A escola ‘Águia de Ouro’ (SP) trabalhou o tema “Ave Maria Cheia de Faces”, no que afirmou ser uma “homenagem” à personagem cristã. Porém o sincretismo religioso entrou em cena mais uma vez, ao “falar das diversas mães e divindades que reforçam a figura da maternidade, como Ísis, no Egito, Ártêmis, na Grécia, e Vênus, em Roma”
No último sábado (6), a escola de samba ‘Águia de Ouro’ se apresentou no sambódromo do Anhenmbi (SP), com um enrendo um tanto polêmico. Em um desfile que tem sido chamado de ‘samba-procissão’, o grupo trabalhou o tema “Ave Maria Cheia de Faces”, no que afirmou ser uma “homenagem” à personagem cristã e também expôs cenas que ilustravam Jesus Cristo açoitado, sendo levado pelos soldados romanos e também acalentado pela mãe.
Segundo informações da rede Globo, a escola atendeu a um pedido da Igreja Católica, deixando de exibir personagens nus – o que não impediu, porém a pouca roupa de suas dançarinas.
Apesar da dita “homenagem à mãe de Jesus”, mais uma vez o sincretismo religioso entrou em cena. Segundo os próprios carnavalescos Amarildo de Mello e André Marins, a proposta era “falar das diversas mães e divindades que reforçam a figura da maternidade como Ísis, no Egito, Ártêmis, na Grécia, e Vênus, em Roma”.
Além da exposição de cenas que representavam Jesus Cristo e Maria, a escola ainda fez uso de uma comissão de frente, com 13 bailarinas, que representavam sacerdotisas. Durante a apresentação, uma bailarina que ‘representava Nossa Senhora’ saiu de um caldeirão, surpreendendo (e provavelmente, chocando) a muitos.
.
“Alabê de Jerusalém” no RJ
O sambódromo de São Paulo não foi o único local que serviu de palco para cenas polêmicas, envolvendo elementos do cristianismo. Na Marquês de Sapucaí (Rio de Janeiro), a escola Unidos do Viradouro também fez uso da imagem de Jesus Cristo para contar a história do “Alabê de Jerusalém” – um personagem africano, que tocava atabaques para atrair orixás e se “converteu aos ensinamentos de Cristo” após ouvir o Sermão do Monte, mas segundo o autor de sua história, o personagem Ogundana tornou-se uma entidade espiritual e volta, 2000 anos depois, para contar a sua história, recheada de sincretismo religioso.
Segundo a ‘Unidos do Viradouro’, a proposta da temática era “combater a intolerância religiosa.
Segundo o ex-ator de “Malhação”, Paulo Dalagnoli, ele buscou desempenhar o papel de Jesus Cristo “com respeito” e buscou a orientação de um padre.
“É uma das maiores figuras da história da humanidade. Eu fui buscar orientação para não ferir a religião. Mas o padre afirmou que se eu interpretasse com respeito que Ele merece, não teria problema. É uma homenagem”, afirmou o ator.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO G1
.
Contextualização
Longe de combater a intolerância religiosa ou levar uma mensagem de paz e esperança para o público. Ambas as escolas de samba (‘Águia de Ouro’ e ‘Unidos do Viradouro’) parecem ter mais incitado as críticas contra os seus enredos.
A aparente ‘necessidade’ de misturar os elementos do cristianismo com os de tantas outras religiões / culturas, como egípcia, grega e africana como algo “aceitável” soa, no entanto, como uma proposta desrespeitosa com relação ao próprio cristianismo, que se baseia em ensinamentos que levam à adoração a um único Deus.
A exemplo disto, é possível encontrar em passagens, como as do Novo Testamento, trechos nos quais o próprio Jesus Cristo afirma que não há uma diversidade de caminhos que levam à salvação (João 14.6; Mateus 6.24; Mateus 7.14).