SEGUNDO A BÍBLIA:
A REBELIÃO DE LÚCIFER CONTRA A LEI DE DEUS
A Bíblia revela que houve outrora harmonia e total lealdade ao Criador nas cortes celestes. Os anjos do Senhor ali viviam triunfantes, em gozo santo e em delícias. Louvavam e serviam continuamente ao seu Autor. Mas eis que uma nota dissonante se fez ouvir em meio aos gloriosos acordes e aleluias. Partira exatamente do regente da magnífica orquestra celeste, um ser glorioso e de excepcional poder e beleza. Ocupava, ele, cargo assaz elevado na hierarquia universal. Era o “querubim da guarda ungido” que permanecia “no monte santo de Deus (…) em meio ao brilho das pedras”, e que se comparava à “estrela da manhã” e a um “filho da alva”.
Lúcifer, o portador de luz, permitiu que sua formosura o embriagasse por tal modo que pretendeu situar-se acima do próprio Altíssimo. “Subirei ao Céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono (…) subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”, arquitetava intimamente. Assim, negava pela primeira vez na História do Universo os justos princípios da lei divina ao amar mais a si do que a Deus. Desrespeitava a proposição dessa lei quanto à relação criatura-Criador: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento”.
A rebelião de Lúcifer contra a lei de Deus criara raízes bastante profundas no seu coração. Logo, passou a afetar também os demais anjos, criaturas de Deus como ele, fazendo-os desconsiderar também a santa norma, e perturbando o relacionamento entre aqueles que anteriormente desconheciam quaisquer outros sentimentos entre si que não fossem baseados no amor ao próximo e no amor a Deus.
Lançando a campanha subversiva, “o filho da alva”, a “estrela da manhã” atraiu, por seu resplendor e influência, “a terça parte das estrelas do Céu”. Fez, em seu egoísmo, com que um terço dos anjos rompessem o elo de perfeita obediência que os prendiam a Deus e aos demais que Lhe permaneceram leais. Começou, portanto, sua escalada descendente não amando a Deus sobre todas as coisas, o que o conduziu a também não amar seus semelhantes como a si mesmo. Bem disse o salmista que “um abismo chama outro abismo”.
Nessas circunstâncias, “houve peleja no Céu”. E “pelejaram o dragão (ex-Lúcifer) e seus anjos; todavia não prevaleceram; nem mais se achou o lugar deles”. A justiça derrotou a injustiça; a verdade triunfou sobre a falsidade!
Ele “jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”. Assim Cristo o descreveu muitos milhares de anos após sua queda – pelo menos depois de aproximadamente 4.000 anos de história humana.
A batalha no Céu representou apenas um lance na grande guerra que prossegue através dos séculos. E a Terra tem sido a grande arena onde se travam os tremendos combates entre o bem e o mal.
Portanto, desde quando existe a lei de Deus? A resposta parecerá bem clara a esta altura: desde a eternidade, pois sendo que “pecado é transgressão da lei” e diante do fato de que “onde não há lei, também não há transgressão” conclui-se que o primeiro a pecar, desobedecendo aos termos da divina constituição, foi Lúcifer. Desgraçadamente, ele fez com que tantos anjos como homens o acompanhassem em sua iniquidade. Estes, em consequência disso, conheceram a morte e o sofrimento. “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”.
Quando, no Jardim do Éden, Satanás conseguiu tentar e atrair Adão e Eva para o seu lado, ele pensou que eles e seus descendentes (você e eu) seriam seus escravos para sempre. Mas Deus interferiu no plano de Satanás, enviando Jesus para nos libertar. Essa é uma das razões por que Jesus morreu na cruz.
Hoje, cada ser humano tem a oportunidade de se colocar ao lado de Deus. Aqueles que assim o fizerem estarão assegurando para si mesmos a vida eterna e um lugar para sempre no reino de Deus.
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SEGUNDO A HISTÓRIA SECULAR:
Se alguém te pedisse para imaginar o diabo, provavelmente viria à mente um demônio com um tridente nas mãos. No entanto, por centenas de anos, o diabo cristão não foi retratado pela arte religiosa e, quando finalmente surgiu, era azul e não tinha chifres ou cascos.
A imagem mais familiar para nós surgiu pelas mãos de gerações de artistas e escritores que pegaram o pouco que é dito pela Bíblia sobre Satanás e o reinventaram ao longo do tempo.
A Bíblia diz que Satanás era o maior adversário de Deus. Na Bíblia judaica, o diabo é apenas outro agente subordinado a Deus, um anjo do mal, uma alegoria que simbolizava a inclinação maligna dos homens e mulheres. Esse personagem foi desenvolvido pelos cristãos até transformá-lo em uma representação da maldade suprema.
A doutrina cristã diz que Satanás assumiu a forma de uma serpente e tentou Eva no Jardim do Éden, mas não há nenhuma menção ao diabo no livro Gênesis. Foi só mais tarde que os cristãos interpretaram a serpente como uma encarnação de Satanás.
Também acredita-se que Satanás foi expulso do céu após desafiar a autoridade de Deus. Porém, na Bíblia, um personagem misterioso é expulso após rebelar-se contra Deus. A caracterização de Satanás como um anjo caído deriva dessa tradição.
A imagem de um Satanás que governa o inferno e inflige tortura e castigo aos pecadores também não encontra correspondência no texto sagrado. O livro das Revelações profetiza que Satanás será enviado ao inferno, mas sem qualquer estatus especial e sofrendo as mesmas torturas que os demais pecadores.
As faces do diabo
Nos primeiros séculos do Cristianismo, não havia muita necessidade de representar o mal na arte religiosa. Os cristãos acreditavam que os deuses pagãos rivais, como o egípcio Bes e o grego Pan, eram demônios responsáveis por guerras, doenças e desastres naturais.
Cem anos depois, quando o diabo apareceu na arte ocidental, algumas representações incorporaram os atributos físicos destes deuses, como o pêlo facial de Bes e as patas de cabra de Pan.
Anos 1260 ~ O diabo medieval
Na idade média, surgiu o retrato de Satanás mais reconhecível. Foi uma época de muito sofrimento, que ficou ainda pior com o surto de peste negra, a epidemia mais devastadora da história humana, com milhões de mortos na Europa.
Como a Igreja não podia proteger os fiéis da doença, as representações de Satanás centraram-se nos horrores do inferno, refletindo o ânimo do momento e lembrando por que não se devia pecar.
Anos 1530 ~ Propaganda endiabrada
Há uma longa tradição de associar o diabo aos inimigos do Cristianismo dentro e fora da Igreja.
Quando ela se dividiu durante a Reforma, católicos e protestantes se acusaram mutuamente de estarem sob a influência do diabo com propagandas jocosas e grotescas sobre esta corrupção.
Anos 1500-1600 ~ Feitiços e sedução
No início do período moderno, pessoas eram acusadas de fazer pactos com o diabo e praticar bruxaria. Satanás era frequentemente representado como um sedutor e se achava que as mulheres eram especialmente vulneráveis a seus encantos.
Imagens mostravam mulheres em atos sexuais com o diabo, por elas serem consideradas o sexo frágil e mais propensas a caírem em pecado por serem incapazes de dominar seus desejos carnais.
Se Satanás conseguia corromper o corpo femino, era uma ameaça à segurança familiar, à santidade e até mesmo à fertilidade da comunidade.
Anos 1600-1800 ~ Um diabo iluminado
Os escritores e pensadores iluministas reinterpretaram a história do diabo para que se ajustasse às preocupações políticas da época. John Milton descreveu um Lúcifer psicologicamente complexo no poema Paraíso Perdido, que conta a queda em desgraça de Satanás.
Enquanto os textos religiosos anteriores haviam examinado a motivação de Satanás para condená-lo, o Lúcifer de Milton é um personagem atraente e solidário que encarna os sentimentos de rebeldia do republicanismo do século 17.
Para alguns artistas românticos e iluministas, Satanás era um nobre rebelde que travava uma batalha contra a autoridade tirânica de Deus.
Anos 1900-2000 ~ Animal político
Quando a ciência conseguiu explicar a morte, as doenças e os desastres naturais, a figura do diabo ficou ameaçada. Havia lugar no mundo laico para Satanás?
Foi quando um diabo urbano e sofisticado entrou em cena. Seguindo uma tradição de identificá-lo com inimigos políticos e religiosos, o diabo foi usado para ilustrar a oposição política por meio de caricaturas e sátiras.
Além disso, Satanás encontrou seu lugar no mundo comercial, tornando-se sinônimo de excessos pecaminosos, aparecendo em propagandas para vender desde chocolate e champagne até carros de luxo.
FONTE: BBC BRASIL