por Jobson Salustriano Gouveia
Índice
1 – Introdução
2 – A doutrina da Trindade à luz da Bíblia
3 – A promessa do “Consolador”
4 – O Espírito divide os dons como lhe apraz
5 – O Espírito “geme e intercede”
6 – O Espírito Santo perscruta as profundezas de Deus e ensina
7 – O “Espírito” se entristece
8 – O “Espírito” fala e dirige a igreja
9 – Espírito dos profetas
10 – A fórmula batismal
11 – A “santificação do Espírito”
12 – O pecado contra o Espírito Santo
13 – O Espírito Santo e o ministério dos anjos
14 – Reflexão final
Introdução
A fim de realizarmos um estudo aprofundado de qualquer doutrina, faz-se necessário conhecer o que esta afirma, compreender quais são suas premissas, verificar quais são os textos bíblicos que a apoiam, e então analisá-los à luz da Bíblia, a fim de verificar se a interpretação dos mesmos está de acordo com os princípios de exegese bíblica.
A exegese (análise) de qualquer texto bíblico deve ser feita levando-se em consideração algumas premissas que nos ajudarão a evitar obter uma interpretação errônea. De uma forma geral, as regras a serem consideradas são as seguintes:
A – Nunca se deve abrir a Bíblia sem antes orar a Deus e pedir Sua orientação para que possamos compreender o assunto o qual pretendemos estudar. Aquele que deu a inspiração aos profetas e que é o Originador das informações contidas nas Santas Escrituras sabe como nos conduzir pelo estudo para que compreendamos as verdades bíblicas.
B – Ao buscar entendimento de uma passagem bíblica, devemos procurar harmonizar o entendimento desta com o entendimento que já se possui de outras passagens. Um texto bíblico não pode contradizer a outro texto bíblico; assim sendo, o entendimento de um texto pode apenas nos dar uma informação complementar sobre o entendimento de outro texto bíblico.
C – O entendimento de um texto bíblico deve se harmonizar com o contexto histórico circundante. Os costumes e dizeres da época em que viveu o autor de determinado trecho da Bíblia influenciavam as palavras e as expressões que o profeta utilizava para escrever as verdades reveladas por Deus.
Assim, conhecê-los se faz importante para facilitar a compreensão do texto bíblico analisado.
D – Uma passagem bíblica deve ser entendida dentro do seu contexto imediato e amplo. Um texto sem seu contexto pode servir de pretexto para afirmar alguma coisa errada. Assim, ao analisar um texto bíblico, é importante considerar a ideia apresentada pelo capítulo no qual este verso está inserido, bem como a ideia dos capítulos adjacentes, quando estes também fazem parte do contexto que inclui o verso a ser analisado.
Exemplificando isto, podemos citar os capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, que trazem as cartas às sete igrejas. Para se analisar, por exemplo, Apocalipse 3:3, podemos considerar como contexto imediato deste verso os capítulos 2 a 3 deste livro. Isto porque Apoc. 3:3 trata das cartas às sete igrejas, e estes dois capítulos possuem informações correlatas a Apoc. 3:3, que auxiliam a sua compreensão.
E – Um texto bíblico deve ser entendido dentro do seu máximo sentido literal, a menos que este apresente um símbolo. Quando a Bíblia apresenta uma palavra como um símbolo, este deve ser explicado pelo seu próprio contexto, caso contrário devemos entender a palavra dentro do seu máximo sentido literal.
Cada passagem deve ser interpretada de acordo com os princípios de interpretação bíblica, para que compreendamos seu correto significado. Assim, a fim de verificarmos se a doutrina da Trindade possui ou não base bíblica, teremos que primeiramente entender quais são as premissas que ela afirma e em seguida analisar os textos usados para apoiar as premissas afirmadas por esta doutrina segundo os princípios de interpretação bíblica. Caso o entendimento bíblico dos textos usados para apoiar as premissas afirmadas pela Trindade se confirme, poderemos então afirmar que esta doutrina possui base bíblica.
Se, todavia, a exegese dos textos bíblicos nos levar a um entendimento diferente das premissas afirmadas pela doutrina da Trindade, seremos obrigados a rejeitá-la por não encontrarmos base bíblica que a apoie. Isto porque a Bíblia, e a Bíblia somente, deve ser utilizada como nossa única regra de fé.
As Escrituras Sagradas, o Antigo e Novo Testamentos, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina, através de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo. … As Escrituras Sagradas são a infalível revelação de Sua vontade.Constituem o padrão do caráter, a prova da experiência, o autorizado revelador de doutrinas e o registro fidedigno dos atos de Deus na História. (II Pedro 1:20 e 21; II Tim. 3:16 e 17; Sal. 119:105; Prov. 30:5 e 6; Isa. 8:20; João 17:17; I Tess. 2:13; Heb. 4:12.)”
2. A doutrina da Trindade à luz da Bíblia
Nesta série de estudos, vamos analisar a doutrina da Trindade de acordo com a Bíblia. Para tanto, vamos saber primeiramente o que diz a doutrina da Trindade.
“Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas co-eternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele é infinito e está além da compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua auto-revelação. É para sempre digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a criação. (Deut. 6:4; Mat. 28:19; II Cor. 13:13; Efés. 4:4-6; I Pedro 1:2; I Tim. 1:17; Apoc 14:7.)” vemos que esta apresenta as seguintes premissas:
1 – Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas co-eternas.
Segundo esta afirmação, tanto o “Pai”, quanto o “Filho”, quanto o “Espírito Santo” são Deus, e são eternos. Assim, de acordo com esta afirmação, o Espírito Santo é uma pessoa, é um Deus e é eterno.
2 – Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente.
A continuação do texto afirma que, como o “Pai” o “Filho” e o “Espírito Santo” são Deus, os três são imortais, onipotentes, oniscientes e sempre presentes. Então, segundo esta afirmação, o Espírito Santo é imortal, onipotente, onisciente e sempre presente.
3 – Ele é infinito e está além da compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua auto-revelação.
Aqui se está afirmando que Deus, ou seja, o “Pai”, o “Filho” e o “Espírito Santo” são infinitos e estão além da compreensão humana, mas são conhecidos por meio de sua auto-revelação. O texto não é claro em dizer como se dá esta auto-revelação.
4 – É para sempre digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a
criação. O texto termina afirmando que Deus é para sempre digno de culto adoração e serviço por toda a criação. Assim, como a primeira afirmação desta doutrina diz que Deus é composto por três pessoas – o “Pai”, o “Filho” e o “Espírito Santo”, esta última afirmação também está colocando o seguinte raciocínio: O “Pai”, o “Filho” e o “Espírito Santo” são igualmente dignos de culto, adoração e serviço por toda a criação. Assim, a doutrina da Trindade faz as seguintes afirmações referentes ao Espírito Santo:
A – O Espírito Santo é uma pessoa;
B – O Espírito Santo é um Deus – onipotente, onisciente e sempre presente;
C – O Espírito Santo é digno de adoração, assim como o Pai e o Filho.
Ao analisarmos estas afirmações, notamos que elas são interdependentes. Observamos também que as afirmações “B” e “C” só podem ser verdadeiras se a afirmação “A” o for, e a afirmação “A” diz que o Espírito Santo é uma pessoa. Isto significa dizer que, se o Espírito Santo não for uma pessoa, ele não pode ser um Deus, e por conseqüência não será digno de receber adoração. Isto porque Deus Pai e seu filho são pessoas, tendo a semelhança do homem. A Bíblia afirma isso em Gênesis 1:26-27: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” O homem foi criado a imagem de Deus, e o homem é uma pessoa. Assim, Deus é também uma pessoa, tendo forma semelhante à do homem – um ser com cabeça, tronco, braços e pernas. Portanto, se o Espírito Santo for um Deus, ele deve ser uma pessoa, à semelhança do homem criado, pois Deus criou o homem à Sua imagem. Então, se não conseguirmos provar pela Bíblia que o Espírito Santo é uma pessoa, não poderemos afirmar que é um Deus. Como a primeira premissa da doutrina da Trindade afirma que o Espírito Santo é uma pessoa, cremos que: Se não conseguirmos provar pela Bíblia que o Espírito Santo é uma pessoa, então a doutrina da Trindade não possui base bíblica.
Ressaltamos isto porque, como vimos, a Bíblia é a nossa única regra de fé. Então, se a doutrina da Trindade não possuir base bíblica, não poderemos aceitá-la em hipótese alguma. Vamos, portanto, procurar base bíblica sólida que apoie a ideia de que o Espírito Santo é uma pessoa independente de Deus Pai e de seu Filho – Jesus Cristo.
Primeiramente, buscamos uma passagem bíblica que afirme expressamente que o Espírito Santo é uma pessoa. Fizemos uma busca de todas as passagens bíblicas que tratam do Espírito Santo, e não encontramos nenhuma que afirme categoricamente que o Espírito Santo é uma pessoa, ou mesmo que descrevesse o Espírito Santo como sendo uma pessoa.
Quando fomos procurar passagens que definissem a Deus Pai como pessoa, não tivemos dificuldade em encontrar – Daniel 7:9 menciona Deus Pai como sendo o Ancião de Dias: “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente.”
Esta passagem informa que Deus Pai, o “Ancião de Dias”, se assentou; tinha vestes brancas; tinha os cabelos da cabeça brancos como a lã. Esta descrição não nos deixa dúvidas de que Deus Pai é uma pessoa. Um número muito maior de textos bíblicos mostra que Jesus Cristo é uma pessoa.
Entretanto, para confirmarmos que Jesus Cristo, o filho de Deus, é uma pessoa, basta lermos Apocalipse 1:13-16: “E, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.”
O texto bíblico apresenta a Jesus com todos os característicos de uma pessoa, como cabeça, cabelos e pés, não dando margem a qualquer dúvida quanto a Cristo ser uma pessoa ou não. O mesmo não ocorre no tocante ao Espírito Santo. Não existe uma só passagem que o descreva.
Uma vez que não encontramos um texto bíblico que descreva a “pessoa” do Espírito Santo, como encontramos relativo a Deus Pai e ao Filho de Deus, procuremos então passagens que atribuam característicos de pessoa ao Espírito Santo, e o mencionem como alguém independente de Deus Pai e ao Filho de Deus.
Desde que uma passagem bíblica, entendida dentro do seu contexto, sem contradizer outros textos bíblicos que tratem do mesmo assunto, atribua característicos de pessoa ao Espírito Santo e o apresente como alguém independente de Deus Pai e do filho de Deus podemos aceitá-la como estando a provar que o Espírito Santo é uma pessoa.
Existem uma série de passagens bíblicas que atribuem característicos de pessoa ao termo “Espírito Santo”. Precisamos então analisar cada uma delas dentro do seu contexto, e compará-las com outras passagens que tratam do mesmo tema para que possamos ter seu correto entendimento. Mas antes de iniciarmos tal análise, vamos procurar compreender o que afirmam duas passagens bíblicas que trazem o termo “Espírito”:
“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” – João 4:24
“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” – II Coríntios 3:17,18
No evangelho de João, vimos a afirmação: Deus é Espírito. E o apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos Coríntios afirma: O Senhor é Espírito. Qual é o Espírito ao qual estas passagens se referem? Um outro texto bíblico aclara isto:
“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” – I Coríntios 8:6
Paulo afirma expressamente que há um só Deus, o Pai e que há um só Senhor, Jesus Cristo. Sabemos que um texto da Bíblia não pode contradizer outro.
Temos então que:
1 – Há um só Deus, o Pai (I Cor. 8:6), que é Espírito (João 4:24);
2 – Há um só Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6), que é Espírito (II Cor. 3:17,18).
Portanto, o termo “Espírito” nestes casos, só pode estar sendo usado para designar Deus ou Jesus Cristo. Não podemos negar que tanto DEUS (o Pai) quanto o SENHOR (Jesus Cristo) são santos. Assim, temos base bíblica para entender o termo “Espírito Santo”, como estando correto e apropriado para denominar Deus (o Pai) ou o Senhor (Jesus Cristo).
Se quisermos, portanto, afirmar pela Bíblia que o Espírito Santo é outro que não Deus (o Pai) ou o Senhor (Jesus Cristo), teremos que encontrar um verso bíblico que atribua ao termo “Espírito Santo” características de pessoa, e que claramente mostre que o termo “Espírito Santo” não está se referindo a Deus Pai ou ao filho de Deus (acabamos de ver pela Bíblia que isto é possível).
Tendo como base o que vimos acima, vamos analisar a parir de agora passagens bíblicas que atribuem característicos de pessoa aos termos “Espírito” e “Espírito Santo”.
3. A promessa do “Consolador”
A primeira passagem bíblica que analisaremos é João 14:16-26, que traz a promessa da vinda do “Consolador”. Este texto denomina o “Consolador” primeiramente de “Espírito da Verdade”, e depois o chama de “Espírito Santo”:
“16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco,
17 o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.
18 Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.
19 Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também vivereis.
20 Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.
21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.
22 Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?
23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.
24 Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou.
25 Isto vos tenho dito, estando ainda convosco;
26 mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.”
Nos versos 16 e 17, Jesus está dizendo que rogará ao Pai, e Ele dará “outro” Consolador, o “Espírito da verdade”. Destas palavras, poderíamos extrair o seguinte raciocínio:
1 – Jesus “roga”, ou pede ao Pai que envie outro Consolador;
2 – O “outro Consolador” não pode ser Jesus, porque Jesus pede ao Pai que o envie;
3 – O “outro Consolador” não pode ser o Pai, porque seria redundante Jesus pedir ao Pai que envie a Si mesmo;
4 – O “outro Consolador” é o Espírito da Verdade, e também é o Espírito Santo (verso 26);
5 – Então o “outro Consolador” é uma pessoa, pois será enviado pelo Pai (não é o Pai) e não pode ser Jesus.
Este raciocínio parece contundente. Mas antes de aceitá-lo, devemos verificar se a bíblia não explica um pouco melhor o que é o Consolador em outras passagens. Achando estas passagens, podemos permitir que a Bíblia seja a sua própria intérprete e ver a qual conclusão chegamos. Sobre o “Consolador”, o próximo capítulo do livro de João nos traz alguma luz. Apresentamos João 15:26,27:
“Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio.”
Jesus disse que o “Consolador” seria enviado da parte do Pai. Também disse que o Consolador é o “Espírito da verdade”. Esta a mesma informação dada no capítulo anterior, versos 16 e 17, que analisamos a pouco. Entretanto, agora Jesus algumas informações. Primeiro, Jesus diz que o Consolador “procede do Pai”. Portanto, o Consolador está intimamente relacionado com o Pai. Em segundo lugar, diz que o “Consolador” dará testemunho dEle:“O Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai … esse dará testemunho de mim” – verso 26 Em João 5:36-39, Jesus menciona o que dá testemunho dEle:
“32 Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim….
36 Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou.
37 O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma.
38 Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou.
39 Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.” Jesus afirmou no verso 32 que outro testemunhava a Seu respeito. No verso 37, Ele deixa claro que este outro ao qual Ele se referia era Deus, o Pai. Por outro lado, Jesus também afirmou que as obras que Deus Pai havia confiado para que Ele fizesse testificavam dEle. Já vimos que, enquanto esteve na Terra, as obras que Jesus fazia, não as fazia pelo Seu poder, mas pelo poder do Pai (João 5:30). Se as obras que Jesus fazia não eram realizadas pelo Seu poder, elas eram em verdade realizadas pelo poder de Deus. Temos então que o Pai dava testemunho de Jesus na Terra por meio do Seu poder, operando por meio da fé de Jesus para realizar as obras que Jesus realizava. Assim, o “Consolador”, que procede do Pai e dá testemunho de Jesus, que vimos em João 16:25,26, é o poder de Deus, o mesmo que realizava as obras por meio da fé de Jesus. O texto de João 14:10-12, confirma este raciocínio:
“10 Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.
11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
12 Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” Para deixar mais claro o raciocínio que fizemos acima, vamos apresentá-lo a seguir, de forma resumida:
1 – Em João 16:25,26, Jesus afirmou que o Consolador é o Espírito da verdade, que procede de Deus, o Pai, e que daria testemunho dEle: “O Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai … esse dará testemunho de mim” – verso 26
2 – Em João 5:32, 36 e 37, Jesus afirma que Deus, o Pai, dava testemunho dEle através das obras que Ele (o Pai) fazia pelo Seu poder (poder do Pai) por intermédio dEle (Jesus):
“As obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito …O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim” – versos 36 e 37 “…O Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.” – João 14:10
3 – Jesus disse aos discípulos que quem cresse nEle faria obras até maiores do que as que Ele fez pelo poder de Seu Pai, e que esta promessa de envio de poder do Pai se cumpriria por ocasião da vinda do Consolador: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará” – João 14:12
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade” – João 14:16,17
4 – O Consolador, o Espírito da verdade, que capacitaria os discípulos a fazerem obras até maiores do que as que Jesus fez, procede de Deus (João16:25,26). Mas sabemos que quem capacita os homens a fazerem qualquer coisa é o poder de Deus, porque sem Ele, nada podemos fazer:
“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” – João 15:5 (o texto fala de Cristo, mas Cristo também é Deus (palavra que significa título de poder) por seu filho.
Então, temos que o Consolador, o Espírito da verdade, é o poder de Deus. Entretanto, quando analisamos o sentido do termo Consolador, apresentado em João 14:26-26, percebemos que ele possui um significado que vai além de ser o “poder de Deus”. Vamos agora analisar o texto de João 14:16-26, versículo a versículo, para podermos compreender com mais detalhes o que acabamos de afirmar:
“16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que
esteja para sempre convosco,” Jesus diz aos discípulos que pediria ao Pai e o Pai enviaria “outro” Consolador. Isto nos dá a entender que o “Consolador” não era Jesus. Aqui podemos entender o Consolador como sendo somente o poder de Deus o Pai, como acabamos de ver a pouco. Entretanto, na continuação da leitura do texto, compreenderemos algo que nos surpreenderá.
“17 o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” Neste verso, Jesus dá um segundo nome para o Consolador. Ele o chama de “Espírito da verdade”. Jesus também disse que Ele já habitava com os discípulos. Considerando que o “Consolador” é o poder de Deus, isto era verdade, porque Jesus já os havia comissionado com o poder de Deus a algum tempo atrás, quando os havia designado para pregarem de dois em dois nas
cidades (Luc. 10:1-12, 17-19). A Bíblia mesmo relata que Jesus exultou no Espírito Santo (poder de Deus) ao ver a alegria com que os discípulos lhe contavam as maravilhas que haviam operado em seu trabalho nas cidades:
“Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.” – Lucas 10:21
O texto mostra que Jesus se alegrou ao ver o resultado da ação do poder do Pai concedido aos discípulos, e orou a Ele em gratidão. Continuando nossa análise, vamos ao verso 18:
“18 Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” Comparando este verso com o verso 16, parece-nos ser difícil entender algo: Jesus disse que pediria ao Pai que enviasse outro “Consolador”, e ao mesmo tempo disse que Ele voltaria para os discípulos, não os deixando órfãos. Como poderia ser isto? Viria Ele junto com o “Consolador”? A resposta para esta pergunta inicia-se nos versos seguintes 20:
“19 Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também vivereis.
20 Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.”
Jesus disse aos discípulos que dentro em pouco o mundo não mais o veria. Isto era verdade, pois dentro de pouco tempo Ele seria crucificado, e depois ascenderia ao Céu, não sendo mais visto na Terra. Mas Jesus afirma aos discípulos que apesar de o mundo não O ver mais, eles o veriam. Diz ainda que os discípulos conheceriam que Ele estava no Pai, e que Ele, juntamente com o Seu Pai, estaria nos discípulos. Mas Jesus já havia dito que Ele iria para o Seu Pai, e não estaria mais presente com os discípulos
(João 14:3). Percebamos que Jesus afirmou que não estaria mais com os discípulos, mas em breve estaria nos discípulos. Sabemos que o fato de Jesus estar em nós significa que Ele habita em nosso coração, segundo a promessa de Apocalipse 3:20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.”
Era exatamente isto que Jesus estava tentando dizer aos discípulos. Embora os discípulos em breve não o pudessem mais ver com seus olhos carnais, poderiam vê-lo com os “olhos” espirituais, permitindo que Jesus entrasse em seus corações e neles fizesse morada; então Jesus habitaria no coração daqueles que o amassem através do Seu Espírito. Decorre portanto, que o Consolador, o Espírito da verdade, que sabemos ser o Espírito de Deus, o poder de Deus o Pai, é também o Espírito de Cristo. Por isso, Jesus afirma que se alguém o ama, Ele e Seu Pai virão ao coração desta pessoa, e nele farão morada:
“22 Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?
23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.”
Assim, poderíamos montar as seguintes expressões lógicas para explicar isto de maneira mais fácil: CONSOLADOR = ESPÍRITO DA VERDADE = ESPÍRITO (poder) DE DEUS PAI + ESPÍRITO (poder) DE CRISTO Que o Espírito de Deus representa o poder de Deus Pai, já estudamos neste material. Quanto ao Espírito de Cristo ser o poder de Cristo, isto é explicado pela citação de João 15:5, onde Cristo afirma categoricamente: “sem mim nada podeis fazer.”
Assim, o fato de o Espírito de Cristo habitar em nós significa que o Seu poder está nos capacitando a fazer a Sua obra, pois sem o poder de Cristo nada podemos fazer.
Os versos 26 e 28 de João 14 reforçam o conceito de que o Consolador é o Espírito de Deus somado ao Espírito de Cristo:
25 Isto vos tenho dito, estando ainda convosco;
26 mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.
28 Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.” Jesus, no verso 26, afirma que o Consolador seria enviado da parte do Pai em Seu nome. Logo em seguida, referindo-se ao que havia acabado de dizer nos versos 25-27 disse: vou e volto para junto de vós. Assim, fica claro o conceito de que o Consolador é o Espírito de Deus Pai somado ao Espírito de Cristo, (agora entendemos João 10:30, mesmo caráter, propósito, espírito; não mesma pessoa). Com este entendimento, o verso 23, no qual Jesus afirma que Ele e o Pai viriam e fariam morada no coração faz todo o sentido, e isto se cumpriria na vinda do prometido Consolador.
Como o texto que acabamos de analisar esclarece, o Consolador, o Espírito Santo, é apresentado como sendo uma promessa a se cumprir para os discípulos, e esta promessa se manifestaria na forma de um dom, uma dádiva a ser concedida, que consistia-se do poder de Deus Pai e do poder de Jesus Cristo. Poderíamos então nos questionar: Não seria esta promessa (a vinda do Espírito Santo) uma pessoa?
Para respondermos a esta pergunta, deixemos novamente que a Bíblia seja sua própria intérprete. O livro de Atos relata como se deu o cumprimento desta promessa. Em Atos 1:8, Jesus, logo antes de ascender ao Céu, reafirma a promessa da vinda do Consolador:
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.”
Ele disse aos discípulos que, quando o Espírito Santo descesse sobre eles, receberiam poder. Assim, mais uma vez, Jesus reforça o conceito de que o Espírito Santo representava o poder (espírito) de Deus + poder (espírito) de Cristo. Como chegamos a esta conclusão?
Da seguinte forma:
1 – Jesus disse: “sem mim nada podeis fazer” (João 15:5). Nada significa exatamente isto: nada. Os discípulos não poderiam sequer ser testemunhas de Jesus, conforme Ele prometeu em Atos 1:8 se estivessem sem Ele, se Ele (Jesus) não habitasse no seu coração.
2 – No texto de Atos 1:8, Jesus afirmou que quando o Espírito Santo descesse sobre os discípulos, eles seriam Suas testemunhas. Mas como os discípulos não poderiam ser testemunhas de Jesus se Ele não habitasse neles, isto implica que quando o Espírito Santo descesse sobre os discípulos, Jesus passaria a habitar neles, ou estaria neles. Isto só poderia acontecer se o próprio Espírito Santo que iria descer fosse o próprio Espírito de Cristo.
3 – O Espírito Santo da promessa era o “outro Consolador”, que procede do Pai (Cristo não disse que tinha vindo do pai¿ João 16:28) (João 15:26,27), que como vimos anteriormente representa também o poder de Deus Pai, que dá testemunho de Jesus Cristo (João 5:36,37; 14:10). Assim, o Espírito Santo mencionado por Jesus em Atos 1:8 é também o Espírito de Deus, o Pai.
Mais uma vez então, confirmamos a fórmula a qual já havíamos chegado para o Espírito Santo:
CONSOLADOR = ESPÍRITO SANTO = ESPÍRITO DE DEUS PAI + ESPÍRITO DE CRISTO
Podem o Espírito de Deus Pai e o Espírito de Jesus habitar em nós, sendo cada um dos dois uma pessoa? Segundo a Bíblia sim, porque ambos também são Espírito:
– Jesus Cristo, o SENHOR (I Cor 8:6) é Espírito (II Cor. 3:17);
– Deus, o Pai, é Espírito (João 4:24).
O cumprimento da promessa da vinda do Consolador, descrito em Atos 2:3-4, 6-7, também confirma a conclusão à qual chegamos com base nas passagens bíblicas que analisamos, de que o termo “Espírito Santo”, quando se refere ao Consolador, é um poder concedido por Deus Pai e Seu Filho Jesus Cristo:
“3 E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.
4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem….
6 Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7 Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando?” O texto mostra que o Espírito Santo capacitou os discípulos não somente para testemunhar, falando o idioma hebraico, mas testemunhar de Cristo em outras línguas, de maneira que cada visitante que tinha vindo para a festa de Pentecostes ouvia o evangelho em sua própria língua. Os discípulos foram capacitados a falar em outras línguas pelo poder de Deus, denominado nesta passagem de Espírito Santo.
Ao dar testemunho deste maravilhoso derramamento do poder de Deus, Pedro, em Atos 2:32-33 e 37-38, disse o seguinte a respeito do Espírito Santo:“
32 A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.
33 Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do
Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis….
37 Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?
38 Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”
O apóstolo Pedro disse que Jesus recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo. Esta promessa era o cumprimento do que Ele mesmo havia dito aos discípulos que pediria ao Pai em João 14:16. Ele disse que pediria ao Pai para que Ele enviasse o Consolador, o Seu poder, o Espírito Santo. O Pai havia atendido ao Seu pedido, e Ele havia então enviado o Espírito Santo, a soma do Seu poder com o poder de Seu Pai, para os discípulos. Por isso Pedro chama o Espírito Santo de dom, (dádiva divina) no verso 38: “E recebereis o dom do Espírito Santo.” Falava Jesus figuradamente quando Se referiu ao Espírito da verdade, o Consolador, como se fosse um terceiro personagem divino? O próprio Salvador nos responde afirmativamente:
“Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai.” João 16:25.
4. O Espírito divide os dons como lhe apraz
Vimos, no capítulo anterior, que, como o Espírito Santo era um dom, ou dádiva, era concedido aos discípulos segundo o Pai e o Filho o desejavam. Por isso Atos 2:4 afirma que os discípulos passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem:
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.”
Como tanto Deus o Pai quanto Jesus Cristo são “Espírito” (II Cor. 3:17; João 4:24), e são “um”, uma unidade em propósito (João 14:7,9; 17:11, 22-23; 10:30), a palavra Espírito pode estar se referindo às duas pessoas da divindade ao mesmo tempo – Deus Pai e Jesus Cristo, sem ferir o entendimento obtido pela análise das outras passagens bíblicas que foram estudadas até o momento. Este entendimento também esclarece uma outra passagem que fala sobre o Espírito Santo – II Coríntios 12:1-13, que passamos a analisar:
“1 A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
2 Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.
3 Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.” Após a introdução do capítulo, falando a respeito dos dons espirituais, o apóstolo Paulo afirma: “Ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus!”– verso 3 Paulo explica que quem é impressionado pelo Espírito de Deus, ou poder de Deus não pode negar a Jesus ou às suas obras. Estudamos a pouco neste compêndio o exemplo dos fariseus, que atribuíram a cura do homem endemoninhado, realizada por Jesus, ao poder de Satanás (Mat. 12:22-32).
Em outras palavras, os fariseus estavam dizendo: “anátema, Jesus!” quando atribuíram a expulsão do demônio, feita por Jesus, ao poder de Satanás.
Nesta ocasião, Jesus não só enfatizou que Ele operara a expulsão pelo poder de Deus Pai, como também acusou os fariseus de estarem cometendo pecado contra o Espírito Santo. Como veremos mais adiante, o pecado contra o Espírito Santo consiste-se de atribuir a Satanás a obra realizada pelo poder de Deus. Assim, o pecado contra o Espírito Santo significa também dizer: “Anátema, Jesus!”. E quem está pecando contra o Espírito Santo, naturalmente não pode estar sendo movido a fazer isto pelo poder de Deus (Espírito de Deus). E quem não age movido pelo Espírito de Deus, age movido pelo espírito de Satanás.
Vemos então que neste verso Paulo nos dá um conselho valioso para avaliarmos qual é o espírito pelo qual fala uma pessoa: se é de Deus, atribuindo a Ele as obras realizadas pelas operações maravilhosas da Sua vontade, ou se é do maligno, atribuindo a Satanás as obras realizadas pelo poder de Deus através de Seus instrumentos – os homens. Utilizando o raciocínio inverso, Paulo em seguida afirma que, se por um lado, quem atribui a Satanás a obra realizada pelo poder de Deus fala pelo poder do maligno, quem reconhece o poder de Jesus manifestado nas obras realizadas por Ele e Seus instrumentos humanos, este é movido pelo poder de Deus, o Espírito Santo:
“Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.” – verso 3 Paulo aqui se refere ao Espírito Santo da promessa cumprida no Pentecostes (Atos 2:3,4), que segundo as passagens bíblicas analisadas compõe-se tanto do Espírito (poder) do Pai quanto do Espírito (poder) de Jesus Cristo.
Isto fica evidente pela continuação do texto, quanto ele passa a se referir a Deus Pai e Jesus Cristo, que concedem os dons aos homens por meio de Seu poder, o Espírito Santo, conforme melhor Lhes apraz:
“4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.
5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo.
6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.
7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.
8 Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento;
9 a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar;
10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las.”
Paulo esclarece que Deus Pai e Jesus Cristo, chamados neste caso de “Espírito” (II Cor 3:17,18; João 4:24) no singular, pois são “um”, conforme já vimos, são os doadores dos dons outorgados aos homens. Deus Pai e Jesus Cristo sabem qual é o dom que melhor serve a cada homem, pois foram Eles que criaram todos os homens; assim, concedem a cada um os dons “visando um fim proveitoso”:
“A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.” – verso 7 Como Deus Pai e Jesus Cristo sabem qual é melhor dom a ser concedido ao homem nas diferentes situações pelas quais este passa, eles concedem o dom de acordo com a Sua vontade:
“11 Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.”
Reparemos que isto também aconteceu no Pentecostes – os dons foram dados segundo o Espírito (Deus Pai e Jesus Cristo) desejou que fossem dados, e não segundo os homens desejavam. Nas orações dos discípulos antes do Pentecostes, eles não estavam pedindo para que um passasse a falar em aramaico enquanto o outro passasse a falar em grego. Os discípulos estavam apenas confessando os seus pecados e se colocando integralmente à disposição do Espírito (Deus Pai e Jesus Cristo), para que Ele operasse neles segundo a Sua vontade:
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.” – Atos 2:4 Paulo finaliza afirmando que todos foram unidos em um só Espírito (de Deus Pai e de Jesus Cristo) pelo batismo, e a partir de então passaram a “beber”, ou seja, receber o poder do mesmo Espírito:
“12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.”
O verso 12 apresenta a união da igreja como um corpo em Cristo. Isto porque Cristo era a ponte através da qual Deus reconciliaria consigo o mundo: “A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.” II Coríntios 5:19
O homem só pode se aproximar de Deus mediante Cristo, pois Ele pagou a pena que o homem deveria sofre (morte eterna), e assim constituiu uma ponte entre o abismo que o separava de Deus. Mas o fato de Deus estar ligado com homem através de Cristo não impede que Ele envie Seu poder (Espírito) juntamente com Cristo, em auxílio de homens pecadores. Isto demonstra apenas o infinito amor do Deus Pai todo poderoso, bem como Seu desejo de que em Jesus Cristo o homem vença o mundo possa estar novamente unido com Ele.
5. O Espírito “geme e intercede”
No texto bíblico de Romanos 8:26,27 o apóstolo Paulo apresenta o “Espírito” como estando a assistir o homem em sua fraqueza, e intercedendo por ele. Como a intercessão só pode ser feita por uma pessoa, o texto nos traz o termo “Espírito” como estando a denominar uma pessoa. Vamos então analisá-lo, para verificarmos a qual pessoa este termo esta se referindo:
“26 Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.
27 E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.”
Nestes dois versos, são descritas duas ações, praticadas pelo Espírito:
– o “Espírito” nos assiste em nossa fraqueza
– o “Espírito” intercede por nós, com gemidos inexprimíveis … segundo a
vontade de Deus É-nos dito que o Espírito nos assiste em nossa fraqueza, bem como também intercede por nós com gemidos inexprimíveis, segundo a vontade de Deus. A princípio, parece-nos que o termo “Espírito” está se referindo ao Espírito Santo. Mas leiamos a seqüência do texto, em particular o verso 34:
“28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.”Vemos que, na seqüência do texto de Romanos, é explicado que Cristo Jesus é o que intercede por nós. Vamos colocar agora lado a lado as afirmações sobre a ação do Espírito contida nos versos 26 e 27, e a afirmação apresentada sobre Jesus no verso 34:“o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis … segundo a vontade de Deus” – versos 26 e 27
“É Cristo Jesus quem morreu … e também intercede por nós” – verso 34 O próprio contexto aclara que o Espírito que intercede com gemidos inexprimíveis é Cristo, que intercede por nós. Disto decorre então que Cristo também é Espírito; e sendo Espírito, pode ser chamado como tal. Já vimos que a Bíblia confirma este entendimento (II Cor. 3:17; I Cor. 8:6).
Se Jesus não fosse Espírito, para harmonizar o texto de Romanos 8:27 que estamos estudando, teríamos que ter dois intercessores: Jesus Cristo e o Espírito Santo. Entretanto, a Bíblia afirma que só existe um mediador:
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem,” – I Timóteo 2:5
O intercessor é aquele que faz a mediação perante o Pai. Assim, nosso intercessor, Jesus Cristo, também nosso mediador perante o Pai. Como só existe um mediador, só existe também um intercessor que intercede pelos homens perante o Pai – Jesus Cristo. Somente Cristo pode interceder pelo homem junto ao Pai, pois somente Ele conhece as dificuldades do homem.
Paulo, discorrendo sobre Jesus em Hebreus 4:15 confirma isto:“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.”
No sacerdócio terrestre, homens faziam a intercessão simbólica pelos pecadores. No santuário celestial, somente Cristo faz a intercessão pelo homem. Na seqüência de sua carta aos Hebreus, Paulo confirma que é Cristo quem pode interceder pelo homem:
“23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são
impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio
imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” – Hebreus 7:23-25 O verso 25 declara expressamente que Jesus Cristo tem o Seu sacerdócio imutável. Assim, Ele não pode ser substituído por nenhum outro ser. Por isso, a intercessão pelo homem é feita somente por meio dEle, e não por meio de nenhum outro. Concluímos portanto que, quando Paulo afirmou em Romanos 8:26 que o “Espírito” intercede por nós, ele estava se referindo a Cristo. Isto concorda com o texto de II Coríntios 3:17, que afirma que Jesus, o Senhor (I Cor. 8:6) é Espírito:
“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” – II Coríntios 3:17
6. O Espírito Santo perscruta as profundezas de Deus e ensina
Em I Coríntios 2:9-14, encontramos um texto que afirma que o “Espírito” perscruta as profundezas de Deus:
“9 mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.
10 Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.
11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.”
O texto acima afirma algumas coisas que podemos destacar:
1 – “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” – verso 9;
2 – “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito” – verso 10;
3 – “o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.” – verso 10;
4 – “as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” – verso 11.
A palavra “Deus” apresentada neste verso refere-se a Deus Pai. Isto fica claro quando um pouco mais a frente, na mesma carta aos Coríntios, capítulo 8, Paulo afirma:
“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” — I Coríntios 8:6
Paulo deixa claro que Deus, o Pai, revelou “aquilo que Ele tem preparado para os que o amam” através do Espírito. Foi o Espírito que revelou as coisas de Deus. E o Espírito revelou isto porque Ele perscruta (conhece) tudo, até mesmo as profundezas de Deus. Paulo termina reafirmando que somente o Espírito de Deus conhece as coisas de Deus. Agora, vamos harmonizar as palavras de Paulo com o que Jesus disse, relatado em Mateus
11:27: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.”
Enquanto Paulo dizia que ninguém além do Espírito conhece as coisas de Deus Pai (I Cor. 8:6), Jesus dizia que ninguém, além dEle, o Filho, conhecia o Pai. Temos então que Jesus Cristo é o “Espírito”, mencionado por Paulo em II Coríntios. Isto porque Jesus deixa claro que não existe outra pessoa que conheça o Pai senão Ele. A afirmação de Jesus fecha a possibilidade de que houvesse qualquer outro ser que pudesse também conhecer o Pai.
Assim, como Paulo está afirmando que o “Espírito” conhece as coisas profundas do Pai (portanto conhece o Pai), o “Espírito” mencionado por Paulo só pode ser Cristo. Como já vimos no item anterior deste compêndio, Paulo mesmo afirma que Jesus é “Espírito” (II Cor. 3:17,18; I Cor. 8:6).
Entendendo que o “Espírito” mencionado por Paulo em II Coríntios 2 é Cristo, compreendemos facilmente a seqüência do texto – verso 12:“12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.
13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.”
Paulo, no verso 12 está afirmando que ele e os discípulos tinham recebido a Cristo, para que o conhecessem. Diz também que Cristo (o Espírito) foi dado a eles gratuitamente. Sabemos que Cristo foi uma dádiva de Deus ao homem. A afirmação de Paulo neste verso corrobora com o texto de João 3:16:
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Paulo afirma também que ele e os outros discípulos falavam de Cristo em palavras ensinadas por Ele mesmo – Cristo, o “Espírito” – no verso 13.
Finalmente, o verso 14, Paulo coloca que o homem natural, que vive na carne, não aceita as coisas de Cristo, porque lhe são loucura:
“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
A maior prova de que o homem natural não aceita as coisas de Cristo, foi a Sua rejeição pelo povo de Israel, que culminou com a crucifixão. A vida de abnegação, caridade e humildade, proposta por Cristo em preceito e exemplo, era considerada loucura para os homens daquela época e ainda o é para os homens de hoje. O homem natural não pode discernir as vantagens de observar os mandamentos de Deus, pois está com a mente obliterada pela mal, e aprendeu a amar o pecado.
As “coisas de Jesus Cristo”, o “Espírito”, só se discernem espiritualmente, pois mediante a atuação do poder de Deus em nossa vida, Ele opera em nós até o nosso “querer”, mudando nossos gostos e ensinando-nos a amar a Sua Lei. Por isso, Paulo afirmou em sua carta aos Filipenses:
“Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” — Filipenses 2:13.
7. O “Espírito” se entristece
Em Efésios 4:30, Paulo recomenda o seguinte aos Efésios:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.”
Aqui temos um argumento bíblico para tratar o Espírito de Deus como uma pessoa, pois somente um ser vivo, ou uma pessoa, pode se entristecer. Um poder não pode se entristecer. Vamos ver portanto à luz da Bíblia a qual pessoa o texto está se referindo. No texto que apresentamos, Paulo está afirmando que os Efésios foram “selados no Espírito de Deus”. Este selamento ao qual Paulo se refere, havia sido mencionado já no início de sua carta aos Efésios 1:12-14:
“12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;
13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa;
14 o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.”Reparemos em quem Paulo afirma que os efésios haviam sido selados:“Cristo; em quem também vós,… fostes selados com o Santo Espírito da promessa;” – versos 12 e 13
Paulo, no início da carta aos efésios, afirma que eles haviam sido selados em Cristo. No capítulo 4, ele novamente faz menção ao Ser no qual eles haviam sido selados, mencionado já no início da carta – Jesus Cristo:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.”
Assim, o termo “Espírito de Deus” que aparece em Efésios 4:30, é utilizado para denominar a Cristo. O texto de Efésios 1:12,13, afirmou que os efésios haviam sido selados com o Santo Espírito da promessa:
“Cristo; em quem também vós,… fostes selados com o Santo Espírito da promessa;” – versos 12 e 13
Sabemos que o Santo Espírito da promessa era o Consolador prometido por Cristo. O Consolador, segundo as passagens bíblicas que analisamos nos levaram a entender, é o Espírito (poder) de Deus e também é o Espírito (poder) de Jesus Cristo.
8. O “Espírito” fala e dirige a igreja
Existem alguns textos contidos nas cartas de Paulo que trazem o Espírito Santo como estando a falar. A fala também é um dom atribuído a um ser vivo, independente, pois nos é difícil conceber um poder que “fala”. Vamos analisar detidamente cada uma destas passagens, buscando compreender quem é o Espírito por elas mencionado.
7.1) O termo “Espírito” é apresentado como estando a “falar” no livro de I Timóteo:
“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios,” – I Timóteo 4:1
Nesta passagem, Paulo afirma que o Espírito havia dito que nos últimos dias alguns apostatariam da fé por obedecerem a “espíritos enganadores”. O termo “espíritos enganadores” pode se referir tanto a homens como a demônios, pois ambos possuem espírito.
A Bíblia chama repetidas vezes aos demônios de espíritos imundos (Mar. 9:25). Também chama os homens de espíritos (I João 4:1,2; II João 7).
Coincidentemente, Jesus, assim como Paulo afirmou, disse que nos últimos dias surgiriam espíritos enganadores e muitos seriam enganados. Jesus inclusive advertiu os discípulos para que eles também não fossem enganados. Este conselho é extensível inclusive a nós nestes últimos dias. O texto está em Mateus 24:3-5:
“3 No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.
4 E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane.
5 Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.”
Assim, vemos que Cristo, o Espírito (II Cor. 3:17,18), havia afirmado expressamente que nos últimas dias viriam espíritos enganadores e inclusive alguns da fé seriam enganados, conforme Paulo disse em I Timóteo 4:1. Assim, o termo “Espírito” mencionado por Paulo em I Timóteo 4:1, se refere a Cristo.
7.2) O termo “Espírito” também é apresentado como estando a falar no livro de Hebreus
Em Hebreus 3:7, é apresentado o termo “Espírito Santo” como estando a dizer algo:
“7 Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto,
9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos.
10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos.
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.” Esta passagem refere-se ao que foi dito no velho testamento por Jesus, O SENHOR dos Exércitos, o anjo que ia à frente do povo de Israel, em Salmos 95:6-11:
“6 Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou.
7 Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz,
8 não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto,
9 quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras.
10 Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos.
11 Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.” Salmos 95:6-11
De acordo com a Bíblia, Jesus Cristo é o SENHOR mencionado no texto de Salmos apresentado acima (I Cor. 8:6).Percebemos que o texto utilizado em Hebreus 3:11 é o mesmo de Salmos 95:11:
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Salmos 95:6-11
11 Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso Hebreus 3:11
Portanto, Hebreus 3:7 está afirmando que o “Espírito Santo” proferiu as palavras que em verdade foram escritas por Jesus Cristo. Então, o termo “Espírito Santo” de Hebreus 3:7, só pode estar se referindo a Cristo.
O espírito de profecia concorda com este entendimento, pois afirma que Jesus Cristo era o “SENHOR” do povo de Israel, que proferiu as palavras mencionadas em Salmos:
“Desde o pecado de nossos primeiros pais, não tem havido comunicação direta entre Deus e o homem. O Pai entregou o mundo nas mãos de Cristo, para que por Sua obra mediadora remisse o homem, e reivindicasse a autoridade e santidade da lei de Deus. Toda a comunhão com a raça decaída tem sido por meio de Cristo. Foi o Filho de Deus que fez a nossos primeiros pais a promessa de redenção. Foi Ele que Se revelou aos patriarcas. Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e Moisés compreenderam o evangelho. …
Cristo não somente foi o guia dos hebreus no deserto – o Anjo em quem estava o nome de Jeová, e que, velado na coluna de nuvem, ia diante das hostes – mas foi também Ele que deu a Israel a lei. Por entre a tremenda glória do Sinai, Cristo declarou aos ouvidos de todo o povo os dez preceitos da lei de Seu Pai. Foi Ele que deu a Moisés a lei gravada em tábuas de pedra.
Foi Cristo que falou a Seu povo por intermédio dos profetas. Escrevendo à igreja cristã, diz o apóstolo Pedro que os profetas “profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir”. I Pedro 1:10 e 11. É a voz de Cristo que nos fala através do Velho Testamento. “O testemunho de Jesus é o Espírito de Profecia.” Apocalipse 19:10” — Patriarcas e Profetas, págs. 366-367
Assim, fica claro também pelo espírito de profecia que o “Espírito Santo” mencionado no capítulo 3 de Hebreus é Jesus. O mesmo que ocorre em Hebreus capítulo 3, que acabamos de analisar, ocorre também em Hebreus capítulo 10, quando Paulo cita as palavras ditas pelo Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6), como tendo sido ditas pelo “Espírito Santo”:
“15 E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito:
16 Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei,
17 acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre” Hebreus 10:15-17 Assim, em Hebreus 10:15-17 também temos o termo “Espírito Santo” se referindo a Jesus Cristo. 7.3) O termo “Espírito” aparece como estando a falar e a dirigir a igreja por diversas vezes no livro de Atos “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.” Atos 13:2
Segundo a Bíblia (I Cor. 8:6), há um só Senhor, Jesus Cristo. Assim sendo, o texto de Atos está dizendo que os apóstolos estavam servindo a Jesus, quando então Ele (Jesus) disse: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. É Jesus quem envia os homens para a obra, e foi Ele quem chamou a Saulo e a Barnabé para a Sua obra. A continuação deste texto de Atos deixa isto mais claro – verso 4:
“4 Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.” Compare o texto acima com o texto de Lucas 10:1,3: “1 Depois disto, o Senhor designou outros setenta; e os enviou de dois em dois, para que o precedessem em cada cidade e lugar aonde ele estava para ir.
3 Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.” Não nos esqueçamos que o Senhor é Jesus (I Cor. 8:6). É o Senhor Jesus que separa os homens para a Sua obra. O texto de Atos que lemos mostra Jesus, chamado nesta ocasião de Espírito Santo, enviando Saulo e Barnabé para a Sua obra. O próprio apóstolo Paulo (que teve seu nome mudado de Saulo para Paulo por Jesus), mais a frente no livro de Atos deixa bem explícito que o “Espírito Santo” que separava os homens para o Seu serviço era Jesus
Cristo – Atos 20:28:
“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” Atos 20:28 Sabemos que quem comprou a igreja de Deus com Seu próprio sangue foi Jesus Cristo. A Bíblia afirma expressamente que Cristo é o cabeça da igreja:
“Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.” Efésios 5:23
“Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia” Colossenses 1:18 A Bíblia representa a Cristo como sendo o cabeça da igreja, para que entendamos Sua relação para com ela. Assim como a cabeça comanda todos os movimentos do corpo e comissiona os membros a agirem de acordo com a sua vontade, Cristo, como cabeça da igreja, comanda os homens que compõem Sua igreja e os comissiona para fazerem Sua vontade. Como cabeça, Cristo também dirige Sua verdadeira igreja (quando esta se dispõe a ser dirigida por ele), e comunica a ela Suas decisões para que sejam executadas.
O texto de Atos 20:28, que vimos acima, denomina a Jesus Cristo, o cabeça da igreja, de Espírito Santo. E não somente nesta passagem, mas em diversas outras passagens no livro de Atos, apresenta o termo Espírito Santo denominando Cristo quando Este está conduzindo Sua igreja a fazer a Sua vontade. Mencionamos abaixo algumas destas passagens:
“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais:” Atos 15:28 “E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.” Atos 16:6, 7 “E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações.” Atos 20:22,23
“Encontrando os discípulos, permanecemos lá durante sete dias; e eles, movidos pelo Espírito, recomendavam a Paulo que não fosse a Jerusalém. e, vindo ter conosco, tomando o cinto de Paulo, ligando com ele os próprios pés e mãos, declarou: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus, em Jerusalém, farão ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos gentios.” Atos 21:4, 11
“24 Houve alguns que ficaram persuadidos pelo que ele dizia; outros, porém, continuaram incrédulos.
25 E, havendo discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando disse:
26 Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis e não percebereis.
27 Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados.” Atos 28:24-27
Nos textos que apresentamos acima, o termo “Espírito Santo” é atribuído a Jesus Cristo, quando dirigindo e exortando Sua igreja. Jesus Cristo é o “Espírito Santo que comprou a igreja de Deus com Seu sangue” (Atos 20:28), e por isso é o cabeça da igreja, Aquele que a dirige.
Jesus também cumpre Sua função como cabeça da igreja quando distribui Seu poder (Espírito) aos Seus seguidores. Isto está explícito na passagem que apresentamos a seguir:
“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.” Atos 2:17, 18
No texto acima, Pedro, referindo-se a Jesus, afirma que Ele havia dito que derramaria do Seu Espírito sobre toda a carne. Quando afirmou isto, Pedro estava se referindo à promessa do Consolador, que Jesus havia feito aos discípulos. Aqui fica bem evidente que o Consolador era também o próprio Espírito (poder) de Cristo (já estudamos anteriormente que o Consolador era também o poder do Pai). Vemos então que Jesus estava cumprindo Sua
função como cabeça da igreja ao ter distribuído Seu Espírito para os discípulos.
O conceito de que Jesus Cristo, o Espírito (II Cor. 3:17; I Cor. 8:6) é o cabeça da igreja, é fortalecido no entendimento de Atos 5:3, 9:
“Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles também te levarão.” Atos 5:3, 9
Os dois versos que apresentamos acima tratam do episódio no qual Ananias e Safira tentaram enganar aos discípulos. Eles haviam vendido sua propriedade por um preço haviam se proposto a dar todo o valor obtido na venda para a obra de Deus. Quando a venderam, perceberam que haviam obtido na venda mais dinheiro do que imaginavam obter. Assim, resolveram dar somente uma parte, mas disseram aos apóstolos que estavam doando todo o
valor obtido com a venda.
Logo que Ananias veio a Pedro e proferiu esta mentira, Pedro disse a ele que ele não estava mentindo para os apóstolos, que eram parte do corpo da igreja, mas sim para o cabeça da igreja – Cristo. No verso 3, Pedro chama a Cristo de Espírito Santo. Contudo, no verso 9, Pedro é claro ao dizer para a esposa de Ananias – Espírito do Senhor.
Como sabemos que, segundo a Bíblia, há um só Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6), percebemos que ao dizer a Ananias e Safira que eles estavam mentindo para o Espírito Santo e tentando o Espírito do Senhor, em realidade Pedro estava dizendo que eles estavam tentando o Espírito de Cristo, e mentindo para Cristo. Percebemos portanto, a utilização do termo “Espírito Santo” como se referindo a Cristo, o cabeça, quando conduzindo Sua igreja, o corpo.
9. O Espírito dos profetas
No primeiro capítulo do evangelho segundo Lucas, encontramos a seguinte citação:
“13 Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João.
14 Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento.
15 Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.
16 E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.
17 E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” Lucas 1:15-17
Nesta passagem de Lucas, o anjo Gabriel está anunciando ao sacerdote Zacarias o nascimento de João Batista, cuja obra de pregação abriria o coração dos judeus para receberem o Messias – Jesus Cristo. A respeito de João Batista, Gabriel diz:
“Será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” – verso 15.
Segundo o relato de Gabriel, João Batista seria cheio do Espírito Santo.
Mas quem é o Espírito Santo mencionado por Gabriel?
Na continuação do texto de Lucas temos uma pista:
“E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias” – verso 17.
Gabriel afirma que o Espírito Santo que encheria João desde antes de seu nascimento era o mesmo que trabalhou em Elias. Sobre o espírito que estava em Elias, a Bíblia traz algumas referências. Delas, vemos duas que podemos fazer menção. A primeira está em II Reis 18:12:
“12 Poderá ser que, apartando-me eu de ti, o Espírito do SENHOR te leve não sei para onde, e, vindo eu a dar as novas a Acabe, e não te achando ele, me matará; eu, contudo, teu servo, temo ao SENHOR desde a minha mocidade.” II Reis 18:12
Nesta passagem, Obadias, o mordomo de Acabe, relata para Elias o temor que ele possuía de que o “Espírito do SENHOR” o levasse. Já estudamos que o termo “SENHOR” na Bíblia se refere a Cristo (I Cor. 8:6). Assim, o “Espírito do SENHOR” se refere ao Espírito de Cristo. Agora, nos caberia responder a seguinte pergunta:
“Seria o Espírito de Cristo uma pessoa independente dEle?”
Deixemos que a Bíblia seja seu próprio intérprete. Em II Coríntios 3:17 e 18, temos:
“17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.”A Bíblia está dizendo que:
– “O Senhor é o Espírito”.
Já estudamos que o termo “SENHOR” se refere a Cristo. Então, temos que se o SENHOR é Espírito, Cristo é Espírito. Portanto, neste caso, o Espírito do SENHOR, ou Espírito de Cristo, não é outra pessoa senão o próprio Cristo, segundo a Bíblia.
Existe um outro texto que fala sobre o espírito que repousava sobre Elias (e, portanto, repousaria também em João Batista) de forma mais clara. Ele está em II Reis 2:14-15:
“14 Tomou o manto que Elias lhe deixara cair, feriu as águas e disse: Onde está o SENHOR, Deus de Elias? Quando feriu ele as águas, elas se dividiram para um e outro lado, e Eliseu passou.
15 Vendo-o, pois, os discípulos dos profetas que estavam defronte, em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. Vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele em terra.” II Reis 2: 14-15
O relato de II Reis esclarece que Eliseu recebeu porção dobrada do espírito de Elias. Eliseu era profeta, assim como Elias era profeta. Eliseu foi, em verdade, o profeta sucessor imediato de Elias. Para saber qual era o espírito que atuava em Elias e Eliseu, seria importante descobrirmos pela Bíblia quem concedia este espírito aos profetas. Mais
uma vez, deixemos que a Bíblia seja sua própria intérprete. Apocalipse 22 nos relata isto: “6 Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer.” Apocalipse 22:6O texto bíblico afirma que o SENHOR, que sabemos ser Jesus, é o Deus dos espíritos dos profetas. Este texto aparece no último livro da Bíblia, o Apocalipse, e afirma que o espírito de todos os profetas foi dado por Jesus. O fato de Jesus afirmar para João, o escritor do Apocalipse, que Ele é o Deus dos espíritos dos profetas, implica que Ele é o Deus não somente dos espíritos dos profetas contemporâneos ao apóstolo João, mas o Deus dos espíritos de todos os profetas de todos os tempos, pois Jesus é aquele “que era, que é e que há de vir”(Apoc. 1:4). Assim, Jesus também é o Deus do espírito de Elias e de João Batista. É Ele quem concede o espírito ao profeta, para este tenha poder. Por isto o texto de Lucas fala que João Batista viria “no espírito e poder de Elias”.
O espírito que Jesus concedeu a Elias era o poder que tanto capacitava o profeta para a pregação quanto operava milagres. Quando Elias exercia fé em Jesus, Ele, através do Seu poder, operava os milagres. Isto se exemplifica na ressurreição do filho da viúva de Sarepta, narrada em I Reis 17:19-24:
“19 Ele lhe disse: Dá-me o teu filho; tomou-o dos braços dela, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo se hospedava, e o deitou em sua cama;
20 então, clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, também até a esta viúva, com quem me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho?
21 E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele.
22 O SENHOR atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.
23 Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto à casa, e o deu a sua mãe, e lhe disse: Vê, teu filho vive.
24 Então, a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade.”Perceba como o milagre da ressurreição do menino foi realizado:
“21 E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele.
22 O SENHOR atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.”
No verso 21 está escrito que Elias orou ao Senhor Jesus. Jesus então ouviu a oração de Elias e mediante o Seu espírito ressuscitou o menino. Sabemos que foi o poder de Jesus, que ressuscitou o menino. Decorre então que o “espírito” dado por Jesus a Elias, que o capacitava a realizar milagres como este, era o Seu poder (poder de Jesus). Assim, temos o espírito de Elias era o poder de Jesus concedido a Elias:
ESPÍRITO DE ELIAS = PODER DE JESUS CONCEDIDO A ELIAS (atendendo às suas orações de fé)
Já estudamos que Jesus é o Deus dos “espíritos” dos profetas (Apoc. 22:6).
Então, o espírito dos profetas também é o poder de Jesus concedido aos profetas:
ESPÍRITO DOS PROFETAS = PODER DE JESUS CONCEDIDO AOS PROFETAS (atendendo às suas orações de fé)
Agora que compreendemos o que era o poder de Elias segundo a Bíblia, podemos voltar ao texto de Lucas capítulo 1:
“13 Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João.
14 Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento.
15 Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.
16 E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.
17 E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” Lucas 1:13-17
Vimos anteriormente que o Espírito Santo, citado no verso 15, é descrito como sendo o mesmo espírito que foi dado a Elias (verso 17). Quanto ao espírito de Elias, verificamos que este era o poder de Jesus concedido ao profeta atendendo às suas orações de fé. Assim, o “Espírito Santo” citado em Lucas 1:15 é o poder de Jesus, que já havia operado mediante as orações de fé de Elias e estaria operando em João Batista. Como Jesus, segundo o Apocalipse, é o Deus dos Espíritos dos profetas (Apoc. 22:6; I Pe. 1:10,11), Ele enviou Seu Espírito Santo não somente a João Batista, mas também a todos os profetas.
O espírito de profecia corrobora com este entendimento:
Foi Cristo que falou a Seu povo por intermédio dos profetas. Escrevendo à igreja cristã, diz o apóstolo Pedro que os profetas “profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir”. I Pedro 1:10 e 11. É a voz de Cristo que nos fala através do Velho Testamento. “O testemunho de Jesus é o Espírito de Profecia.” Apocalipse 19:10” — Patriarcas e Profetas, págs. 366-367
10. A fórmula batismal
De Mateus 28:19, temos o seguinte texto:
“19 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” Mateus 28:19
Este texto por si só não nos dá base para crermos que o Espírito Santo é uma pessoa. Para compreendermos isto vamos dar um exemplo simples:
Ao ir para uma guerra, o soldado poderia fazer o seguinte juramento: “Juro, em nome do Presidente da nossa nação e da Pátria amada que ele representa que defenderei nossos ideais e nosso País com minha própria vida!”
Vejam que o juramento foi feito em nome de uma pessoa (o presidente) e da Pátria, que não é uma pessoa. Apenas mais um exemplo. O policial, ao prender o bandido diz:
“Você está preso em nome da lei!”
O fato de o policial ter citado a palavra nome não significa que a lei seja uma pessoa. O mesmo ocorre no texto bíblico de Mateus 28:19:
“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;”
O fato de ser utilizada a palavra “nome”, não significa que os três termos mencionados a seguir – Pai, Filho e Espírito Santo, são uma pessoa. O Espírito Santo aqui pode ser trazido denominando o poder de Deus Pai e de Jesus, o Filho, e ainda assim a frase não perde o seu sentido:
“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do poder do Pai e do Filho”, ou ainda poderia ser assim:
“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do poder de ambos”
Estas duas versões não estariam fugindo ao contexto. Este argumentos podem ser considerados todos como conjectura. Vamos então analisar um texto bíblico, para esclarecer melhor a questão – Atos 19:1-3:
“1 Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,
2 perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo.
3 Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João.” Atos 19:1-3
O texto relata alguns discípulos que tinham sido batizados por João Batista. João Batista foi o precursor de Cristo. Foi ele quem batizou o próprio Cristo; portanto, o batismo de João Batista é válido, pois Cristo, o nosso exemplo, foi batizado neste batismo. A Bíblia não deixa dúvidas de que este batismo era ratificado pelo Céu como prova da sua validade, pois o próprio Jesus afirmou:
“25 Donde era o batismo de João, do céu ou dos homens? E discorriam entre si: Se dissermos: do céu, ele nos dirá: Então, por que não acreditastes nele?
26 E, se dissermos: dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como profeta.” Mateus 21:25,26
O texto de Lucas confirma que o batismo de João era de Deus: “Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João;” Lucas 7:29
Assim, temos que, quando Paulo encontrou os dscípulos que haviam sido batizados no batismo de João, sabia que este era reconhecido pelo Céu. Entretanto, quando o mesmo Paulo perguntou se eles receberam o Espírito Santo quando foram batizados, ouviu a surpreendente resposta:
“Nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo.” – verso 2.
Aqueles que receberam o batismo de João (o mesmo batismo no qual Cristo foi batizado), nem sequer haviam ouvido falar que existia o Espírito Santo. Se João Batista batizasse em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, logicamente aqueles discípulos já teriam ouvido falar no Espírito Santo, pois eram discípulos de João, e João batizava quase todos os dias, daí ser ele chamado de “batista”. Assim, se João não batizava em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo, Jesus também não foi batizado em nome dos três.
Portanto, caso queiramos usar o texto de Mateus 28:19 para apoiar que o Espírito Santo é uma pessoa, teríamos que assumir que esta pessoa passou a existir, ou ter autoridade, depois da ressurreição de Jesus, quando Ele então mandou batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mesmo se assim o fosse, não poderíamos considerar o Espírito Santo como um Deus, pois neste caso ele não seria eterno, e Deus é eterno. Além disso, a
Bíblia afirma expressamente que há um só Deus, o Pai, e um só Senhor, Jesus Cristo (I Cor. 8:6).
Note-se que um texto não pode invalidar outro, ou seja, João não menciona o Espírito Santo, enquanto que Jesus claramente ordena o batismo em nome dos três. Há uma “aparente” contradição entre os textos bíblicos? Não, pois o que estamos frisando é a inexistência do Espírito Santo como pessoa e não como poder. Assim, tanto o batismo de João quanto o batismo ordenado por Jesus são válidos e complementares.
A promessa do Salvador era de que o Consolador, o Espírito da Verdade, seria concedido aos discípulos após o Pentecostes. Vemos então que João não poderia mencionar o Espírito Santo, pois a promessa para o recebimento do mesmo estava no futuro. O mesmo não ocorreu com Jesus, que ciente da promessa do Pai (a vinda do Consolador), ordenou, na certeza do
cumprimento da promessa, que os discípulos batizassem em nome do Pai, dEle (o Filho) e do poder de ambos (o Consolador, o Espírito Santo).
Percebemos portanto que o texto de Mateus 24:19 não se refere ao Espírito Santo como sendo uma pessoa, pois a Escritura afirma claramente que foram vistas línguas de fogo quando a promessa do Consolador foi cumprida e os discípulos receberam o Espírito Santo (Atos 2:3-4, 32-33, 37-38).
10 – A comunhão (II Coríntios 13:13)10 – A comunhão (II Coríntios 13:13)
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.”II Coríntios 13:13
Paulo, em sua segunda carta aos coríntios, deseja a eles que a comunhão do Espírito Santo com eles esteja. O que representa o termo “Espírito Santo” mencionado aqui por Paulo? Ao lermos toda a segunda carta de Paulo, poderemos ter uma idéia mais clara, pois afinal o verso que estamos lendo acima é o último verso desta carta. Sendo o último, naturalmente está fundamentado no pensamento tratado nos capítulos anteriores desta própria carta, ou mesmo da primeira carta aos coríntios. Na primeira carta de
Paulo aos Coríntios, encontramos o seguinte texto:
“Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.” I Coríntios 1:9:
Em sua primeira carta aos coríntios, Paulo afirmou que eles haviam sido chamados à comunhão de Jesus Cristo. Na segunda carta, Paulo os exorta à reconciliação com Deus, para que pudessem ter novamente comunhão com Ele:
“18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” II Coríntios 5:18-20
Paulo roga aos coríntios, em nome de Jesus, que se reconciliem com Deus Pai e possam novamente ter comunhão com Ele. Isto fica explícito quando lemos a seqüência da carta, na qual Paulo, que já havia admoestado os coríntios para que se reconciliassem a Deus Pai e tivessem comunhão com Ele, adverte-os para que não tenham comunhão com os incrédulos:
“14 Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
15 Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?
16 Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” II Coríntios 6:14-16
Nos versos acima, vemos que, além de admoestar os coríntios a não se porem em comunhão com os incrédulos, Paulo mostra que ao se afastarem dos incrédulos, eles poderão gozar também não só da comunhão do Pai, mas também do Filho, o Senhor (I Cor. 8:6):
“17 Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei,
18 serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Coríntios 6:17-18
Percebemos, portanto, que em sua segunda carta aos coríntios Paulo estava chamando-os à comunhão com o Pai e com o Filho. O final de sua carta, portanto, deve somente concordar com o raciocínio apresentado em seu meio.
Se a carta, na saudação final, contradissesse o que afirmou em seu meio, esta não teria nexo e certamente cairia em descrédito. Assim, podemos com segurança entender que no último verso de sua carta (II Coríntios 13:13), ao mencionar a comunhão do “Espírito Santo”, Paulo estava se referindo à comunhão com o Pai e com o Filho. Este entendimento corrobora com o que o apóstolo João escreveu:
“O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.” I João 1:3
Assim, entendemos tanto pela análise do contexto da passagem quanto pela comparação com outras passagens bíblicas que a “comunhão do Espírito Santo”, a qual se refere o texto bíblico de II Cor. 13:13 é a comunhão com Deus Pai e com Seu Filho Jesus Cristo.
11. A “santificação do Espírito”
“Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.”
I Pedro 1:2
Esta passagem traz o termo “santificação do Espírito”. O que é santificação do Espírito? Gálatas 3:2-6 nos revela:
“2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?”
Aqui, Paulo comenta sobre o Espírito Santo da promessa, o Consolador, o qual segundo a Bíblia (como vimos anteriormente), representa o poder de Deus concedido aos homens para fazer a Sua obra.
“3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?
4 Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão.”
Paulo afirma que a santificação, que é o aperfeiçoamento do caráter, deve ser também pelo Espírito, o mesmo Consolador que foi recebido em cumprimento da promessa de Jesus. Em seguida, Paulo deixa claro que está se referindo ao termo “Espírito”, que é o agente santificador, como sendo não o próprio Deus, mas sim o poder de Deus:
“5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
6 É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.”
Assim, o “Espírito” que promove a santificação é o poder de Deus que atua em nós. Então o termo “santificação do Espírito” apresentado em I Pedro 1:2 é usado para representar o poder de Deus, atuante na obra de aperfeiçoamento do caráter. Segundo a Bíblia, Cristo também opera a santificação:
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,” 1 Coríntios 1:30 Jesus Cristo também é Espírito (II Cor. 3:17,18; I Cor. 8:6), e por meio de Seu Espírito (poder) opera em nós a santificação junto com Deus, o Pai.
O texto acima diz que Ele mesmo se fez santificação. Assim, o termo “Espírito” mencionado em Gálatas é o poder santificador procede do Pai e de Seu Filho Jesus. Por conseqüência, o termo “santificação do Espírito” mencionado em I Pedro 1:2 representa a ação do poder de Deus para o aperfeiçoamento do homem.
O texto de II Tessalonissences 2:13 também traz o termo “santificação do Espírito”. Mas como já compreendemos o que significa este termo pela análise de I Pedro 1:2, entendemos que é desnecessário comentar esta segunda passagem.
12. O pecado contra o Espírito Santo
Mateus 12:31,32 apresenta a seguinte citação:
“31 Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.
32 Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” Mateus 12:31,32
Jesus disse isto quando os fariseus estavam comentando que Ele expulsava os demônios pelo poder de Belzebu (Satanás), o maioral dos demônios. O evangelho de Marcos, relatando a mesma história, nos deixa isto mais claro:
“22 Os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo maioral dos demônios que expele os demônios.
28 Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem.
29 Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno.
30 Isto, porque diziam: Está possesso de um espírito imundo.” Marcos 3:22-30
Jesus acusou os fariseus de estarem pecando contra o Espírito Santo, porque eles estavam atribuindo a Satanás o poder pelo qual Ele expulsava os demônios. Sabemos que Jesus expulsava os demônios pelo poder de Deus.
Note-se que os fariseus sabiam estavam completamente convencidos de que Jesus operava Suas obras pelo poder de Deus. Isto explícito na afirmação de Nicodemos, um dos fariseus, que fala em nome deles:
“Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.” João 3:2
O texto deixa claro que:
– Os fariseus estavam convencidos que Jesus fazia Suas obras pelo poder de Deus;
– A ênfase é dada aos sinais, ou milagres, demonstrando que era o Espírito (poder) de Deus que operava por meio de Jesus.
Assim, os fariseus, quando disseram que Jesus expulsava os demônios por Belzebu estavam pecando contra o Espírito Santo porque estavam atribuindo o poder de Deus a Satanás. Jesus deixou claro que o pecado contra o Espírito Santo reside em atribuir a Satanás a obra realizada pelo poder de Deus. Entendendo isso, percebemos que o termo “Espírito Santo”, mencionado em Mateus 12:31,32, refere-se ao poder de Deus. O Espírito de Profecia corrobora com este entendimento obtido pela análise bíblica, relativo ao pecado contra o Espírito Santo:
“Que constitui o pecado contra o Espírito Santo? – Está em voluntariamente atribuir a Satanás a obra do Espírito Santo. … É por meio do Seu Espírito que Deus opera no coração humano;e quando o homem voluntariamente rejeita o Espírito, e declara ser o de Satanás, intercepta o conduto por meio do qual Deus Se pode comunicar com ele.” Testemunhos Seletos, Vol. II, pág. 265.
13. O Espírito Santo e o ministério dos anjos
“Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o.
Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo.” Atos 8:29, 39
A passagem acima apresenta que o “Espírito” disse a Filipe para se aproximar do carro do eunuco. Quem é este “Espírito”? O verso 26 do mesmo capítulo nos aclara:
“Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi.” Atos 8:26
O “Espírito”, que disse a Filipe para se aproximar do carro do eunuco, foi o mesmo que disse a Filipe para se dirigir “para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém”. E este era o anjo de Deus. Decorre então que o termo “Espírito”, ali mencionado, refere-se ao anjo comissionado para guiar Filipe até o eunuco.
Este entendimento, de que o Espírito ali mencionado refere-se a um anjo, é o mesmo trazido pelo espírito de profecia. Ellen G. White afirmou o seguinte a respeito desta passagem:
“Um anjo guiou Filipe àquele que procurava a luz, e que estava tão pronto para receber o evangelho; e hoje anjos guiarão os passos dos obreiros que permitam ao Espírito Santo santificar-lhes a língua, educar e enobrecer-lhes o coração. O anjo enviado a Filipe poderia ter ele próprio feito a obra pelo etíope, mas esta não é a maneira de Deus agir. É Seu plano que os homens trabalhem por seus semelhantes.” Atos dos Apóstolos, pág. 109.
O texto deixa claro que foi o anjo quem guiou Filipe até o eunuco. Para chegar até o eunuco, Filipe deveria não somente chegar até perto do carro, mas devia ser mesmo guiado até o próprio carro do eunuco, para que o encontrasse. Então também foi o anjo que disse a Filipe para se aproximar do carro do eunuco, pois o anjo não guiaria Filipe somente até a metade do caminho. A Bíblia afirma que foi o “Espírito” que disse a Felipe para chegar-se ao carro. Decorre então que o termo “Espírito”, ali mencionado,
refere-se ao anjo comissionado para guiar Filipe até o eunuco.
O “Espírito do Senhor” que o arrebatou, mencionado no verso 39, é o Espírito (poder) de Cristo, o único Senhor segundo a Bíblia (I Cor. 8:6) conforme já estudamos.
“Enquanto meditava Pedro acerca da visão, disse-lhe o Espírito: Estão aí dois homens que te procuram; Então, o Espírito me disse que eu fosse com eles, sem hesitar. Foram comigo também estes seis irmãos; e entramos na casa daquele homem.” Atos 10:19; 11:12
“13 Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés?
14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” Hebreus 1:13-14
14. Reflexão Final
Segundo a Bíblia, Deus é “um”. Mas a Bíblia afirma que Deus é um porque o Pai e o Filho são “um”. Isto é comprovado por uma série de passagens bíblicas:
“11 Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós.
22 Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;” João 17:11, 22
“29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.
30 Eu e o Pai somos um.” João 10:30
Jesus, afirmou expressamente que Ele e Seu Pai são um. Ele não inclui a nenhum outro. Se Ele não incluiu, tampouco nós o podemos. Além disso, Jesus afirmou que ninguém conhecia ao Pai senão Ele:“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” Mateus 11:27
Além de dizer que Ele e Seu Pai são “um”, Jesus afirma expressamente que ninguém conhece o Pai senão Ele e aquele a quem o Ele o quiser revelar. Estas duas afirmações de Jesus excluem completamente a possibilidade de assumirmos que possa haver algum outro ser que seja um com Deus Pai e Seu Filho, e conheça a Deus Pai como um Filho.
Portanto, devemos nos manter com o que a Bíblia afirma – Jesus Cristo e Deus o Pai são um. Não inclui uma terceira pessoa. Assim, não há qualquer base bíblica para afirmarmos que exista uma pessoa adicional que componha uma unidade com Deus Pai e Seu Filho Jesus Cristo, tal como afirma a doutrina da Trindade. Temos então que, se a doutrina da Trindade afirma algo que não possui base bíblica, ela não possui base bíblica que a possa suster. Sendo assim, não há como aceitá-la.
O texto de I João 5:7-8 que supostamente confirma a Trindade — “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” — foi acrescentado ao original.
A Bíblia de Jerusalém afirma isto categoricamente. Outras versões da Bíblia, como a tradução João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, trazem o texto entre colchetes ou mesmo em itálico, mencionando que os textos apresentados de tal forma na Bíblia não pertencem aos manuscritos originais. Portanto, não se faz sequer necessária a análise deste texto, pois ele não possui nenhuma autoridade (não foi inspirado, não faz parte da Bíblia, em verdade).
Um ponto relativo a este texto nos deveria chamar a atenção:Uma vez que os escritos da Bíblia foram inspirados por Deus, devemos crer que qualquer tentativa de acréscimo a eles não deve provir da parte de Deus, mas sim de Satanás, o adversário das almas. Se Satanás teve tanto interesse em colocar um texto que favoreça a crença em uma Trindade, não é difícil desconfiarmos que a própria crença nela pode ser da vontade dele, o arqui-inimigo das almas.
Caso uma doutrina qualquer possa ser mantida pelo estudo de outros textos bíblicos, por que seria necessário adicionar um texto para confirmá-la?
Não temos e não precisamos, por exemplo, de nenhum texto bíblico acrescentado para “provar” que a observância do sábado possui base bíblica.
A Bíblia, em Apocalipse 5:13, nos mostra com clareza a quem devemos adorar:
“13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.
14 E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.” Apocalipse 5:13-14
O texto menciona apenas o Pai (aquele que está assentado no trono) e o Filho (Cordeiro) como sendo dignos de adoração. Assim, possuímos base bíblica sólida que confirma a adoração a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo. Procuramos algum texto bíblico que nos recomendasse ou mesmo permitisse adorar algum outro ser além de Deus Pai e Jesus Cristo e não encontramos. Mas em nenhuma passagem das Escrituras é sequer cogitada a possibilidade de adorar a outros seres que não o Deus Pai e o Deus Filho.
A Bíblia é expressa em ordenar a adoração apenas ao Pai e ao Filho. Entretanto, a doutrina da Trindade, conforme vimos no primeiro capítulo deste estudo, afirma que o Espírito Santo é digno de adoração, tal qual o Pai e o Filho:
“C – O Espírito Santo é digno de adoração, assim como o Pai e o Filho.” Desta forma, segundo observamos, a doutrina da Trindade esta claramente contra a Bíblia. Entretanto, o problema não é somente este. Se a Bíblia ordena que somente Deus Pai e Deus Filho (Jesus Cristo) devem ser adorados, e estamos adorando a um outro ser, quem seria este ser? Qual é o ser que deseja para si a mesma adoração que é merecida somente a Deus?
Este não pode ser um dos seres não caídos, pois eles não aceitam adoração.
O anjo Gabriel, em Apocalipse 19:10, exemplifica isto:
“Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.” Apocalipse 19:10
O ser que deseja a adoração como a que é merecida somente por Deus é Satanás, segundo a Bíblia mesma mostra: “Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.” Isaías 14:14
É Satanás quem quer ser semelhante ao Deus Altíssimo (Deus Pai – ver Lucas 1:32, 35). Assim, se adoramos a outro que não ao Deus Pai ou ao Deus Filho – Jesus Cristo, estamos adorando a Baal, ou seja, a Satanás. E a Bíblia chama ao pecado de idolatria de “abominação”, que traz os juízos divinos contra Seu povo.
Disto decorre uma grande preocupação, pois se somos hoje o Israel espiritual, como cremos, e estamos, através da crença da Trindade, em pecado aberto de idolatria contra Deus, os juízos divinos devem estar prestes a cair sobre nós. A espada é o destino certo para aqueles que praticam a idolatria.
Os capítulo 9 de Ezequiel, o qual sabemos se cumprirá no futuro, exemplifica bem qual é a condenação iminente para aqueles que se encontram em idolatria. Entretanto, o mesmo capítulo relata quais serão os selados:
“3 A glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, indo até à entrada da casa; e o SENHOR clamou ao homem vestido de linho, que tinha o estojo de escrevedor à cintura,
4 e lhe disse: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.” Ezequiel 9:3, 4
Se estamos em idolatria como um povo, vamos nos converter a Deus enquanto é tempo, e Ele se voltará para nós. Clamemos entre o pórtico e o altar dizendo: “poupa ó Senhor o Teu povo” (Joel 2:17).
A conclusão, de fato, sobre esse assunto, cabe agora a você!
POR: Jobson Salustriano Gouveia
Jobson Salustriano Gouveia é paraibano, Missionário cristão, Conferencista, realiza palestras pelo Brasil sobre diversos temas bíblicos entre outros assuntos. Casado, pai de duas lindas meninas, também é Professor de Educação Física pela AESA-CESA. É Conselheiro e membro do Ministério Irmãos do Rei – A Batalha Final.
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