Em entrevista ao pastor João Flávio Martinez do Centro Apologético Cristão de Pesquisas (CACP), um representante não-identificado do IAGE (Instituto de Agricultura e Evangelismo), que publicou a Bíblia White, informa que não se trata de uma Bíblia com textos “piratas” de Ellen G. White.
Segundo ele, após trinta anos da morte da autora, qualquer um pode traduzir seus textos o inglês e publicar, o que não poderiam seria usar tradução feita pela Casa Publicadora Brasileira. Em sua opinião, o que motiva a insatisfação da CPB e do representante do White Estate, Alberto R. Timm, seria a dor de cotovelo de não terem pensado antes na possibilidade de publicar uma Bíblia em português, com comentários de Ellen G. White.
Pelo White Estate, Timm declara que a Bíblia White é “desautorizada e ilegítima”. “Os autores (IAGE) dizem que agiram legalmente e a IASD não tem do que reclamar… Ou seja, está instaurada uma guerra interna no adventismo,” conclui Martinez.
ESCLARECIMENTOS OFICIAIS SOBRE A BÍBLIA WHITE
Diante do surgimento e divulgação da publicação chamada Bíblia White, a Igreja Adventista do Sétimo Dia quer esclarecer alguns aspectos referentes a traduções e ao uso de textos de Ellen G. White. Inclusive como notas, em forma de comentários, e sobre a criação de títulos que induzem a interpretações fora de contexto. A intenção é responder a questionamentos de quem tomou conhecimento da existência do material, que não é produzido e nem recomendado pela Igreja. Ela consiste em uma versão da Bíblia com comentários de trechos dos escritos de Ellen G. White. O texto a seguir oferece orientação nas áreas teológica, administrativa e legal, e mostra as implicações de tal iniciativa.
(1) Aspectos teológicos
Pelo menos dois aspectos principais preocupam em uma publicação deste tipo. O primeiro deles é quanto ao uso de uma tradução (Almeida Antiga) com alteração de diversos versos da Bíblia. É o caso de Lucas 23:43, em que o texto apresentado na chamada Bíblia White adiciona uma pontuação diferente da utilizada na versão adotada, que, embora favoreça a teologia adventista, significa adulteração do conteúdo. O alicerce para tal entendimento por parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia se dá em comparação com outros versos da própria Bíblia, que acabam por explicar o uso correto da ênfase que Jesus deu.
Em Apocalipse 22:19, há a substituição da expressão “árvore da vida” por “livro da vida”. Em Mateus 28:19, o termo “fazer discípulos” desaparece na versão da chamada Bíblia White. E é substituída por “ensinar”. Em Isaías 8:20, o trecho final do versículo “jamais verão a alva” é trocado, na versão da chamada Bíblia White, por “é porque não há luz neles”. Em 1 João 5:18, enquanto versões bem aceitas, como a Almeida Revista e Atualizada, indicam que a pessoa nascida de Deus não vive pecando ou na prática do pecado, a chamada Bíblia White registra que a pessoa “não peca”, o que mostra uma tendência teológica perfeccionista contrária à mensagem do capítulo 1:8-10 da própria carta de João.
Segundo alguns dos organizadores do material, a única versão não adulterada das Escrituras é a chamada Bíblia White. Isso não representa o pensamento de Ellen G. White, nem da Igreja Adventista do Sétimo Dia em nível mundial. Há evidências, por outro lado, quanto aos métodos equivocados utilizados por aqueles que produziram a obra e entenderam que tinham autorização e autoridade para modificar o sentido de diferentes trechos da Bíblia.
A chamada Bíblia White demonstra essa falta de cuidado na anotação dos textos bíblicos a partir de citações de Ellen G. White. Os editores selecionaram citações dela sem levar em conta o contexto. Também não consideraram outros textos da autora que dão uma perspectiva mais completa do tema abordado. Títulos foram inseridos na publicação para direcionar a interpretação dos textos de acordo com a posição dos produtores do material. Isso expõe desnecessariamente a Igreja Adventista do Sétimo Dia, intensifica o espírito de crítica e produz divisão.
A obra de Ellen G. White é muito ampla e diversa. Por isso, sem um trabalho hermenêutico (de interpretação), corre-se o sério risco de descontextualizar suas ideias e usá-las dentro de uma visão particular para fins não pretendidos pela autora.
Por isso, a Igreja Adventista do Sétimo Dia vê com preocupação o uso parcial e tendencioso de trechos de Ellen G. White em diferentes comentários para justificar pontos de vista específicos sobre conceitos teológicos. Isso ocorre, por exemplo, nos comentários de textos de Mateus 5:48 (com uma ideia distorcida sobre perfeição cristã); 2 Crônicas 6:13 (interpretação particular sobre a oração de joelhos, não amparada nos textos de Ellen G. White nem na prática cristã da autora) e Romanos 8:3 (visão não bíblica sobre o ensino da natureza humana de Jesus Cristo).
(2) Aspectos administrativos
Os Adventistas do Sétimo Dia são conhecidos no mundo cristão por não possuírem traduções particulares da Bíblia, e oficialmente essa não é a forma de agir da Igreja, mesmo considerando o fato de que os escritos de Ellen G. White ampliam o entendimento sobre diversos pontos do relato bíblico.
Em todos os materiais produzidos e divulgados, a Igreja Adventista tem reforçado que se vale das mais diferentes versões disponíveis das Sagradas Escrituras. Ressalta, ainda, que nunca foi procurada por quaisquer pessoas ou grupos para dialogar e buscar orientação sobre a produção de uma Bíblia específica com comentários de Ellen White. A organização adventista entende que esse seria o caminho adequado.
(3) Aspectos legais
A Casa Publicadora Brasileira, editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil, é a única autorizada pelos depositários legais dos escritos de Ellen G. White a traduzir seus escritos para a língua portuguesa no país. Isso significa que pode supervisionar tecnicamente as traduções e garantir a preservação do conteúdo original das obras. Portanto, terceiros não possuem autorização para realizar traduções.
Em seu testamento, datado de 1912, Ellen G. White registrou claras orientações sobre os responsáveis pelos direitos dos seus livros. No quarto ponto, ela cita vários livros cujos direitos autorais foram deixados aos cuidados do filho, William C. White. Já no quinto ponto, os direitos de outra parte dos livros são deixados aos cuidados de William C. White, Clarence Crisler, Charles Jones, Arthur Daniells e Frank Wilcox.
Ellen White estabeleceu e nomeou este grupo de pessoas que ficaram responsáveis pelo cuidado dos escritos, divulgação em outros idiomas e produção de novas compilações.
Um documento da sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, intitulado GC Working Policy 2018-2019, na parte GE 1510, afirma que, “como uma organização legal, o Ellen G. White Estate está autorizado a deter direitos autorais de todos os livros de Ellen G. White. O Conselho de Depositários de Ellen G. White concede permissão para o uso de escritos da escritora e atua em planos que envolvem a publicação de materiais de Ellen G. White ou obras tiradas em grande parte dos seus escritos”. Na seção GE 10, o mesmo documento legisla que “os escritos de Ellen G. White não devem ser reproduzidos sem a permissão por escrito dos depositários do Ellen G. White Estate”. O Ellen G. White Estate é a instituição da Igreja Adventista do Sétimo Dia responsável pelo patrimônio literário da autora.
Por fim, a Igreja Adventista do Sétimo Dia respeita o direito que qualquer pessoa possui de pensar e se expressar de maneira diferente. Mas, ao mesmo tempo, ressalta que, por conta dos argumentos apresentados, não recomenda o uso da publicação chamada de Bíblia White.
Assessoria de Comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul
Para saber mais:
Sobre posição, linguagem e comportamento em orações:
Sobre traduções da Bíblia
Sobre hermenêutica e os escritos de Ellen White:
Sobre a relação entre os escritos de Ellen White e a Bíblia:
Ellen White usou outras Bíblias além da King James Version?
O Testamento de Ellen G. White:
http://www.centrowhite.org.br/ellen-g-white/testamento-de-ellen-g-white-09021912/
Fonte: https://noticias.adventistas.org/pt/notas-oficiais/esclarecimentos-sobre-a-biblia-white/
Não comungo com o whitismo encontrei algumas contradições e afirmações antibíblicas
Nos também nao comungamos.
Ou se crê na bíblia ou em Ellen White.