Livre? Mas Cuidados Com a Libertinagem

“Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados por esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.”. (Judas 4)

Quando do artigo que postei sobre o legalismo e a forma que é aplicada por alguns fariseus “sem nome” no meio dos leigos, achei por bom postar também um artigo que faz a contrapartida extrema do legalismo, que é a libertinagem. É óbvio que toda liberdade exacerbada e irresponsável é danosa e uma vereda direta para o abismo, sem qualquer sombra de dúvidas. Temos a sã consciência, não somente como leitores bíblicos, mas como cidadãos do mundo, que tudo exagerado é a plenitude de um erro gravíssimo. Seria redundante expor matérias e versículos da Bíblia e ao mesmo tempo fazer apologia tanto da liberdade como da libertinagem, sabendo que os conflitos determinantes entre ambos decorrem mais da incapacidade de aceitação. Uns aceitam o Cristo simples como o foi e é já outros constroem um Cristo burocrático, cheio de dedos e de complicações.  O que se espera é que haja a pureza no coração e a consciência plena de um povo que espera no Senhor Jesus Cristo. Contudo, a tribo farisaica vai continuar a todo vapor, despejando seu querer na “guela abaixo” dos incautos e dos falsos bereanos, inclusive fazendo barganhas com irmãos da IASD para adquirir quantidade e não qualidade; porque o verdadeiro povo de Beréia, sabe o que quer, já que lê, examina, reflete, discute e discerne com equidade.

Infelizmente, muitos ainda não aproveitaram os livros de Alonzo T. Jones e Ellet Waggoner, além dos escritos do Prof. Edegard Silva Pereira que se encontram na internet sobre “As Exigências de Jesus” e “Perigos que Ameaçam o Movimento Leigo”. É claro que, além da Bíblia como principal e única regra de fé e prática, esses compêndios servem para esclarecer e alumiar caminhos nebulosos e pelos quais vivemos durante anos na embriaguês da apostasia, mesmo se cognominando fiéis remanescentes. Hoje temos a clarividência e não sabemos aproveitar e quando surge alguém clamando para os verdadeiros pedestais da simplicidade de Jesus é taxado de “revoltado” e “libertino”, não sabendo ele(s) que o juízo de Deus é como a sua Palavra – “uma faca de dois gumes” e que o próprio filho de Deus recebeu a pecha de “licencioso”, “glutão” e “beberrão”, pois Sua mensagem era simples e fazia totalmente ao contrário do que os líderes religiosos desejavam.

Agora, portanto, vamos ao teor de nossa matéria e que o Senhor habite em cada coração. Amém

Uma vez li um atraente artigo sobre a escravidão nos Estados Unidos, além de filmes e alguns documentários na televisão que mostraram como a escravidão foi criada com toda a sua crueldade. Não há nada mais horrível e injusto, que ter cidadãos livres e que simultaneamente são donos de escravos. Os Estados Unidos da América necessitaram de uma guerra civil para quebrar o jugo da escravidão. Foi necessário um presidente corajoso, inteligente, que se colocou no meio do conflito e depois foi mal interpretado, insultado e acabou assassinado. No início do segundo mandato da presidência de Abraham Lincoln, em 1865, uma semana antes de ser assassinado, falou sobre a forma como ambas as partes haviam reprovado a guerra civil, mas mesmo assim a guerra tinha sido desencadeada. E continuou, dizendo outras coisas: “Nenhum dos grupos pensaram que a guerra alcançaria a magnitude e duração que já alcançou … Todo mundo esperava uma vitória fácil… Ambas as partes lêem a mesma Bíblia, invocando a sua ajuda contra os outros.” Naquele momento, a voz do presidente fraquejou, deixando demonstrar as suas emoções. Falou o que estranhara, pois “nenhum homem se atreveu a pedir a justiça de Deus, que o ajudasse a obter o pão pelo suor do seu rosto diante de outros homens e mulheres” (Em itálico: Abraham Lincoln, em seu discurso inaugural do segundo mandato presidencial, 4 de março de 1865.)

Finalmente foi abolida a escravidão. Foi então que os negros escravos em todo o país foram declarados legalmente livres. Esta é uma nódoa que o país ainda está pagando porque as sementes do racismo continuam a viver para nossa vergonha, mesmo com a eleição e re-eleição do presidente Barack Obama. Mas aconteceu algo que alguns nunca imaginaram. A maioria dos escravos continuaram a viver como escravos. Esta foi uma grande tragédia, pois havia desencadeado uma guerra civil e o assassinato de um presidente. Ele havia assinado uma lei que alterara a Constituição. Homens, mulheres e crianças que eram anteriormente escravos agora tornaram-se legalmente livres. Porém, muitos deles ainda eram escravos.

Se este é um assunto trágico, posso dizer que há ainda uma coisa mais triste ainda. Refiro-me aos crentes em Jesus que ainda hoje vivem como escravos. Apesar de termos a Jesus Cristo como nosso grande libertador e que pagou o maior preço para abolir a escravidão de uma vez por todas de nossas vidas, a grande maioria de fiéis se comportam como escravos. A grande maioria prefere o conforto da escravidão do que os perigos da liberdade e com isto encanta o nosso opressor (diabo), pois ele quer assim.

Temos algumas advertências para as pessoas livres. Existe um princípio básico entrelaçados nas palavras do Apóstolo Paulo.

“Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça?” (Romanos 6.16)

Vamos refletir neste versículo: Podemos resumir em uma só frase este ensinamento do apóstolo Paulo. Da maneira que vivemos  dependerá o amor que escolhemos. Ao submetermo-nos ao amor, só temos duas alternativas; do pecado para a morte ou da obediência para a justiça. É óbvio que, antes de conhecer a Jesus Cristo, não tínhamos outra escolha, pois o pecado era a único caminho que tínhamos à nossa frente. E toda a nossa vida foi marcada pelo mal. Uma vez que encontramos Jesus Cristo, que morreu na cruz por todos nós, entregamos a Ele o direito de administrar as nossas vidas. Mas há uma boa noticia, já que não temos a pecar constantemente, pois a graça nos libertou para a obediência a Cristo Jesus.

“Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” (Romanos 6:17-18)

Esta é uma verdade gloriosa. Se optarmos pelas justiça desfrutaremos um estilo de vida marcada pelas bênçãos de Deus, com estabilidade e resistência. A graça nunca significou que devemos ser livres para viver como queremos, sem considerar as conseqüências. A graça não significa que Deus me dá a Sua aprovação sem se importar com o que faço com a minha vida. A graça não significa que estou livre para seguir a santidade ou a desobediência. Se eu optar por este último, devo aceitar a disciplina de Deus, e isso significa, angústia mental, peso da consciência, insultos e ferimentos a membros da comunidade cristã, disciplina, castigo e até a morte precoce.

 “…a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos como todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria  dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.” (Colossenses 1:10-12)

Antes de ser crentes através da fé em Jesus Cristo não podíamos agradar a Deus. Agora que a cruz lança sua sombra sobre as nossas vidas e o sangue de Jesus Cristo nos limpa de todo pecado somos livres para agradar a Deus. Não temos nenhuma obrigação de fazê-lo e quando nós fazemos, não podemos ficar presos nas redes do nosso pecado. Somos livres em Jesus Cristo, mas temos que cuidar para não agir como outras pessoas que vivem na libertinagem e que presumem que tudo pode ser feito porque nós somos salvos eternamente. Temos que viver plenamente uma vida para agradar a Deus sobre todas as coisas.

 “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2.8-10)

Nunca, nunca, se esconda atrás da graça de Deus para cobrir um ato de desobediência, como fazem algumas pessoas que descaradamente por rádio e televisão mostram e ensinam suas práticas. Para esses pregadores da graça barata nada é pecado, o que é totalmente contrário ao ensinamentos bíblicos. Durante a minha vida como um crente tenho observado o abuso da graça desta e de outras maneiras, inclusive de alguns que se cognominam “leigos” a procura de suas próprias conveniências e como irmão na fé devemos advertir uns aos outros para os danos que podem incidir na vida espiritual, por uma má decisão.

 “Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele tempo, que resultado colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte. Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 6.19-23)

Esta passagem nos ensina a ter um estado mental de graça e descobrimos que precisamos de um mestre. Jesus Cristo é o mestre ideal que podemos escolher. É impossível andar bem se não temos uma autoridade sobre nós, para responder assim às pressões da vida cotidiana ou as tentações quando atuamos por conta própria. Deus me livre de acreditar que nós temos vivido e vivemos solitária e isoladamente, sem a supervisão de um mestre…

Existem pelo menos duas lições nesta passagem. Primeiramente, esta passagem nos ensina a fazer a escolha certa e em segundo lugar, é-nos dito que devemos concentrar a nossa atenção sobre os benefícios do nosso atual estado de graça. Porque pela graça de Deus nós somos livres da opressão do pecado. Porque pela graça de Deus nós somos servos de Deus e pela graça de Deus que  recebemos uma série de benefícios. Estes benefícios são um extraordinário processo de crescimento e maturidade. Um estado de vida livre de culpa e, finalmente, a bênção da vida eterna. Que alternativa temos? Um estilo de vida pecaminosa que leva a uma sentença de  morte, levando à ruptura da comunhão instantânea com Deus. Com isto, estamos perdendo inúmeras bênçãos. Com a conciência pesada vamos descobrir que ferimos outras pessoas por causa da nossa atitude. Nós perdemos integridade pessoal. De repente, pára o nosso crescimento espiritual, a profanação de nossa família e do nome de Jesus Cristo, e acima de tudo afeta a expressão da nossa comunhão fraternal com os irmãos. Tenha em mente as palavras de Judas 24 com que se inicia este artigo e que o Pai Eterno converta cada partícula de nosso coração. Amém!

Sobre João Rangel

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