo.”
O manuscrito original não é conhecido como existente, mas a carta, como transcrita pela secretária de Ellen G. White, estampa a sua assinatura e outras correções, significando sua aprovação à carta. Veja a Figura 16 (p. 41 e 42).
Será que a frase na carta original estabelece que a Sra. White cria que o Espírito Santo e Cristo não são pessoas distintas?
Nós já observamos várias declarações de Ellen G. White afirmando que existem “três pessoas” na Divindade, e que o Espírito Santo é uma “personalidade distinta”. Como estas afirmações, cronologicamente, tanto antecedem como seguem a fraseologia desta carta, a consistência nos levaria a esperar que ela não está introduzindo uma nova compreensão do Espírito nesta passagem. De fato, nós encontramos a mesma linguagem de “representação” utilizada nesta carta, como nós encontramos em O Desejado de Todas as Nações. O parágrafo na carta onde esta sentença aparece, começa com a declaração: “Embora nosso Senhor tenha ascendido da terra ao céu, o Espírito Santo foi indicado como seu representante entre os homens.”
Ellen G. White adicionalmente explica o significado de suas palavras “O Espírito Santo é Ele mesmo” acrescentando que “Cristo se representaria a si mesmo como presente em todos os lugares pelo seu Espírito Santo.
Na misteriosa união que existe entre os membros da Divindade, a presença do Espírito Santo é sinônima da presença pessoal de Jesus; contudo, suas identidades distintas são preservadas.
A mesma ideia é encontrada em outras passagens da Sra. White, tais como:
Quando vós receberdes a Cristo como vosso Salvador pessoal, haverá uma marcante mudança em vós; sereis convertidos e o Senhor Jesus pelo seu Espírito se erguerá ao vosso lado.17
e
Eu testifico aos meus irmãos e irmãs que a igreja de Cristo, fraca e defeituosa como possa ser, é o único objeto na terra ao qual Ele concede sua suprema consideração. Enquanto Ele estende a todos o seu convite para virem a Ele e serem salvos… Ele pessoalmente vem pelo seu Santo Espírito em meio à sua Igreja.18
Como explicar então a mudança nas palavras de O Desejado de Todas as Nações? Nós temos apenas a carta de 1895, e nenhum rascunho para a leitura final do capítulo, deixando-nos com a conclusão de que o que foi publicado em 1898 representa a leitura editada e aprovada pela autora.19 A linguagem adotada por Ellen G. White em O Desejado de Todas as Nações ajuda o leitor a evitar a má interpretação que surge quando a sentença, como originalmente construída, é isolada de todo o parágrafo do seu contexto original.
Conclusão
Em conclusão, não podemos abordar o tema da Divindade sem reconhecer as limitações da conceituação e linguagem humanas. Uma coisa é examinar o que um autor inspirado escreveu; outra completamente diferente é dizer que entendemos isto completamente.
Nosso interesse neste artigo, contudo, não foi discorrer sobre o mistério da Divindade, mas sobre a fidelidade de certas declarações descritivas encontradas nos livros de Ellen G. White. Encontramos que os manuscritos originais, as transcrições aprovadas, e/ou as primeiras edições de suas obras publicadas, apoiam as expressões trinitarianas encontradas hoje em seus escritos.
Referências
1 Artigo traduzido do original em inglês por Amin A. Rodor, Th.D. ↑
2 Por exemplo, veja Rachel Cory-Kuchl, The Persons of God (s.l.: Aggelia Publications, 1996), 159-188. ↑
3 www.creation-seventh-day-adventist-church.org/Binary/Essays/ePioneer.html (acessado em, 11/04/2005). ↑
4 Cory Kuehl, 187-177. ↑
5 Para O Desejado de Todas as Nações este processo é descrito em Arthur L. White, The Australian Years (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 1893), capítulo 32, e, para maiores detalhes, veja Robert W. Olson, How The Desire of Ages Was Written (Washington, D.C., Inc., 1979) e Fred Veltman, Full Report of the Life of Christ Research Projet (n.p.: Life of Christ Research Project, Review Committee, 1988). ↑
6 E. G. White, Carta 8, 1896. ↑
7 E. G. White, Evangelism (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1946), 615. Extraído de Special Testemonies, Series B, nº 7, publicado em 1906. ↑
8 Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11ª edição (Springfield, Mass.: Merriam-Webster, Inc. 2003); Webster’s New International Dictionary, 2ª edição, Unabridged (Springfield, Mass.; G. & C. Merriam Co., 1954). ↑
9 E. G. White, SDA Bible Commentary, 6:1074. Ênfase acrescentada. ↑
10 Evangelism, 616, 617. ↑
11 Cory-Kuehl, 177. ↑
12 E. G.White, Manuscrito 93, 1893, publicado em Manuscript Releases, 20: 323-325. Ênfase acrescentada. ↑
13 E. G. White, Manuscrito 271, 1900, publicado em SDA Bible Commentary, 6:1075. Ênfase acrescentada. ↑
14 Ibid. Esta porção não está publicada no SDA Bible Commentary. ↑
15 E. G. White, Carta 119, 1895. ↑
16 Publicado em Manuscript Releases, 14: 93. ↑
17 E. G. White, Manuscrito 13, 1897, publicado em Mind, Character, and Personality, 1:124-125. ↑
18 E. G.White, Carta 2d, 1892, publicada em Testemonies to Ministers, 15. ↑
19 Contra o argumento de que a leitura publicada não reflete os ensinos de Ellen White, ergue-se o fato de que o texto permaneceu não-retocado por ela ao longo dos 17 anos anteriores à sua morte, e que a passagem foi repetida em um artigo que ela supriu para as Leituras da Semana de Oração, publicadas na Review and Herald de 19 de Novembro de 1908. ↑
Adendo (adicionado em maio de 2012)
Num sermão pregado por Ellen White no Sábado, dia 20 de outubro de 1906, encontramos evidências adicionais de que ela acreditava que a Divindade consiste de três seres. O sermão inteiro foi reproduzido em Sermons and Talks, vol. 1, pp. 360-383. A declaração chave encontra-se na página 367: “Você nasceu de Deus, e encontra-se sob a aprovação e poder dos três Seres mais santos do céu, que são capazes de guardá-lo de cair.” Alguns questionaram a autenticidade dessa declaração pelo fato de não haver sido publicada enquanto Ellen White ainda vivia. Como podemos ter certeza de que o texto de Sermons and Talks é confiável? A fonte original deste sermão é o Manuscrito 95 de 1906, que foi parte do acervo de Ellen White desde a data em que o sermão foi transcrito em 1906, o que é evidenciado por outras porções do sermão publicadas por Ellen White em 13 de Dezembro de 1906 na Review and Herald.
A Figura 17 é uma fotografia do livro de cartas de 1906 de Ellen White, contendo o Manuscrito 95 de 1906 nas páginas 19-42. A Figura 18 é um escaneamento da primeira página do manuscrito, que identifica o documento, e a Figura 19 é um escaneamento da página contendo a declaração “[os] três Seres mais santos” (segundo parágrafo).
Fonte: Revista Parousia, 1° Semestre de 2006, UNASPRESS.
Fonte original: Documento publicado por Tim Poirier
Qual o objetivo da publicação desse artigo? O site apoia a posição trinitariana da igreja?
Ola Laurindo Menezes,
Este site não apoia a posição trinitariana. Somos Unitarianos!
O objetivo é questionar os dissidentes que são anti-trinitarianos mas que ainda creem em Ellen White como sua profetisa uma vez que ela era trinitariana como comprovado nesses artigos publicados.
Que o Eterno lhe abençoe.
Olá irmão!
Desculpe me caso eu não tenha entendido bem…..mas EGW era ou se tornou trinitariana depois de um certo tempo?Só se ela tenha mudado de idéia, pois parece que ela tem declarações de crença em um só Deus como sendo o Pai. Pelo que colocaram em outros sites a Crença Fundamental dos Adventistas na trindade só veio aparecer depois da morte dela.
Acredito que talvez ela tenha se tornado trinitariana com o tempo apos a morte do marido e dos pioneiros.
Quanto aos texto trinitarianos só começar aparecer apenas após a morte dela isso não é verdade, e é exatamente isso que mostra essa postagem. Existem muitas declarações sobre a trindade com ela ainda em vida.
Na verdade acho que ela foi no mínimo dúbia, não era enfática como todos os outros pioneiros e tambem seu marido, onde deixam claro que a doutrina da trindade foi criada por Roma e é uma doutrina de demônios.
Nossa regra de fé e pratica deve ser as escrituras embora sabemos que tambem foi adulterada.
Forte abraço que o Eterno lhe abençoe.