Muitos se perguntam por onde começar, como iniciar este processo que pode ser caro e oneroso, sem contar desgastante no aspecto psicológico, afinal, ser taxado de paranoico, obcecado ou pessimista não é bem um fato agradável. Então, o que é o inicio? Vamos falar sobre isso.
Durante estes anos de lida aqui no guia, vi algumas coisas muito curiosas, entre as mais comuns e surreais, estão as preparações totalmente mal fundamentadas, feitas por pessoas que gastam um bom tempo estudando o tema. O cidadão investe uma soma alta em uma faca de grife, ou de altíssima qualidade, capaz de suportar um pequeno apocalipse, e quando uma simples queda de energia acontece no bairro ele não tem sequer uma lanterna, ou lampião para abrigar a sí ou a sua família.
Poxa batata, mas lanterna é o básico, você deve estar pensando e eu concordo contigo, acontece que a vaidade de mostrar a faca valiosa impera, gera uma falsa ilusão de preparo e literalmente corrompe o meio, levando outros a imaginar que o processo de preparação para emergência começa ali.
O processo de preparação se inicia, atendendo pequenas demandas básicas, corriqueiras e comuns, suprindo com eficiência aspectos com ocorrências estatísticas maiores. Uma queda de energia é um ótimo exemplo. Não importa muito se você é o único da casa que acredita no preparo prévio, o que importa é que consiga suprir sua família da ameaça em potencial da escuridão, usando uma simples lanterna, vc pode evitar uma série de desventuras, ou simplesmente garantir que nenhum acidente aconteça.
Vamos ampliar isso um pouco. Porque gastar uma fortuna em uma única faca bibelô, se a área que mora tem um alto índice de violência urbana? Sim, facas são úteis, mas engolindo a vaidade, você pode garantir um sistema de alarme e vigilância, ou proteções adicionais, como grades e trancas. De nada vale sua faca se você for surpreendido dormindo, ou roubado quando não está presente.
Outro caso curioso, este recente, um preparador que faz um sacrifício danado para comprar, todo mês uma pequena cota de MRE´s (Rações militares gringas) para suas preparações. Óbvio que aos poucos, o estoque sobe e toma forma, e enquanto eventos funestos não surgem no horizonte, porém, este mesmo colega, não dispõe de 2kg de arroz… arroz simples e ordinário de mercado, armazenado em uma garrafa PET. Motivo: Caixas e mais caixas de caras MRE´s fazem fotos mais bonitas no Facebook.
A próxima da lista: Uma educadora sobrevivencialista. A moça escreveu uma postagem ótima, muito completa de livros e jogos para entreter a molecada, itens fáceis de achar, baratos e que podem manter os pequenos ocupados por dias. Imagine um cenário de crise extrema com crianças em um abrigo que você entenderá a utilidade disso, porém, numa conversa perguntei sobre o dia a dia de sua casa, a autora do ótimo texto para crises extensas, nunca se preocupou em fazer um “pente fino” na casa, removendo ameaças em potencial do alcance dos pequenos, coisas como cloro em garrafas pet, gavetas de facas sem trancas, produtos de limpeza e outros potenciais riscos jamais foram cogitados ali, lembrando que, a casa em geral é a recordista de acidentes com crianças. Muitos se preparam pra enfrentar o fim dos tempos ( talvez) e ignoram os perigos do dia a dia.
O que é o básico do sobrevivencialismo e preparação então?
Bom, me diga você!
Eu posso perder horas e horas escrevendo coisas como: “Compre uma lanterna”, “tenha um pequeno extintor de incêndio”, “monte e saiba usar um kit de primeiros socorros básicos”, “Equipe uma BOB” e por aí vai, sim, são dicas valiosas para iniciantes, admito, mas a verdade, é que autor nenhum, num texto aleatório qualquer vai conseguir captar a verdadeira essência de suas necessidades básicas.
É você, estudante, entusiasta ou só simpático ao tema que tem a real noção de sua realidade e das necessidades mais comuns no seu dia a dia e dos que você visa proteger.
É importante desenvolver uma consciência de auto preservação real e não fantasiosa, motivada por arroubos de consumo. Observe, sinta, reconheça pequenas ameaças comuns e se prepare para transpor ou neutraliza-las da melhor forma possível.
Que tal se preocupar um pouco mais com as ameaças mais simples primeiro, e só então ir caçar asteroide fantasma em rota de colisão com seu telhado?
Aos amigos e leitores, lembro, seus comentários são extremamente valiosos para futuros preparadores e iniciantes e seria ótimo se pudessem contribuir, deixando dicas básicas e “lembretes” de como tornar o dia a dia mais seguro, afinal, o diabo mora nos detalhes, e tem muita gente ficando no escuro agarrado a um pedaço de aço amolado de mil reais.
Abraços.