O que será da humanidade em vinte, trinta ou oitenta anos? Se hoje você está abaixo dos quarenta anos as chances é que você ainda verá muitas mudanças acontecerem. De acordo com os vários indícios que podemos acompanhar em notícias políticas, científicas e financeiras, talvez nosso futuro seja um pouco mais cinzento do que gostaríamos.
AVISO: O que você lerá aqui poderá lhe deixar triste, depressivo. Mas é assim que as coisas são. Que as minhas reflexões possam lhe ajudar a se preparar melhor para o futuro e que lhe tornem um cidadão mais ativo no presente para ajudar a melhorar nosso planeta.
De forma simples, qual o objetivo deste texto? Pontuar todos os fatores que acredito que podem ser ameaças diretas a nossa sobrevivência neste prazo relativamente curto de tempo. Devo dizer que não sou um especialista nesta área, mas sempre mantenho os olhos muito abertos. O que você lerá aqui é a minha opinião pessoal, então fique à vontade para debater, concordar ou discordar do meu posicionamento nos comentários.
Uma última nota antes de começarmos: Não sou um daqueles indivíduos desesperançosos e que tem completa certeza de que a humanidade está fadada ao fracasso. Não vivo meus dias como um profeta do apocalipse, esperando os sinais do “fim do mundo”, longe disso. Muito pelo contrário, sou um amante da ciência que vibra com todos avanços tecnológicos que estão ocorrendo em nossa era. Acredito piamente que o caminho para escapar das armadilhas do futuro é a tecnologia, que abraça desde produção de comida até exploração espacial.
Sim, sou daquele grupo de entusiastas que assiste a transmissão ao vivo de foguetes da SpaceX como se fosse a final de uma copa de futebol.
Mas fato é que, diante de todos estes progressos fantásticos há uma sombra cada vez mais crescente, que pode – infelizmente – apagar o brilho de nossos avanços. Essa sombra tem várias formas e várias caras, e hoje quero mostrar algumas que me preocupam.
As ameaças
Depois de tantas provas conclusivas que a ciência conseguiu coletar nas últimas décadas a existência do “efeito estufa” não está mais sob discussão, ele está acontecendo e tem a tendência de piorar exponencialmente.
Com as toneladas de gás carbônico que despejamos na atmosfera, aceleramos radicalmente a dinâmica climática do planeta em um nível somente visto antes em eras glaciais, e fizemos tudo isso em menos de 100 anos de revolução industrial.
Como nós só nos importamos com as coisas que podem afetar a nossa vida de maneira direta, não vou ficar filosofando ou colocando reflexões profundas aqui. De forma simples, vamos ao que a mudança climática já está causando:
- Derretimento constante das geleiras presentes nos pólos do planeta;
- O aumento do nível do mar tornou-se mais rápido neste último século;
- Muitos animais estão migrando e mudando seus habitats para áreas mais afastadas das zonas tropicais devido ao constante aumento de temperatura;
- A média de precipitação de chuva aumentou no mundo inteiro;
Muitos outros efeitos indiretos ainda estão sendo comprovados por meio de observações, mas estes foram apenas para pontuar a ponta do iceberg. Se continuarmos jogando gás carbônico na atmosfera (e com certeza vamos continuar), aqui estão os problemas que podem começar a aparecer ainda nos próximos cinquenta anos:
- O mar continuará a subir, aumentando entre 18 e 59 centímetros, sendo que o degelo das calotas polares pode adicionar entre 10 e 20 centímetros a mais nesta média. Isso já é suficiente para começar a inviabilizar muitas cidades costeiras;
- Tempestades e furacões se tornarão maiores e mais frequentes devido as variações de temperatura;
- Diversas espécies que dependem de outras podem ficar fora de sincronia. Por exemplo, as plantas podem florescer antes dos insetos que as polinizam ficarem ativos;
- Inundações e secas poderão ficar mais comuns, com suas intensidades aumentando em 10%;
- Doenças portadas por mosquitos tropicais irão se espalhar mais facilmente, visto que o clima mais quente favorecerá estes insetos;
- Cerca de 10% das espécies conhecidas hoje não conseguirão se adaptar a mudança climática acelerada e serão extintas.
Todos estes aspectos podem parecer relativamente difíceis de se visualizar, mas causariam mudanças radicais em nossa economia e política. Isso nos leva ao próximo ponto.
De acordo com várias estimativas, o planeta entrou no “vermelho” desde agosto do ano passado. Isso quer dizer que desde este ponto, estamos consumindo mais do que o planeta é capaz de repor.
A regra é simples: Quanto mais pessoas, mais consumo. A população mundial possui estimativa de dobrar nos próximos 20 anos, e isso simplesmente ultrapassa de longe a capacidade da “mãe terra”.
Poderíamos mudar essa realidade com estratégias de controle de natalidade, educação e principalmente mudança de cultura ( um terço do que produzimos de comida é jogado no lixo)….Mas me diga, você já viu alguma vez a humanidade agir de maneira preventiva? Eu não, então não tenho fé nisso.
Nos próximos trinta anos teremos muitas pessoas famintas, surtos de diversas doenças (devido a concentração populacional) e todos os problemas associados a isso, tais como criminalidade, estupros, revoltas politicas e instabilidades econômicas.
A espécie humana além de gostar de se reproduzir, também é péssima em gerenciar recursos. Não bastasse termos cada vez mais bocas para alimentar, temos como marca registrada a nossa incapacidade de gerenciar recursos pensando a longo prazo, e aqui posso colocar como maior caso a pesca industrializada que está acabando com a vida marítima.
Pois é. A industrialização da pesca está prejudicando de maneira intensa muitas espécies. Em 2011 um estudo apontou que mais de metade dos pontos de pesca estão sendo superexplorados, acima do nível sustentável. Para ser mais específico, aí vão alguns dados do site overfishing.org, falando sobre o índice de exploração dos estoques naturais de peixes nos oceanos:
- 52% dos estoques naturais de peixes estão sendo explorados;
- 20% estão sendo explorados de maneira moderada;
- 17% estão superexplorados;
- 7% já esgotaram;
- 1% estão se recuperando do esgotamento.
Sem um oceano funcional, adeus cadeia alimentar global.
Poderíamos escrever páginas e páginas recheadas com outros exemplos aqui, mas o foco não é chocar e sim informar. Contudo, não mencionei o que possui maior valor para a vida humana: água.
Já estamos sofrendo com escassez deste recurso tão importante, e a tendência é aumentar. Existem países que já possuem políticas de racionamento e multas para aqueles que não as obedecem, e a tendência são que estas políticas apertem ao ponto de estrangulamento. Então, vamos falar exatamente disso agora.
Todos sabemos que estes dois termos andam muito juntos. Para deixar este aspecto mais claro, vamos utilizar um cenário que já é bastante conhecido de todos.
Os EUA possuem uma cultura de consumo de combustíveis fósseis enorme. Sua produção própria estava se tornando insuficiente para manter a população abastecida, então qual foi a jogada? Encontrar “armas químicas” em locais com riqueza de petróleo para poder ter argumentos para entrar em guerra com tais regiões e então adquirir controle deste recurso que os faltava. Isso não é teoria conspiratória, é apenas uma observação fria dos fatos.
Porém a grande pergunta é… E quando lhes faltarem água? Ou minério? O Brasil pode ser o próximo alvo. E não estamos falando apenas dos EUA aqui, mas qualquer grande potência ou nação que esteja interessada em captar recursos que não possui em seu território. Em toda a história da humanidade vimos exemplos de que quando uma nação precisa de algo que seu vizinho tem ela dá um jeito de entrar em conflito para tomar à força.
Junte isso à crescente escassez de recursos e você tem o tempero para o desastre, ou, indo mais longe, para a terceira guerra mundial.
Ao descermos para os cenários mais “micros” as previsões ficam ainda complicadas. Quantas fábricas já estão fechando atualmente por conta da crise que nosso país vive? Muitas. Imagine em um cenário onde o mundo está começando a lutar por recursos escassos e o empreendedorismo já está sofrendo diretamente com a falta de insumos para manter as coisas rodando.
Tudo o que afeta o “grande palco” vira uma enxurrada de catástrofe para os pequenos como nós, simples pessoas lutando dia após dia para prover uma vida melhor para suas famílias.
Já não bastasse essa série de questões ambientais, políticas e financeiras, ainda temos mais um bônus: A incapacidade de tolerar crenças opostas às nossas. O ser humano enche a boca para promover suas visões, religiões e valores do que considera certo, porém infelizmente quer ser o detentor da única e grande verdade.
Hoje temos grupos extremistas que convencem pessoas a se explodirem – literalmente – em nome de uma crença. Não só isso, mas proclamam que possuem como principal missão acabar com aqueles que não seguem suas formas de vida.
Com a crescente falta de recursos, veremos reaparecer o velho costume de proclamar argumentos ideológicos para mascarar a necessidade de mais recursos naturais. Os discursos de “Lutaremos pela liberdade“, ou “Eliminar as ameaças ao nosso modo de vida” ficarão cada vez mais presentes e pungentes, disseminando cada vez mais ódio entre as diversas classes sociais e culturas.
Não precisamos ir tão longe assim para ver como isso vêm se intensificando com o passar dos anos. Perceba em si, como a sua percepção mudou em relação à pessoas que possuem um posicionamento político diferente do seu. Antes se o seu amigo era de esquerda você tolerava e preferia não discutir com ele, hoje, ele provavelmente não é mais seu amigo.
Agora aumente isso para o palco mundial de relações entre as nações e o negócio fica complicado.
Uma simples conclusão
Conforme fui escrevendo este artigo me dei conta que ele poderia se tornar um livro se decidisse nomear todas as ameaças que enfrentaremos nestas próximas décadas. Fato é que o mundo hoje é uma panela de pressão sob fogo alto e com a válvula de escape quebrada.
Mesmo com todo este tom trágico confesso que tenho grande esperança que a humanidade consiga driblar todos estes fatores com a ciência e a tecnologia, mas infelizmente não posso apostar todas as minhas fichas nisso. Sinto que, ainda sendo jovem, tenho um caminho duro pela frente e farei o possível para não tropeçar em nenhuma pedra. Sou um sobrevivencialista, e meu dever é estar preparado.
Espere pelo melhor. Prepare-se para o pior.
Até.
Fonte: https://sobrevivencialismo.com/2016/05/25/as-maiores-ameacas-ao-futuro-da-humanidade/