Bíblia de Estudo Andrews quer padronizar e uniformizar compreensão das Escrituras pelos membros leigos da igreja

Bíblia de estudo Andrews-2

O título é pomposo e parece conferir elevado grau de prestígio e um status superior ao portador de uma Bíblia com a “grife” máxima da teologia adventista — Bíblia de Estudos Andrews — porque remete ao principal centro teológico da IASD, a Universidade Andrews, de Berrien Springs, Michigan, EUA. É lá que os melhor sucedidos e renomados pastores adventistas foram pós-graduar-se, retornando faceiros com seus títulos de mestres e doutores em teologia, ministério, missões, etc.

O preço salgado de 130 a 190 reais também ajuda a garantir um público inicialmente mais seleto e especial, padrão VIP, aos compradores dessa nova Bíblia Adventista, que representa uma terceira tentativa de padronizar e uniformizar a interpretaçãoe compreensão das Escrituras, pelos membros leigos da Igreja. Primeiro, foi a Bíblia Edição Maranata, que incluiu em suas páginas roteiros de estudos bíblicos adventistas, no estilo perguntas e respostas. Depois, veio a Clear Word, em inglês, que foi ainda mais longe, alterando o texto bíblico pela inclusão de informações supostamente reveladas a Ellen G. White.

Bíblia para a formatação de leigos

Agora, a pretensão de concluir o divino trabalho de inspiração da Bíblia, complementando-o com 12 mil notas adicionais e outras informações, extrapola todos os limites imagináveis. Chegou a Palavra de Deus, pão do Céu, que já vem mastigada e digerida, pronta para ser engolida sem questionamento. Anotada e comentada por terceiros, a Bíblia de Estudos Andrews, visa obviamente a desestimular o estudo individual e a interpretação pessoal das Escrituras, para evitar novas dissidências e desvios. Primeiro, seduzem com um título estiloso e, por último travam qualquer possibilidade de nova compreensão do texto.

“Tudo isso é para fazer a leitura e compreensão da Bíblia mais acessível e mais fácil”, disfarça Niels-Erik Andreasen, presidente da comissão do projeto à época do lançamento mundial. Segundo o noticiário oficial, Andreasen declarou que os eruditos participantes da redação da nova Bíblia de estudo entenderam claramente que seu trabalho era escrever para leitores leigos. “Esta é uma Bíblia de Estudo prática que o leitor leigo pode realmente empregar para entender a profundidade das Escrituras”, ele disse. “Tentamos trazer luz e profundidade a nosso entendimento da verdade na Palavra de Deus.”

Esse incentivo à “leitura mais aprofundada”, que supostamente nos amplia a compreensão das Escrituras, levando em conta a questão linguística, contextual, histórica, arqueológica e interpretativa, na verdade engessa nosso entendimento do texto bíblico, impondo uma única forma de compressão dotexto bíblico. E o que é pior, insere doutrinas não bíblicas, em espaço muito próximo ao do texto bíblico. Desse modo, o apregoado “material de referência para anciãos, líderes de departamentos, professores e estudantes de Teologia” revela-se contrário, por exemplo, à própria fé do pioneiro adventista J. N. Andrews, que emprestou o nome à nova edição de Estudo.

Andrews anti-trnitariano

Para Andrews, de quem se dizia que sabia toda a Bíblia de cor, embora o negasse dizendo que podia repetir palavra por palavra somente do Novo testamento, a doutrina da Trindade deveria ser incluída entre os enganos do “vinho de Babilônia”, pois destrói a personalidade de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo. Mesmo assim, a Bíblia de Estudos que leva o seu nome, defende desde as primeiras páginas a crença trinitariana, como se fosse bíblica.

“A doutrina da Trindade foi estabelecida na igreja pelo concílio de Nicéia 325 AD. Essa doutrina destrói a personalidade de Deus e seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. A forma infame como foi imposta à igreja, aparece nas páginas da história eclesiástica, que causa aos que acreditam na doutrina corar de vergonha.” J. N. Andrews, The Advent Review, 06 de março de 1855.

“…está tão longe da verdade como a velha e absurda doutrina trinitariana na qual diz que Jesus é verdadeiramente o Deus eterno.” J. N. Andrews, The Advent Review, 05 de agosto de 1852.

Descrentes no poder do Espírito Santo

O maior problema é que entre os futuros leitores dessa Bíblia, com certeza haverá pessoas mais simples e crédulas, que confundirão esses milhares de notas bíblicas adicionais com a própria Bíblia. Desse modo, deixarão de saborear a nutritiva palavra de Deus para engolir a opinião de eruditos e teólogos da universidade de Andrews como se fosse inspirada pelo Espírito Santo em que estes dizem crer.

Dizem crer no Espírito Santo como pessoa e autor das Escrituras, mas não confiam nEle como fonte de iluminação e sabedoria para quem consulta o texto bíblico em sua pureza original. Em nome da ortodoxia e prevenção de dissidências, preferem tentar padronizar a compreensão, induzindo e manipulando tanto o conhecimento quantos as conclusões dos fiéis, como já fazem nas séries de “estudos bíblicos” e Lição da Escola Sabatina.

O tempo em que acreditávamos no sacerdócio universal de todos os crentes e na busca da verdade pelo estudo individual das Escrituras, passou. Talvez Moisés nem seja, de fato, o autor do Pentateuco, como informa a Bíblia de Estudo Andrews! E para compreender essa salada de escritos e autores, é preciso ser erudição teológica ou ler a Bíblia pelos óculos das 12 mil notas de rodapé.

Proibido tirar e acrescentar

Contudo, o próprio Filho de Deus proibiu que se omitisse ou acrescentasse qualquer outro conteúdo,por mínimoque fosse à Palavra de Seu Pai:

“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.” — Mateus 5:18,19.

“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.” — Apocalipse 22:17-19.

Pergunta final

Quanto a Empresa Adventista do Sétimo Dia pretende faturar, vendendo novas Bíblias para quem já as possui?

Pergunte aos redatores da Casa Publicadora Brasileira: Se a publicação da Bíblia em linguagem acessível com notas expliativas e interpretativasé tão essencial, necessária e urgente em nossos dias, por que eles não se preocuparam em lancar uma Biblia com preço acessível a todos?

Sabendo que temos cerca de 3 milhões de adventistas de fala portuguesa, quanto dinheiro arrecadarão se apenas 10% destes comprarem uma Bíblia dessas a um preço médio de 150 reais? Faça as contas: 300.000 X 150 = ?

Sobre Max Rangel

Servo do Eterno, Casado, Pai de 2 filhas, Analista de Sistemas, Fundador e Colunista do site www.religiaopura.com.br.

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2 comentários

  1. Base argumentativa sólida para tudo o que vc afirmou ai? Obviamente citações comentadas parcialmente não comprovam nada, além do mais biblias de estudo semelhante existem a muito tempo, so quero ter certeza que suas afirmações não sejam apenas por causa de uma inimizade pessoal com tal e tal igreja…

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