Dá até a impressão de que a União Argentina não faça parte da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, quando você acessa a versão em português do site oficial www.adventistas.org, pois não há qualquer menção ao escândalo do uso de contêiners da ADRA, camuflados com falsas doações de medicamentos vencidos e perigoso lixo hospitalar contaminado, para esconder um contrabando milionário de equipamentos eletrônicos.
A denúncia gravíssima é de um juiz federal com investigação da polícia federal argentina, que grampeou telefones dos principais envolvidos. O magistrado suspeita que através desse mesmo “modus operandi” muito mais mercadorias já foram contrabandeadas por esses líderes “escolhidos por Deus” para comandar a União e a Universidade Adventista, nos últimos vinte anos.
A renúncia aos cargos que ocupavam na Organização Adventista por quatro dos acusados nada representa como demonstração de que a DSA não está envolvida no escândalo, seja por omissão ou participação ativa no suposto crime de contrabando, agravado pelo risco de contaminação dos agentes de fiscalização das supostas doações.
Pela ótica do país do jeitinho, todos são inocentes — até o Lula! — enquanto houver possibilidade de recurso da defesa a instâncias superiores, mas na Argentina, neste caso, diante das provas irrefutáveis já coletadas, a presunção é de culpa. Convém, portanto, a DSA colaborar urgentemente com a Justiça do país vizinho no que for possível e, rapidamente, demitir por justa causa os obreiros comprovadamente envolvidos, exigindo que restituam a fiança milionária já paga pela Obra e que apontem os demais envolvidos no esquema a quem essas mercadorias se destinavam e denunciem também aos já beneficiados em contrabandos anteriores perpetrados pela quadrilha. Sim, se de fato agem desse modo há vários anos, formou-se uma quadrilha para a prática de sucessivos delitos!
Os prejuízos à credibilidade da IASD e de sua mensagem no país do Papa e em todo o mundo são irreparáveis e se agravam na medida em que a DSA adota a tática do avestruz, escondendo a cabeça na terra, como se nada tivesse a ver com o que está acontecendo na UA, União Argentina. A mera jubilação compulsória será na verdade uma espécie de prêmio para acusados de graves crimes, que enlamearam mais uma vez a reputação da igreja inicialmente portadora da última mensagem divina à Humanidade.
Que usem suas próprias economias para pagar seus advogados! Afinal, dízimos e ofertas dos membros da IASD deveriam ser santos ao Senhor. Por enquanto, as suspeitas sobre a DSA são apenas de conivência ou cumplicidade. Mas os evidentes desdobramentos do caso podem vir a exigir renúncia e demissões também no âmbito da Divisão.
Afinal, quem garante que a liderança argentina não estivesse contrabandeando esses equipamentos atendendo a interesses e ordens superiores? Um drone de filmagem profissional poderia, por exemplo, atender o Departamento de Comunicação da DSA na cobertura de eventos das uniões brasileiras enquanto o outro serviria para as uniões de fala hispana. E assim por diante…
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