Toda vez que se escuta falar sobre a implacável perseguição sofrida pelos cristãos primitivos, sem sombra de dúvidas a questão mais enfatizada é a horrenda sequência de mortes ocorridas nas arenas romanas. E, quando se pensa em “arena romana”, a primeira coisa que nos vem à mente é o grupo de animais ferozes que costumava ser solto sobre os crentes indefesos. Todavia, em meio à esta narrativa histórica tão aterrorizante, existe um fenômeno lindo e, ao mesmo tempo, espetacular que, embora tenha sido amplamente documentado; raramente é mencionado: o fato de terem sido raras as ocasiões em que seguidores de Cristo morreram devorados por alguma fera.
Não que isso murche, porém, toda a carga emocional e dramática presente em tais relatos. Na realidade, a parte que costumeiramente nos é omitida pelos livros modernos e canais de documentários vem a ser ainda mais impactante, pois, apesar de ser verdadeira a alegação de que boa parte daquelas plateias sanguinárias se convertia perante a alegria e a certeza da salvação presentes no semblante dos martirizados; inegavelmente a maioria se via marcada por um outro fator: a recusa de muitos animais em atacar prisioneiros cristãos (sim, exatamente como no famoso episódio do profeta Daniel).
Tal ocorrência não entrou para a história à toa: era algo comum ao cotidiano dos anfiteatros romanos, sempre lotados com algo em torno de 100.000 a 150.000 testemunhas.
Os trechos a seguir foram retirados do livro “Os Mártires do Coliseu” (p.27, 54-55):
Quando as feras eram postas na arena (…), tudo o que pudesse provocá-las ou excitá-las era estudado com a mais cruel destreza. As cores mais detestadas pelo animais eram espalhadas em profusão à sua volta; eles eram açoitados com chicotes, e as laterais de seus corpos, rasgadas com ganchos de ferro; pratos de ferro aquecidos eram presos a eles, e bolas de fogo eram postas sobre suas costas. Assim, as feras enfurecidas corriam em volta da arena; a terra tremia ao troar de seus rugidos agonizantes. O peito inflado dos animais parecia arrebentar sob o fogo da cólera que os enlouquecia. Seus olhos faiscavam de raiva, e arrancando a areia com as garras, eles envolviam-se numa nuvem de pó.
Eusébio, que foi uma testemunha ocular de algumas dessas cenas, descreve com eloquência e sentimento como as bestas selvagens foram incapazes de causar dano aos cristãos, e voltaram-se aos pagãos com fúria destrutiva. “Às vezes”, conta ele, “investiam contra os campeões de Cristo nus e indefesos, mas detendo-se como que por um poder divino, voltavam a suas cavernas. Isso acontecia repetidamente, e despertava a admiração dos espectadores; por exigência deles, quando a primeira fera se recusava a atacar, uma segunda e uma terceira eram enviadas contra o mártir, mas sem qualquer efeito.
“Você teria ficado boquiaberto”, continua Eusébio, “diante da firme intrepidez daqueles santos campeões, e da fortaleza impassível demonstrada por pessoas da mais tenra idade. Podia-se ver jovens, que ainda não haviam completado vinte anos, resistirem imóveis no meio da arena, enquanto oravam a Deus com fervor, e não se retraiam de onde estavam nem mesmo quando os ursos e leopardos, respirando ira e morte, quase lhes tocavam o corpo com o focinho. Podia-se ver outros lançados à frente de um touro enfurecido, que atava os pagãos que se aproximassem, atirando-os ao ar com os chifres, e deixando-os semimortos; mas, quando esse mesmo touro, berrando de raiva, investia contra os mártires, não podia aproximar-se deles: engravatando a areia com as patas, arremessando os chifres de um lado para o outro, e resfolegando raiva e violência por haver sido irritado com as brasas incandescentes, o animal enfurecido era, a despeito de tudo, puxado para trás por mão invisível. E outros ainda, depois de os animais selvagens haverem sido inutilmente provocados, eram mortos à espada, e seus restos mortais, em vez de serem sepultados, eram entregues às ondas do mar” (História Eclesiástica, livro VIII).
(…) A reverência que os animais dispensavam aos mártires é demonstrada de modo tocante na circunstância que citaremos dos Atos de três mártires de Tarso, apresentados nos anais de Baronio, no ano 290. (…) Esses mártires, Taraco, Probo e Andrônico, haviam sido torturados da maneira mais cruel em Tarso, na Cilícia; foram transportados de lá para Mopsueste, onde foram novamente submetidos a indescritíveis barbarismos, e depois, atormentados de novo em Anazobus. Ficaram tão cobertos de ferimentos, e com os ossos quebrados e puxados de suas articulações, que quando Máximo, o governador, desejou finalmente expô-los às bestas no anfiteatro, foi necessário que os soldados obrigassem alguns homens a carregar pelas ruas os seus corpos quase sem vida. “Quando vimos aquilo”, contam os três cristãos que (…) sepultaram os restos desses mártires, “viramos o rosto e choramos. E quando os seus corpos esfacelados foram arremessados dos ombros dos homens ao chão da arena, os espectadores, horrorizados pela visão, começaram a murmurar contra o governador; muitos deles levantaram-se e deixaram o teatro, expressando seu desgosto pela feroz crueldade. Máximo, então, mandou os guardas junto de si tomarem os nomes daquelas pessoas, pretendendo acertar contas com elas. A seguir, ordenou que as feras fossem soltas sobre os mártires, e quando elas não os tocaram, determinou que os tratadores fossem açoitados. Um urso, que devorara três homens naquele dia, agachou-se aos pés de Andrônico, e pôs-se gentilmente a lamber-lhe as feridas, não se importando que o mártir lhe puxasse os pelos numa tentativa de irritá-lo.
Enfurecido, o governador ordenou que os lanceiros transpassasse o urso. Terentiano, o organizador dos jogos, temendo a ira do tirano, tratou de garantir o sucesso da carnificina, determinando que uma leoa trazida de Antioquia por Herodes fosse solta sobre os mártires. Porém, para terror dos espectadores a leoa pôs-se a saltar no lugar onde estivera reclinada, e quando finalmente puderam trazê-la até os mártires, ela abaixou-se diante de Trácio, portando-se mais como um cordeiro que como uma leoa.
Gritos de admiração romperam de todo o anfiteatro; acabrunhado, Máximo gritou com os tratadores para que provocassem a leoa. A felina, porém, com outro salto, abriu caminho através da paliçada, e voltou à sua toca. Terentiano, o organizador, recebeu então ordens de prosseguir, sem mais delongas com os gladiadores, instruindo-os a, primeiramente, executar os mártires a espada.” [Leandro Pereira]
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O COLISEU ROMANO – Centenas e centenas de cristãos entravam no Coliseu Romano cantando hinos de louvor. Eles caminhavam para a morte como uma noiva caminha para os braços de seu noivo. Eles comemoravam a morte, como um adolescente comemora seu melhor aniversário. Afinal, tinham um Líder: Jesus Cristo, o ressuscitado, a estrela de brilho eterno, o Inventor da Vida, o maior Líder carismático da História.
No Coliseu feras esfomeadas comiam as mãos daqueles que, minutos antes, oravam a Deus. Imaginemos Lúcifer dizendo pela boca dos carrascos: “Se você não abandonar essa doutrina estranha eu rasgo o ventre desse seu filhinho pela espada”. E dezenas de mães cristãs, segurando o cadáver de seus filhos nas mãos, se atiravam na violência sanguinária de leões embriagados de sangue. Por meio de Roma, Satanás tem perseguido o povo de Deus.
No Apocalipse, capítulo 12, fala-se de Roma sob a figura de um dragão. É que Satanás, o dragão, se utilizou de Roma pagã e papal a fim de perseguir o “Varão”, Cristo, e a “mulher” a igreja cristã. Roma havia de levantar-se contra Cristo, o Príncipe dos príncipes, e isto fê-lo no ano 31 A.D., quando, por autoridade dos romanos, foi Cristo posto à morte (Daniel 9:25; Atos 3:15). Havia de destruir o santuário e tirar o sacrifício contínuo, como também fora predito em Daniel 9:26. Isto se cumpriu no ano 70 A.D., quando da destruição de Jerusalém pelos romanos, ao mando do general Tito.
Satanás, não podendo destruir a Cristo, concentrou todo o peso de sua hoste contra os cristãos. Mas a implacável fúria de suas investidas era debalde, pois quanto maior o número dos trucidados por causa da fé, tanto maior o número dos novos conversos. O sangue dos mártires era qual semente que, quanto mais se derramava mais brotava.
Lançando um olhar profético através de longos séculos no futuro, de trevas e superstição, o apóstolo viu não só multidões de cristãos morrerem a gloriosa morte de mártires da fé por causa de sua inflexível fidelidade à Palavra de Deus; mas também a recompensa dos fiéis na vinda de Cristo.
As catacumbas, sob as colinas, fora da cidade de Roma, serviram de refúgio para inúmeros cristãos. Ali faziam culto segundo os ditames de sua consciência; ali sepultavam seus mortos; e ali se abrigavam quando suspeitos. Quantos não sairão desses sombrios subterrâneos, quando Cristo vier buscar os Seus seguidores!
Quando martirizados, não se ouvia queixume algum de suas bocas. Tudo suportavam com paciência, “regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus” (Atos 5:41). Cânticos de triunfo ascendiam dos seus lábios, quando atados para a fogueira. Tortura alguma lhes era pesada demais, diante da promessa: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
Satanás viu que seus esforços apenas traziam resultados contraproducentes. Na criação, o domínio do mundo foi dado ao homem. Mas, pela sua desobediência a Deus, foi-lhe arrebatado o domínio por Satanás, que assim, se tornou “o príncipe deste mundo” (João 12:31). O homem, porém, não foi deixado sem esperança. Pelo plano da redenção, foi-lhe facultada a possibilidade de sacudir de si o jugo de Satanás e tornar-se súdito do reino de Cristo (Lucas 19:12; 1 Coríntios 4:8; Hebreus 12:28).
Cristo virá, segunda vez, como “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:16), e então estabelecerá o reino da glória (Mateus 25:31). A Cristo, Deus “constituiu herdeiro de tudo” (Hebreus 1:2). “E, se somos filhos (de Deus), somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Romanos 8:17). O “primeiro domínio” (Miquéias 4:8), perdido pelo pecado, ser-nos-á devolvido. Ouviremos da boca do Rei: “Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25:34).
INQUISIÇÃO: UM PODER PERSEGUIDOR – No ano 1798, ao terminarem os 1.260 anos de poder perseguidor (538 + 1.260 = 1.798), o general napoleônico Berthier fez uma ferida mortal no papado. Anulou o código de Justiniano, desapropriou o papado dos cinco Estados que este tinha no centro da Itália e tirou-lhe os poderes temporais. A ferida foi tão profunda que pareceria que o papado não se recuperaria mais dela. O papa Pio VI foi levado para o cativeiro (Apocalipse 13:10) e seus sucessores se autorecluíram no cativeiro, negando-se a aparecer em público até que se lhes restituíssem os poderes temporais.
Em 1929 Benito Mussolini assinou a célebre concordata com o papado, dando-lhe os 44 hectares que hoje constituem o Estado do Vaticano, recuperando-se assim o poder temporal dos papas. Desde aquela época voltaram a mostrar-se em público com poder e popularidade crescentes, fazendo viagens e sendo aclamados por multidões, inclusive em países protestantes como os Estados Unidos em outros do bloco comunista e mesmo das Nações Unidas.
As estatísticas mais conservadoras revelam que mais de cinquenta milhões de homens, mulheres e crianças foram mortos pelos exércitos papais. A Inquisição Romana, Medieval e Espanhola, a história dos Valdenses, dos Albigenses, e dos bravos Huguenotes são somente alguns exemplos (Leo Schreven, Now That’s Clear, pág. 31).
O número de cristãos mortos pela Inquisição papal excede em muitos milhares o número de cristãos e judeus mortos pelo Império Romano pagão. “Os protestantes eram tidos na conta de proscritos, punha-se a preço a sua cabeça e eram acossados como animais selvagens… O mais negro, porém, do negro catálogo de crimes, a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os hediondos séculos, foi o massacre da noite de São Bartolomeu (24 de agosto de 1572). O rei da França, pressionado por sacerdotes e prelados romanos, sancionou a hedionda obra” (O Grande Conflito, págs. 271 e 272).
Lord Acton, um católico chamou a Inquisição de “homicídio” e declarou que os papas “foram não somente homicidas em grande estilo, mas eles fizeram do homicídio a base legal da igreja cristã e uma condição de salvação” (Dave Hunt, A Woman Rides the Beast, pág. 244).
Fonte: http://www.apocalipsenews.com/brasil/o-que-poucos-sabem-a-respeito-dos-cristaos-nas-arenas-romanas/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+apocalipsenews%2FzLjp+%28Apocalipse+News%29