Era uma ceia de Páscoa, a festa judaica que celebra a libertação do Egito. Jesus se utiliza de seus elementos para trazer grande ensinamento sobre si, em relação à humanidade e sobre seus discípulos, no relacionamento com o próximo, além de estabelecer ali um memorial de sua morte, compreendido de forma muito superficial por muitos de nós, que muitas vezes literalizamos o que é para ser figurado e figuramos o que é para ser literal. Talvez aí resida parte de nossas confusões teológicas.
Jesus afirma que seu corpo está sendo dado a nós, compartilhado, repartido. Ora, Ele, que era filho Unigênito (único), agora passa a ser o Primogênito (primeiro dentre muitos). Logo, Ele repartiu TUDO o que tinha como Filho Único: a paternidade do Pai (Jo 3.16), a Sua glória (João 17.22), o poder de Seu reino (Lc 10.19), sua herança (Rm 8.17), etc.
Portanto não podemos compreender este versículo apenas como uma ordenança de culto onde se estabelece mais um cerimonial. Definitivamente, Cristo está dizendo em outras palavras: “Gente, prestem atenção em mim, eu dei tudo o que tinha pra vocês, reparti minha herança, dei a mesma autoridade a vocês que recebi de meu Pai, compartilhei a paternidade com vocês, atendi vocês em suas necessidades, então vou pedir uma coisa muito séria a vocês: façam o mesmo com o próximo”.
“fazei isto em memória de mim” é repetir seus comportamentos intrínsecos em sua frase, e não apenas picar um pão, distribuir e mistificar isto, tornando uma prática cerimonial, em detrimento desta práxis cristã de partilha.
Ora, ao analisarmos o estilo de vida da Igreja primitiva em Atos, podemos observar com clareza que “partir o pão”, ou seja, repartir-se com o próximo era algo comum, e eles perseveravam nisso (At 2.42). Esta prática proporcionava saúde social à igreja, pois ninguém padecia qualquer tipo de necessidade.
A consciência deles era que, assim como Cristo os fez participantes de tudo que era Seu, eles também assim o faziam, pois está registrado que “Ninguém considerava exclusivamente seu os bens que possuía, mas todos compartilhavam tudo entre si” (Atos 4.32). Que igreja linda!
Creio que não temos discernido o REAL corpo de Cristo, que somos nós mesmos. Talvez esta prática cerimonial tenha adormecido em nossos corações o amor ao corpo de Cristo, sendo negligentes com suas necessidades mais básicas. Além disso, há muita contenda e discórdia entre o povo de Deus. Isto é perigoso, pois, se Ele apagou nossas transgressões, perdoando-nos totalmente, é obvio que o mínimo que Ele espere de nós seja o mesmo.
O apóstolo João demonstra ter compreendido muito bem a ordenança de Jesus acerca da partilha e serviço, quando escreve: “Nisto conhecemos todo o significado do amor: Cristo deu a sua vida por nós e DEVEMOS DAR A NOSSA VIDA POR NOSSOS IRMÃOS” (1 João 3.16).
Forte não é? Mas é o básico da vida cristã que devemos viver e tenho percebido ao longo dos anos que isso está sendo substituído por cerimonialismo cultual e tradicionalismo religioso, na literalidade daquilo que o Mestre apenas figurou.
Não estou aqui condenando os cultos de Ceia do Senhor, mas estou reafirmando-o, com sua originalidade de sentimento e motivação, aplicados cotidianamente na vida de nosso próximo.
Que venhamos a obedecer nosso Mestre e Senhor, amando nosso próximo nesta profundidade proposta por Ele.
…”Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, então, se assentará em seu trono na glória nos céus. Todas as nações serão reunidas diante dele, e Ele irá separar umas das outras, como o pastor separa os bodes das ovelhas. E posicionará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.
Então, dirá o Rei a todos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, abençoados de meu Pai! Recebei como herança o Reino, o qual vos foi preparado desde a fundação do mundo. Pois tive fome (sede, necessidades, dor, solidão e vocês me atenderam), e me destes de comer, tive sede, e me destes de beber; fui estrangeiro, e vós me acolhestes. Quando necessitei de roupas, vós me vestistes; estive enfermo, e vós me cuidastes; estive preso, e fostes visitar-me’. Então, os justos desejarão saber: ‘Mas, Senhor! Quando foi que te encontramos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te saciamos? E quando te recebemos como estrangeiro e te hospedamos? Ou necessitado de roupas e te vestimos? Ou ainda, quando estiveste doente ou encarcerado e fomos ver-te?’. Então o Rei, esclarecendo-lhes responderá: ‘Com toda a certeza vos asseguro que, sempre que o fizestes para algum destes meus irmãos, mesmo que ao menor deles, a mim o fizestes’.
Mas o Rei ordenará aos que estiverem à sua esquerda: ‘Malditos! Apartai-vos de mim. Ide para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Porquanto tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e nada me destes de beber. Sendo estrangeiro, não me hospedastes; estando necessitado de roupas, não me vestistes; encontrando-me enfermo e aprisionado, não fostes visitar-me’. E eles também perguntarão: ‘Mas Senhor! Quando foi que te vimos com fome, sedento, estrangeiro, necessitado de roupas, doente ou preso e não te auxiliamos?’ Então o Rei lhes sentenciará: ‘Com toda a certeza vos asseguro que, sempre que o deixastes de fazer para algum destes meus irmãos, mesmo que ao menor deles, a mim o deixastes de fazer’. Sendo assim, estes irão para o sofrimento eterno, porém os justos, para a vida eterna”… ◄ Mateus 25:31-46 ►
Obrigado Max Rangel por compartilhar este texto. Que a mão de nosso bom Deus esteja sobre você, família, sonhos e projetos. Fraterno abraço.
Pr Douglass Suckow
Paz seja contigo Douglass.
Que o Eterno continue lhe abençoando, também sua família.
Fraternalmente,
Max Rangel
Amémmmmmmm 😍😇