Adventismo e poligamia
Extraído de “Adventistas .poligâmicos, injustiçados” — Revista Zelota.
Por Ronald Lawson, Sociólogo adventista australiano e colunista da revista Zelota.
Os adventistas chegaram na África quando o trabalho missionário cristão já estava bem estabelecido. Os primeiros missionários adventistas foram enviados à África do Sul em 1887, e de lá se espalharam para o norte, para o sul e depois para a Rodésia do Norte (que agora são Zimbábue e Zâmbia) durante os 15 anos seguintes.
Eles entraram na África Ocidental Inglesa, começando com a Costa Dourada (Gana), em 1894, África Oriental Alemã (Tanzânia) em 1903, Quênia em 1906 e Etiópia em 1907. As colônias francesa e belga não foram invadidas até depois da Primeira Guerra Mundial. No entanto, o evangelismo adventista tem sido especialmente bem-sucedido no continente africano: no final de 2019, 44,4% de seus 21,6 milhões membros eram africanos.
Os adventistas seguiram um percurso errático quanto à poligamia por várias décadas. Sua primeira tentativa de chegar a um consenso sobre uma política para convertidos polígamos foi feita em 1913, quando os missionários presentes na sede da Associação Geral (AG)em Washington [alguns edifícios tinham um endereço em Maryland e outros em Washington]foram chamados para uma “mesa redonda”, a fim de discutir uma recomendação elaborada por um “comitê da poligamia em terras pagãs”.
A discussão revelou variações consideráveis na prática. Enquanto a maioria das missões adventistas recusava o batismo de polígamos, os adventistas na Índia mantinham a prática em algumas de suas missões, batizando polígamos convertidos, mas não permitindo que ocupassem cargos de destaque na igreja. Havia grandes diferenças na maneira como as esposas envolvidas em um casamento poligâmico eram tratadas. Enquanto a maioria das missões encorajava os polígamos a repudiar suas esposas adicionais, na Coréia e na África do Sul era exigido que o homem sustentasse todas as suas esposas enquanto vivia com apenas uma delas.
Os missionários da China e de Java, na Indonésia, acusaram a insistência no divórcio de ser injusta com as mulheres e crianças. O grupo eventualmente recomendou que quando um homem polígamo se tornasse cristão “ele fosse aceito na igreja, com a condição de sustentar todas as suas esposas e filhos, mas que vivesse apenas com sua primeira esposa legítima”; ele não seria elegível para ocupar um cargo na igreja. Da mesma forma, uma esposa plural precisaria se separar de seu marido antes de ser admitida como membro.
Ou seja, nenhum candidato a convertido que continuasse a viver em poligamia poderia ser batizado. Embora a recomendação original feita ao grupo permitisse que esposas que não conseguissem obter o divórcio de seus maridos fossem aceitas como membros, isso foi rejeitado quando os missionários relataram que outras igrejas missionárias não tolerariam isso. Essas recomendações foram então votadas pela AG como diretrizes aos missionários no campo.
No entanto, as diretrizes de 1913 falharam em alcançar uma prática uniforme entre as missões adventistas. A extensão da diversidade na prática foi revelada por uma segunda mesa redonda missionária realizada em 1926. A principal diferença era entre duas das divisões da Igreja, cada uma das quais com uma base doméstica dominada pelo Ocidente e encarregada de um “campo missionário” na África. Esta assembleia foi convocada logo após a Divisão Africana, sediada na África do Sul e com um campo missionário que se estendia até o norte do Congo, adotar uma Política de Trabalho liberal para polígamos convertidos.
Isso foi feito depois que W. H. Branson, o presidente da Divisão, percebeu o peso da oposição entre alguns povos à imposição do divórcio em famílias poligâmicas, e descobriu a variedade de respostas à poligamia em seu território socialmente diverso. Como a Divisão incluía sociedades matrilineares e patrilineares, em algumas partes o divórcio era fácil e em outras impossível: “Por essa razão, concordamos em fazer concessões, e concordamos em batizar aqueles que a Igreja tiver conhecimento”; entretanto, “de acordo com as Escrituras”, tais membros não eram elegíveis para ocupar cargos na igreja.
Em contraste, a Divisão Europeia, cujo campo missionário abrangia a maior parte da África Ocidental e Oriental, que era principalmente patrilinear e altamente poligâmica, obedeceu estritamente a Declaração de 1913 e, portanto, não batizou nenhum polígamo praticante.
Embora fosse sensível aos problemas humanos e sociais causados pela exigência de que as pessoas rompessem suas uniões poligâmicas — seu porta-voz referiu-se à “necessidade de recusar o batismo a polígamos genuinamente convertidos como uma de suas experiências mais tristes na África” — eles sentiam que a concessão era muito perigosa nesta ‘fortaleza do paganismo’”.
A prática da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre o assunto também foi dividida na Ásia, onde polígamos foram batizados na Índia, mas não na maioria das Divisões do extremo Oriente e na China.
A Assembleia Geral de 1926 revelou uma divergência tão grande entre opinião e prática que os líderes da IASD decidiram nomear uma comissão “para estudar cuidadosamente a questão da poligamia e a posição que deveria ser tomada em relação a ela”. Uma resolução conservadora foi redigida, revogando a nova política da Divisão Africana, que recebeu a mais alta autoridade quando foi aprovada pela AG em sessão: a partir de agora, “de forma alguma um homem que vive em poligamia deve ser admitido no rol de membros da Igreja”.
Por exemplo, um de seus missionários enviou para a AG um manuscrito argumentando veementemente contra a política de separar famílias, enfatizando as “dificuldades e as consequências degradantes que as mulheres nativas suportam quando são forçadas a abandonar suas casas e muitas vezes seus filhos, no momento em que elas são deixadas por seus maridos quando eles aceitam a fé cristã”. O apelo da Divisão teve sucesso em criar uma comissão indicada para estudar a “Poligamia entre as Etnias Primitivas”, com Branson como um dos três membros da comissão.
O relatório desta comissão foi tratado com tanta urgência que foi levado para o Concílio Anual da AG em 1930, em vez de esperar até a Assembleia Geral de 1932. A resolução votada ali reverteu dramaticamente a decisão de 1926, permitindo o batismo de convertidos polígamos nas culturas onde os costumes da etnia resultariam em “grande injustiça” para esposas inocentes rejeitadas e seus filhos. Isso deu à IASD uma política que era muito mais liberal do que as das principais igrejas missionárias na África, e notavelmente independente de seus pontos de vista. No entanto, as Divisões Europeias rejeitaram esta política com o fundamento de que uma decisão tomada numa Assembleia Geral havia sido anulada por um órgão inferior, e continuou a aderir à decisão mais restritiva de 1926.
Foi fácil para os extremistas levantarem oposição a uma política liberal para a poligamia nos Estados Unidos e na Europa. Um elemento importante no argumento da oposição era que a posição liberal dava a outras missões um motivo para reclamar de que os adventistas “pegavam leve” com a poligamia.
A IASD, portanto, estabeleceu essa postura conservadora apenas alguns anos antes que tais regras fossem submetidas a uma análise crítica dentro da comunidade cristã mais ampla na África. Essa política ainda é a sua posição oficial.
Prática Atual
Em quase todos os lugares, a primeira opção mencionada pelos adventistas que entrevistei na África é que o homem polígamo se divorcie de todas as esposas, exceto uma, antes que o batismo seja permitido. Alguns se referiram a um período de espera adicional antes do batismo para garantir que tal homem cumpra sua decisão. Em algumas áreas, espera-se que ele continue a apoiar as esposas que expulsou.
No entanto, como a experiência na maior parte da África demonstra que os maridos não querem ou não podem se divorciar de suas esposas, uma segunda opção era geralmente listada. Com isso, as esposas que se convertem são batizadas (geralmente não são consideradas polígamas porque têm apenas um marido), mas seu marido é mantido em uma situação deplorável às margens da igreja, sem batismo ou acesso à santa ceia, geralmente como membro da Escola Sabatina.
É esta segunda opção que se torna cada vez mais utilizada. Na verdade, na Nigéria esta se tornou a única prática, sem nenhuma tentativa de persuadir o marido a se divorciar de suas esposas. No Zimbábue, a política é interpretada de forma mais estrita: se for escolhida a segunda opção, apenas a primeira esposa é batizada, com o argumento de que ela é a única inocente.
Abaixo desse padrão está outra camada de diversidade, que apareceu ao longo da história adventista na África. Este é o grau de flexibilidade permitido ou encorajado por figuras influentes da igreja — inicialmente missionários, frequentemente tornando-se administradores — em diferentes áreas.
Um missionário relatou que “sempre tentamos não perturbar uma família quando os filhos são pequenos”; outro falou sobre um presidente de Divisão que costumava dizer que todos os envolvidos deveriam ser batizados a fim de evitar maior constrangimento — mas que nunca oficializou isso por escrito. Embora alguns administradores tenham tentado cumprir as diretrizes ao pé da letra, outros, observando os desastres humanos que essas ações causaram, aprenderam a recuar.
Quando pedi aos entrevistados que avaliassem a política implementada, suas avaliações diferiram consideravelmente. Embora os administradores estivessem divididos, em geral eles eram mais positivos. Os pastores também estavam profundamente divididos, geralmente de acordo com a idade.
No entanto, a maior parte dos leigos, e especialmente os professores em todos os níveis, falaram negativamente da política oficial. As avaliações diferiram a ponto de serem pólos opostos, em quão bem as esposas rejeitadas eram cuidadas e com que frequência as esposas sustentadas por seus ex-maridos engravidavam deles: administradores tendiam a transmitir relatos favoráveis, enquanto pastores, muito mais imersos no sistema que era posto em prática, citavam muitos exemplos de ex-esposas engravidando caso seus ex-maridos concordassem em sustentá-las, ou de esposas abandonadas sendo separadas de seus filhos e ficando desamparadas a ponto de recorrerem à prostituição.
Quando o divórcio é imposto ou escolhido, os adventistas geralmente permitem que o marido escolha livremente qual esposa será legítima, e esta geralmente é a mais jovem. As esposas não têm escolha aqui — nas palavras de um ex-presidente da União, “as esposas devem se submeter ao que o marido escolhe”. É muito triste para uma mulher ser expulsa na velhice, mas uma jovem não ser mais considerada uma esposa, especialmente quando não é elegível para um novo casamento, também deve ser devastador.
Frequentemente, é o marido mais zeloso que recusa a opção do divórcio. Embora suas esposas possam ser batizadas, tornar-se membros da igreja e participar da santa ceia, ele deve permanecer, na melhor das hipóteses, às margens da igreja enquanto seu casamento plural continuar. Ele é sempre um cidadão de segunda classe: seus dízimos e ofertas são esperados, mas ele deve ir embora no momento da santa ceia. Por não ser batizado, ele tem medo de estar perdido para sempre. A prática o deixa em um limbo espiritual, marginalizado pela comunidade de fé — uma situação quase insustentável para um membro de uma sociedade comunal. As comunidades não podem ser “uma em Cristo” quando existem duas condições distintas.
Não é de surpreender, então, que muitos maridos se cansem de sua situação ambígua e desapareçam da igreja, e que as esposas expulsas percam sua experiência de conversão e muitas vezes fiquem amarguradas com a igreja. Consequentemente, as crianças muitas vezes também se perdem para a igreja. O progresso do adventismo é lento entre os polígamos, sejam estes animistas ou muçulmanos. Os convertidos em potencial frequentemente rejeitam o convite adventista quando as regras relativas à poligamia são explicadas, voltando-se para as igrejas africanas nativas ou para o islamismo, onde famílias poligâmicas são acomodadas sem problemas. Isso muitas vezes deixa as IASD com um déficit de homens, então as mulheres precisam liderar — uma situação surpreendente em sociedades onde as mulheres são tradicionalmente vistas como inferiores. Isso também torna a IASD na África economicamente pobre, embora esteja crescendo rapidamente, pois as mulheres geralmente só podem ofertar se seus maridos forem generosos com a causa, enquanto a política para a poligamia tende a excluir os homens mais ricos.
Diferenças, debates e demandas de mudança
As profundas diferenças entre os adventistas africanos reveladas nessas questões refletem um duro debate que está em andamento desde os anos 1970. A diferença mais clara era entre os pastores mais velhos e os mais jovens; esta foi fortalecida pelo fato de que os pastores mais velhos receberam muito menos educação formal. Estes últimos tendiam a ver a política que mantém os polígamos praticantes fora da membresia da igreja como um teste decisivo, no qual a igreja só poderia obter um perfil puro e nobre. Como eles têm interesse na política tradicional — suas próprias opções de casamento foram moldadas por ela — eles se sentiriam profundamente humilhados e traídos se ela fosse abandonada agora. Além disso, a aplicação dessa política lhes deu grande autoridade, que seria prejudicada se ela fosse alterada. A maioria dos administradores da igreja e um ou dois educadores também apoiaram a política, não querendo admitir a magnitude de seus problemas, argumentando que “ela é conhecida, bíblica e cristã” e que, uma vez que a prática está enfraquecendo diante das mudanças sociais, não há necessidade de mudar de posição. Vários explicaram que desejam manter o padrão, apesar dos registros da igreja americana sobre o divórcio.
Os pastores mais jovens, por outro lado, tendiam a considerar essa política como algo que fazia mais mal do que bem, como fatalmente falha e moralmente falida. Esses pastores conversam muito entre si sobre os problemas dessa política, criticando-a por sua falta de compaixão e seu impacto negativo na economia da igreja. Seus sentimentos são compartilhados por leigos educados, que escrevem frequentemente sobre o assunto para jornais da igreja, por uma série de seus administradores, pela maior parte dos missionários e por educadores proeminentes. Por exemplo, uma tese de Doutorado em Ministério, concluída pelo então presidente do Colégio Adventista na Nigéria, foi um apelo apaixonado à mudança: “A proclamação do evangelho deveria ameaçar a estabilidade familiar, romper convênios sociais e até mesmo separar mães de seus filhos? Não é possível, no mínimo, para a igreja permitir o batismo de um polígamo arrependido, santo e consagrado e de suas esposas, se o evangelho os alcançou nesta situação?”
Tentativas de mudar a política
O vigoroso debate entre os adventistas africanos durante os anos 1970 e início dos anos 1980 preparou o caminho para tentativas de mudar a política. O que antes eram três divisões foram combinadas na Divisão África-Oceano Índico [Africa-Indian Ocean Division — AID] em 1980, o que fez com que os vários graus de flexibilidade permitidos pelas administrações anteriores criassem uma diversidade considerável na prática. A necessidade de esclarecer a política na nova situação juntou-se ao descontentamento expresso com ela. Isso foi articulado inicialmente pela Divisão da África Oriental [East African Division — EAD], que elegeu seu primeiro presidente africano em 1980: Bekele Heye, da Etiópia. Ele me disse que “a política estava errada — a IASD estava forçando o divórcio, as mulheres eram abandonadas, privadas de suas casas e maridos legais. Isso não estava em harmonia com a Bíblia! Devíamos ter aceito os membros poligâmicos como os encontramos, com várias esposas, e simplesmente insistido para que não acrescentassem mais ninguém. Então, no Concílio Anual, eu chamei a atenção da Associação Geral”.
O presidente missionário da AID, Robert Kloosterhuis, juntou-se ao empreendimento por causa dos problemas que havia encontrado em seu novo território, e o presidente da AG, Neal Wilson, prestou seu apoio. Wilson sabia, por passar anos no Oriente Médio, que a política adventista para a poligamia era um grande problema entre os muçulmanos, que provavelmente só se converteriam como unidades familiares. Além disso, ele estava frustrado por uma política que declarava um grande número de convertidos inelegíveis para o batismo. Ele estava, portanto, interessado em buscar uma política alternativa. Essa busca tornou-se mais apropriada pelo fato de que outras missões cristãs estavam olhando novamente para o assunto. Os adventistas mostraram considerável interesse nas mudanças nas políticas das outras missões. Consequentemente, Wilson criou uma nova comissão no outono de 1981 para considerar as exigências que o adventismo fazia aos novos convertidos que já estavam em casamentos poligâmicos. No entanto, a comissão não conseguiu chegar a um consenso e houve vários pedidos de estudos adicionais. A comissão continuou por vários anos, durante os quais sua polarização se aprofundou.
Poucos americanos e europeus entendiam o problema; eles achavam a ideia da poligamia desagradável, e a perspectiva de admitir membros poligâmicos os fez temer pela reputação de sua igreja. No entanto, quando os africanos acusaram os ocidentais de apoiarem a monogamia em série na forma de divórcio generalizado e novo casamento em suas próprias Divisões, embora isso fosse claramente contra as declarações atribuídas a Jesus nos Evangelhos, e de não estarem dispostos a apoiar as famílias poligâmicas na África simplesmente porque eram muito estranhas à sua cultura, embora houvesse algum apoio bíblico a essa forma familiar, eles abrandaram sua oposição. As perspectivas de uma nova política ruíram quando a unidade africana se desgastou. Os pastores mais velhos, que tinham sido restritos a uma esposa pelas políticas da igreja, refrearam-se com a ideia de que os homens polígamos teriam permissão para reter suas esposas. Muitos pastores africanos também expressaram temor de que uma reviravolta nesta questão encorajaria os membros leigos a questionar outras posições mantidas pela igreja. Como resultado dessa oposição, a questão foi arquivada após o Concílio Anual de 1987.
Enquanto isso, entretanto, a prática adventista a respeito da poligamia mudou gradualmente, apesar do fracasso anterior em atualizar a política. Um número crescente de pastores e evangelistas silenciosamente mudou sua prática, estendendo a flexibilidade com a qual a política foi implementada em diferentes partes da África. Por exemplo, evangelistas americanos conduziram grandes cruzadas resultando em batismos tão numerosos que era impossível verificar se os convertidos eram poligâmicos. Um pastor comentou comigo: “Os evangelistas americanos estão atrás de números, não de santos”. Os administradores perplexos explicaram que era impossível desassociar esses conversos por situações que já existiam antes de serem batizados. Um número crescente de pastores locais, que também estavam sob pressão para cumprir metas mais elevadas para os convertidos, também escolheu batizar famílias inteiras. Alguns pastores me relataram que permitiram que polígamos ocupassem cargos em suas igrejas. Vários pastores relataram que haviam escolhido batizar homens polígamos que eram membros da Escola Sabatina há muito tempo quando parecia que suas mortes estavam se aproximando. Alguns acrescentaram que o fizeram sem informar os administradores, outros que os administradores, quando informados, optaram por ignorar. A lacuna entre a política oficial e a prática real continua a aumentar.
Resumo
Que fatores moldaram a política e a prática adventista?
1. Apesar da separação do Adventismo de outras missões protestantes, sua política para com os convertidos poligâmicos geralmente tem sido fortemente influenciada pelo consenso prevalecente entre elas. Os líderes adventistas não queriam parecer relaxados, então se sentiam confortáveis quando as políticas adventistas estavam alinhadas com as de outras pessoas conservadoras importantes.
2. Os americanos viam os polígamos como estigmatizados — eles eram pecadores e perversos, da mesma forma que a maioria via os homossexuais. Visto que o adventismo está centrado nos Estados Unidos , seus líderes estavam, sem dúvida, cientes do descrédito que a poligamia mórmon havia gerado ali.
3. Muitos, especialmente alguns que tomam decisões mais intimamente envolvidos, foram movidos pela compaixão às vítimas humanas dessa política. Embora esta tenha sido a motivação por trás das mudanças de política na Divisão Africana em 1926 e na Associação Geral em 1930, ela geralmente era expressa mais individualmente do que organizacionalmente. A menor prioridade atribuída à compaixão na maior parte do período é confirmada pelo fato de que embora a igreja estivesse pressionando os homens polígamos a expulsar suas esposas adicionais, a igreja fez pouco para ajudar as rejeitadas. De fato, um movimento dissidente rompeu com o adventismo no Zimbábue na década de 1950, porque seu líder estava muito desapontado com o fracasso da igreja em apoiar suas viúvas, que teriam se casado poligamicamente com parentes de seus maridos se a igreja não tivesse proibido o casamento levirato.
4. Quando os adventistas fracassaram em compreender as funções das uniões poligâmicas e, em vez disso, as rotularam como adúlteras, reagindo com repulsa à poligamia e exigindo que o marido expulsasse suas esposas, eles estavam deixando de contextualizar a mensagem cristã e impondo valores ocidentais aos africanos.
5. A história deste artigo mostra um número surpreendente de comissões investigando a política adventista e chegando a conclusões divergentes. Ela também mostra uma quantidade notável de flexibilidade individual dentro de um sistema hierárquico centralizado. Quando nos concentramos nas mudanças na prática em relação aos convertidos polígamos, ao invés do fracasso em mudar a posição oficial da igreja, o desejo de ser compassivo está ultrapassando cada vez mais as regras. Este padrão é semelhante à questão das pastoras, onde as mudanças na prática estão cada vez mais contornando as regras. Ele também reflete a mudança gradual não oficial em direção a um acolhimento compassivo aos membros LGBTQIAP+ e aos seus relacionamentos e famílias presentes nas escolas adventistas, nas igrejas e nas famílias do mundo desenvolvido.
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