A lista das coisas que Deus nunca prometeu é enorme. A criatividade duvidosa dos vendedores da fé ultrapassa todos os limites. Prometem o que Deus nunca prometeu, vendem o que Ele nunca comprou e dizem – em nome de Deus – o que o próprio jamais disse. Esse é o estelionato religioso, produto mercadológico dos “irmãos Metralhas” da celestialidade bandida.
Quantas vezes você já ouviu um pregador prometer milhões de coisas antes de pregar? Aí pergunto: e se Deus não quiser fazer nada naquela noite? Quem poderá forçá-lo a fazer? Por causa do surto milagromaníaco que invade as igrejas/empresas da autoajuda sagrada de hoje, esses camelôs eclesiásticos insistem em vender quinquilharias religiosas aos moribundos psicológicos que frequentam os shoppings/templos cotidianos.
Virou mania chamar para si prerrogativas divinas. Já não basta ser apenas um homem de Deus, é preciso ser uma espécie de super-herói, de quebra-galhos divino, um mágico celestial que confunde Deus com um gênio da lâmpada. Muitos preferem ser uma espécie de anjo Gabriel com surto de idiotice a ser gente de Deus andando na terra sobre o chão da humildade.
Deus nunca prometeu facilidades. A vida cristã é caminho de cruz. É andar nas trilhas íngremes das tribulações. É aprender a morrer. Jesus chama seus discípulos e avisa: “Vou rogar ao Pai e ele vai enviar outro Consolador” (Jo. 14. 16). Ora, consolo não é para quem está na festa, no shopping ou no parque de diversões, mas para quem está no luto, na crise, na dor. Essa é a promessa que Jesus fez: Preparem-se para as perdas! O Consolador é uma certeza!
Deus nunca prometeu sucesso em tudo. Principalmente o sucesso sob o ponto de vista da sociedade estranha de hoje. Sucesso para Deus é um retorcido numa cruz salvando o mundo de seus pecados! A lista das bem-aventuranças mostra o tipo de gente que Jesus abençoou com o adjetivo “Felizes”: pobres de espírito, os que choram, mansos, famintos e sedentos por justiça, misericordiosos, puros de coração, pacificadores, sofredores e os injuriados e perseguidos pela causa de Cristo (Mt. 5. 3-11). Ou seja, dessa lista exclui-se grande parte dos líderes religiosos dessa igreja/circo da atualidade.
Deus nunca prometeu uma série de outras coisas que se inventam todos os dias nas igrejas. Por exemplo, ele nunca prometeu compensação imediata em troca das ofertas (o próprio termo “ofertar” já implica um doar desinteressado). Ofertas, na Bíblia, sempre vêm acompanhadas de sacrifício (viúva pobre, por exemplo (Lc. 21. 1-4)). Hoje, oferta-se não mais com a dor do sacrifício, mas com a ansiedade do retorno. Já não é oferta, mas investimento no banco da celestialidade.
Não quero as promessas dos empresários de deus. Quero permanecer firme nas promessas do meu salvador. Principalmente na maior de todas:“Eis que venho sem demora” (Ap. 22. 12).
Alan Brozotti