O Dr. George Knight, professor emérito de História da Igreja na Universidade Andrews (EUA), é um destacado historiador, autor e educador adventista. Ele é considerado o autor adventista mais vendido nos últimos 30 anos e é uma das vozes mais influentes da denominação. Este é o resumo em português dessa pregação feita em 2015 por ele:
1. A ordenação não é um conceito bíblico (é um conceito católico pós-bíblico).
2. A imposição de mãos é um conceito bíblico, mas as pessoas que a receberam “já haviam recebido sua comissão do próprio Deus, e a cerimônia da imposição das mãos não acrescent[ava] nova graça ou especial qualificação”. Era simplesmente um reconhecimento humano de que Deus tinha chamado a pessoa (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 161).
3. Depois dos tempos bíblicos, a Igreja Católica começou a associar a imposição de mãos com a “ordenação”. Mas eles compreendiam a ordenação de forma muito diferente de nós.
4. A visão protestante é que a “ordenação” é meramente um reconhecimento simbólico externo do chamado (comissionamento) que Deus faz a uma pessoa.
5. A visão católica romana é que a “ordenação” confere poder miraculoso sobre um sacerdote para transubstanciar (transformar) o pão e o vinho no corpo e sangue de Cristo e para perdoar pecados.
6. O trabalho de um pastor consiste em pregar a Palavra de Deus e amar o Seu povo (2Tm 4:1, 5).
7. Quem decide quem pode ser um pastor? Cristo concede dons espirituais, inclusive o dom de pastorear (e esses dons não possuem distinção de gênero) (Ef 4:8, 11-13). A Bíblia apresenta vários exemplos de profetisas e pregadoras do sexo feminino.
8. Somente o Espírito Santo decide como distribuir os dons espirituais (1Co 12:4, 7, 11, 28).
9. A imposição de mãos apenas reconhece publicamente o que o Espírito Santo já havia feito (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 161).
10. O voto na assembleia da Associação Geral de 2015 não decidirá se mulheres poderão ser ministras (pastoras). A Associação Geral já aprovou mulheres ao ministério em 1990, e a Bíblia possui vários exemplos de mulheres atuando no ministério. [Também não decidirá se mulheres poderão ser ordenadas, porque anciãs e diaconisas já o são.]
11. As mulheres sofriam discriminação na cultura dos tempos bíblicos. Elas eram tratadas como propriedade. Os que argumentam que não havia sacerdotes do sexo feminino também devem considerar que não havia sacerdotes de outras etnias. Mas Jesus criou um novo sistema no qual não há nem judeu nem grego, nem homem nem mulher – onde todos os crentes são um em Cristo (Gl 3:28). [Existem respostas e argumentos bem mais sólidos sobre essa questão; veja outros materiais neste site.]
12. Em 1 Timóteo 3:2, Paulo afirma que o bispo (ou pastor) deve ser “marido de uma só mulher”. Essa é uma orientação contra a fornicação e a poligamia, não uma indicação de que apenas homens podem ser ministros. Jesus e Paulo não eram casados. [A discussão sobre essa passagem se deve ao fato de que as traduções em inglês costumam dizer “marido de uma mulher”.]
13. A ordenação de mulheres é um ‘problema’ apenas se você defende uma compreensão católica da ordenação como acréscimo de poder espiritual. Mas, para nós, a ordenação é meramente um reconhecimento do que já ocorreu no Céu, onde Deus chamou a pessoa. Os que se opõem à ordenação de mulheres estão simplesmente confusos sobre a definição bíblica de ‘ordenação’ (ou imposição de mãos).
14. A Associação Geral já aprovou a atuação de mulheres no ministério há 25 anos. Ministros (pastores) homens e mulheres já recebem a imposição de mãos. A única diferença é que os homens são chamados de “ordenados” e as mulheres são chamadas de “comissionadas”. É apenas um jogo de palavras, porque ministros homens e mulheres desenvolvem exatamente o mesmo trabalho, e os dois termos significam a mesma coisa.
15. Deus é quem ordena uma pessoa ao ministério. A ‘ordenação’ humana não muda coisa alguma; simplesmente dá reconhecimento público e um certificado impresso.
16. Sendo que ordenação e comissionamento são a mesma coisa, e nossos pastores homens e mulheres já realizam o mesmo trabalho, não há razão para diferenciar entre os termos “ordenado” e “comissionada” em seus certificados.
17. É especialmente surpreendente que os adventistas estejam debatendo esse assunto, já que o ministro mais influente da história adventista era uma mulher. [A partir de 1884, Ellen White foi listada como “ministra ordenada” no anuário da Associação Geral – embora nunca tenha sido ordenada por mãos humanas, mas por Deus.]
18. A confusão e o debate sobre a ‘ordenação’ terminariam se nos livrássemos de uma visão católica sobre a ordenação e aceitássemos a compreensão bíblica.