Quem lê apenas a reportagem açucarada do noticiário adventista, não percebe o caráter ecumênico, sincrético e subserviente, do suposto oferecimento “missionário” de hospedagem adventista a 170 peregrinos católicos que vieram da Itália para participar da Jornada Mundial da Juventude realizada no Brasil. Na verdade, não foi um caso isolado de hospitalidade. A participação adventista se deu em contexto ecumênico amplo, que envolveu inclusive centros de umbanda, sob o rígido controle da cúpula católica. No caso da IASD, houve a iniciativa agravante de realizar também uma semana de oração da juventude em data pautada pelo calendário romano para coincidir com a JMJ.
A leitura das diferentes versões jornalísticas do mesmo fato ajuda a perceber o grau de mentira e verdade embutidos nos textos publicados sob diferentes interesses.
A MENTIRA DISFARÇADA ADVENTISTA
Igreja adventista abriga jovens católicos da Jornada Mundial da Juventude
Jovens se juntam para o lanche de boas vindas oferecido pelos adventistas
Rio de Janeiro, RJ … [ASN] No Rio de Janeiro os jovens da Igreja Central deram aula de boa convivência e hospitalidade cristã. Sem ter onde ficar para acompanhar a Jornada Mundial da Juventude, 170 católicos italianos se hospedaram na Igreja Adventista. Eles foram chegando aos poucos, gratos e surpresos pela cordialidade. Recepção no aeroporto, com direito a translado, alimentação e barracas organizadas para a semana de peregrinação. Só pediram um teto, mas receberam muito mais. “Temos nossas diferenças doutrinárias, mas servimos a um Deus que é soberano e deu exemplo de amor ao próximo. Estamos ajudando estes jovens não por causa da sua fé, mas porque são pessoas que precisam e faríamos isto com qualquer outra denominação”, explicou Rômulo Silva, um dos líderes da igreja.
Durante a semana da Jornada Mundial da Juventude, acontece também em várias igrejas adventistas do País a semana de oração jovem, e na Igreja Adventista Central do Rio o pastor convidado para pregar é André Gonçalves, que trabalha nos Estados Unidos. “Vários dos italianos quiseram participar do nosso culto à noite e gostaram do que ouviram”, relatou Silva, que acredita ser o gesto de amor e solidariedade mais forte que qualquer pregação. [Equipe ASN, Fabiana Bertotti]
A QUASE VERDADE EVANGÉLICA
Igrejas evangélicas e anglicanas recebem peregrinos estrangeiros da JMJ
Mais de 300 mil pessoas já se inscreveram para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), considerando dados registrados até esta primeira semana de julho. Para hospedar tantos peregrinos, está havendo uma união entre líderes de várias religiões – um verdadeiro sincretismo – para receber os fiéis católicos. Entre esses anfitriões, estão igrejas evangélicas e anglicanas, além de clubes judaicos e centros de umbanda. O evento acontece entre os dias 23 e 28 de julho no Rio de Janeiro (RJ).
A Igreja Evangelica Palavra Viva vai receber uma família italiana no loteamento mantido pela congregação, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. O pastor Silas Esteves, que também é professor de teologia da Shiloh University nos Estados Unidos (EUA), acredita que o discurso do Papa Francisco no Brasil terá como tema a união.
“Na imaturidade, as diferenças causam distanciamento, mas as diferenças precisam causar a unidade. Cada parte diferente compõe o mesmo corpo. Somos diferentes, temos aspectos doutrináveis distintos, a forma de orar diferente, mas um mesmo corpo, o de Cristo”, afirmou o religioso ao portal G1. O pastor ainda revelou que fez jejum durante o conclave que elegeu Francisco no Vaticano no início deste ano (2013).
Dom Philadelpho Oliveira, bispo da Diocese Anglicana do Rio de Janeiro, também vai receber estrangeiros. Jovens da Austrália, Canadá e Estados Unidos vão ficar na igreja para participar da JMJ. Ele contou que se tiver oportunidade de conversar com o papa Francisco pedirá diálogo com as classes discriminadas e menos favorecidas: “Gostaria que ele olhasse com carinho para os jovens marginalizados, que trabalhasse junto na questão da tolerância com os diferentes. Me parece que ele [o papa] é uma pessoa que caminha para essa direção”, disse ele.
Todos os lugares inscritos para receber peregrinos devem ser vistoriados por equipe da organização da Jornada e ter o aval da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge).
Irmã Graça Maria, diretora executiva do setor de hospedagem da JMJ, explicou que “É um evento que estamos investindo na juventude, no nosso país, no mundo. Temos que unir forças, acolhemos todas as ofertas”.
Além da Igreja Evangélica Palavra Viva e da Igreja Anglicana, a Casa Irmandade Batuíra e Pai Miguel das Almas, o Centro Cultural Afro Ojuobá Axé e a Federação Israelita do Rio de Janeiro também receberão peregrinos na melhor demonstração da tolerância religiosa brasileira. Na Federação Israelita, há espaços para atividades culturais e esportivas.
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é o maior encontro internacional de jovens com o líder católico. O evento foi criado pelo Papa João Paulo II em 1984. Em 2011, aconteceu o último encontro reunindo mais de 2 milhões de pessoas em Madri, na Espanha. A jornada acontece a cada três anos. No Brasil, o evento mudou de data para não coincidir com a Copa do Mundo em 2014.
Fonte: http://patiogospel.com.br/ext/721
A VERDADE JORNALÍSTICA
Templos de diferentes religiões abrem as portas para peregrinos na JMJ
Líderes dizem que convivência pode reforçar a tolerância religiosa.
Tássia Thum
Do G1 Rio
Centro de umbanda e igreja evangélica se cadastraram para receber jovens.
Diferentes religiões abrem as portas de seus templos para a JMJ, no Rio (Foto: Tássia Thum/G1)
Centros de umbanda, clubes judaicos, igrejas evangélicas e anglicanas serão alguns dos locais que vão hospedar peregrinos que vem ao Rio de Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude. Os líderes das entidades garantem que as diferentes concepções de crença não vão provocar atritos, mas sim reforçar o diálogo e a tolerância entre as diversas religiões. Até a primeira semana de julho, mais de 300 mil pessoas já estavam inscritas para participar do evento, que acontece entre 23 e 28 de julho.
Com o altar que inclui a imagem de Jesus Cristo, rodeada de estátuas de santos e pretos velhos, a sala principal da Casa Irmandade Batuíra e Pai Miguel das Almas, em Anchieta, no Subúrbio, será, por uma semana, a morada de 10 jovens. O coordenador do espaço, o ex-seminarista Sebastião Mauro de Sá, 62 anos, acredita que não haverá preconceito.
“Eu vou acolher independente da religião, não tem diferenciação. O peregrino vem com o objetivo dele, de ver o papa e participar de uma ação. Eu, no meu espaço, vou abrigar apenas, não vou discutir religião”, diz Sebastião, que frequentou o Seminário São José por oito anos, até seguir a umbanda.
Sincretismo religioso
O Centro Cultural Afro Ojuobá Axé, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vai receber 70 jovens. A diretora da instituição, Luana Guimarães, conta que o sincretismo religioso faz parte do local. “Aqui oferecemos aulas de dança, capoeira, e temos frequentadores de várias religiões, como evangélicos, católicos e candomblecistas”, conta a baiana, uma das fundadoras do bloco Ilê Ayê….
…O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Jayme Salomão, afirma que os clubes da entidade podem receber atividades culturais e esportivas durante o período da Jornada. “Esse é o momento de integrar. Acho que o Brasil tem totais condições de fazer um evento que vai ter repercussão no mundo todo. Estamos buscando um futuro mais promissor, e que ele seja acompanhado de paz e harmonia”, observa Salomão.
A Irmã Graça Maria, diretora executiva do setor de hospedagem, explica que todos os lugares inscritos para receber peregrinos são vistoriados antes por uma equipe da JMJ, além de ter o aval da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge). “É um evento que estamos investindo na juventude, no nosso país, no mundo. Temos que unir forças, acolhemos todas as ofertas “, conclui a freira.
A VERDADE CATÓLICA
Peregrinos da JMJ hospedados em templos de outras religiões: tá beleza, misinfi!
Como muitos de vocês já sabem, alguns templos de outras religiões abriram as portas para acolher os peregrinos da JMJ no Rio, oferecendo-lhes hospedagem. Diversos leitores mandaram mensagens pra gente perguntando o que achamos disso. Eu acho ótimo!
Em primeiro lugar, essa oferta atende a uma necessidade dos católicos. Então, temos mais é que dar graças a Deus pela generosidade das pessoas de outras crenças que, muito gentilmente, estão nos fazendo um favor. Nós precisamos dessa ajuda e deveríamos ser gratos, e não espalhar pelos quatros ventos a desconfiança, sendo mal-educados com quem nos oferece a mão.
A Bíblia tem vários exemplos de situações em que os membros do povo de Deus foram ajudados por pessoas de outras crenças. É o caso das parteiras do faraó, que se recusavam a matar os bebês hebreus, e do bom samaritano que, na parábola de Jesus, foi o único que socorreu o homem ferido na estrada.
Diferente do que alguns pensam, não há nenhuma proibição de católicos entrarem em locais de culto de outras religiões. Se houvesse, João Paulo II não teria visitado a sinagoga de Roma, em 1986, e Bento XVI não teria visitado a Mesquita Azul, em 2006 (Istambul).
Na JMJ de Colónia, na Alemanha, grande parte dos peregrinos ficou hospedada em casas de famílias protestantes. E, quando a Igreja realiza a campanha para as famílias de acolhida, não faz qualquer tipo de restrição sobre a crença da família. Então, que diferença faz ficar na casa de uma família de outra religião e ficar num templo? Nenhuma!
O que nós católicos não devemos é participar dos cultos das outras religiões. Ainda assim, a visita a um culto de outra religião é tolerável em alguns casos de EXCEÇÃO, como em casamentos e funerais. Só podemos assistir e não devemos de modo algum participar ativamente desses ritos (para saber mais, acesse o blog Apostolado Tradição em Foco com Roma).
Outra coisa importante a se notar é que a diretora executiva do setor de hospedagem é uma religiosa muito séria e competente, a Irmã Graça Maria. Uma equipe liderada por ela vistoriou todos os locais inscritos para receber peregrinos, inclusive os clubes judaicos, igrejas evangélicas, igrejas anglicanas e centros de umbanda.
Tem gente por aí dizendo que os peregrinos serão assediados para se convertem às outras religiões. Bem, se considerarmos a hipótese de alguém se converter no meio do sono mais profundo, esse risco é bem possível. Porque, com tantas atividades da Jornada, os peregrinos passarão quase o dia inteiro em atividades externas, e virão aos locais de hospedagem só pra tomar banho e dormir. Nem mesmo as refeições serão servidas nesses locais.
Quanto a serem tentados a abandonarem a fé católica, eu lhes garanto: nesses templos, os jovens correrão risco mil vezes menor do que nas escolas e universidades (inclusive as católicas) que frequentam. Nesses lugares, sim, tem que se benzer dez vezes antes de entrar!
Especificamente em relação à umbanda, saibam que os umbandistas, em geral, não costumam fazer proselitismo nem ficam enchendo o saco de ninguém sobre religião (afirmo isso porque nasci e cresci numa família umbandista). Os peregrinos devem apenas ter um mínimo de prudência: não participem das sessões do centro e não aceitem fazer consultas a médiuns.
Aos amigos de outras religiões que generosamente estão acolhendo os filhos de Francisco em seus templos, deixamos registrada aqui a nossa gratidão!