A errônea crença na imortalidade da alma não se baseia em nenhuma declaração bíblica. Encontramos, na Bíblia, cerca de 400 vezes a palavra “alma”, e aproximadamente 450 vezes a palavra “espírito”, mas nunca lhes é ligada a ideia de imortalidade inata.
Se os protestantes creem na imortalidade da alma, não é porque tenham encontrado, na Escritura, fundamento para essa crença, mas simplesmente porque a herdaram inadvertidamente da igreja católica, a qual, por sua vez, a derivou da filosofia dos povos pagãos, incorporando-a a religião no princípio da tenebrosa idade média, quando o paganismo invadiu a igreja e acarretou total apostasia da doutrina original contida nas Sagradas Escrituras. Foi então aceito grande número de erros graves. “Destaca-se entre outros o da crença na imortalidade natural do homem e sua consciência na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria. Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que morrem impenitentes, a qual logo de início se incorpora à fé papal. Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e empregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com esta heresia se afirma a existência de um lugar de tormento, no qual as almas dos que não merecem condenação eterna devem sofrer castigo por seus pecados, e do qual, quando libertas da impureza, são admitidas no Céu” (O Grande Conflito, pág. 55).
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Foi à manifestação de agentes satânicos (anjos caídos), disfarçados em espíritos desincorporados de pessoas defuntas, que deu origem à crença na imortalidade da alma. Desde tempos remotos, a comunicação com supostos espíritos de mortos tem sido à base da idolatria pagã. A manifestação desses anjos caídos, em forma de almas de pessoas mortas, é uma farsa com que Satanás procura dar vida à mentira por ele lançada no princípio do mundo: “Certamente não morrereis” (Gênesis 3:4).
O homem não possui vida eterna inerente. Disse Deus ao primeiro homem posto no mundo: “De toda a árvore do jardim comerás livremente: mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:16-17). Satanás, porém contradisse esta afirmação divina com a seguinte mentira: “Certamente não morrereis”. Eis o fundamento da doutrina da imortalidade da alma. A vida que Deus concedera ao homem era condicionada à obediência. Se obedecesse, viveria; se desobedecesse morreria. Nestas condições, no dia em que o homem caiu em desobediência, foi pronunciada sobre ele a seguinte sentença de morte: “és pó, e em pó te tornarás” (Gênesis 3:19).
Em seguida, foram tomadas providências para que o homem não pudesse perpetuar a vida, pois Deus não poderia consentir que um pecador se tornasse imortal. “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente; o Senhor Deus, pois o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:22-24).
Se o homem tivesse imortalidade inata, que necessidade teria ele de comer da árvore da vida a fim de perpetuar sua existência? Ou que necessidade teria Deus de impedir o homem de alcançar o que este já possuía? Será que os imortalistas não veem o absurdo em que resvalam com a sua teoria? Se o homem já possuísse imortalidade, então a sentença “em pó te tornarás” seria de nenhum efeito, pois não atingiria a essência do homem, a “alma consciente e imortal”. Que vantagem há em destruir a casca em vista da impossibilidade de destruir o grão? Se o homem possuísse uma alma imorredoura, então a morte da carne não seria a morte do homem, mas sim uma continuação de vida deste sob outra forma. Mas Deus disse ao homem todo, à individualidade consciente: “certamente morrerás”, “no dia em que dele comeres” (Gênesis 2:17).
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