Não há nada escrito especificamente sobre a árvore de natal na Bíblia, porque o início da comemoração “cristã” do nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro, ocasião em que se realizava a festa do Sol Invicto, em honra ao deus Mitra, data do quarto século da era cristã. Mas através de um breve estudo bíblico, complementado por informações da História e da Arqueologia, é possível concluir que não nos convém reservar espaço para árvores de natal em nossa casa ou igreja.
Um pouco de Estória
Embora admita que o costume derive de cultos pagãos da região central da Europa, a literatura católica atribui a adoção e difusão do uso “cristianizado” da árvore de natal a Martinho Lutero e outros protestantes. Ao rejeitar em sua doutrina todo o uso de imagem, teriam eles recorrido a um outro símbolo para recordar o Natal.
Assim, a árvore que hoje recorda o nascimento de Jesus, simbolizaria uma nova Árvore da Vida, como aquela que existiu no Éden, da qual se colhe hoje o fruto da Salvação, que é presente de Deus para os homens.
Depois que o costume se espalhou pelo mundo através dos imigrantes protestantes, dizem esses historiadores que o uso da árvore de natal, como ícone cristão, teria sido finalmente adotado também pelos católicos. Desde então, na praça de São Pedro em Roma, junto ao presépio, ergue-se uma elevada árvore profusamente decorada, que é enviada como presente ao Papa, exatamente por comunidades católicas de países da Europa Central.
A História verdadeira
O culto a deuses pagãos, através de árvores que os representam ou atraem sua presença, antecede em milhares de anos ao nascimento de Cristo.
Pesquise em sua Bíblia e outras versões com uma concordância bíblica e, com certeza, você encontrará muitas referências a Asera, a Deusa Árvore ou Árvore Sagrada, no Antigo Testamento.
A palavra hebraica “asherah” é usada tanto para referir-se a Asera, deusa da fertilidade, conhecida tanto como mãe de Baal como por mulher dele, quanto para identificar uma árvore sagrada, ou poste-ídolo, que a representasse. Assim, a adoração pagã de Asera (também chamada Astarte, Astorete ou Asterote) estava ligada ao culto de árvores em bosques sagrados pelos semitas.
Já naquele tempo procurava-se justificar a idolatria relacionando-se, em textos e gravuras, o culto a Asera a um suposto retorno à Árvore da Vida. Entenda-se, porém, ‘vida” nesse contexto como fertilidade, reprodução e prazer. Os troncos de árvores em que imagens dessa deusa eram esculpidas, ou suas representações em metal (foto à esquerda), preservavam parte de seus galhos para assumir a forma de “árvore da vida” nesse sentido, sexual. Observe atentamente o “galho” central na figura ao lado.
Árvore proibida
Obviamente, nem todas as representações de Asera eram tão explícitas. Mas bastava uma árvore frondosa ou mesmo um tronco com parte dos galhos para que a ligação mental surgisse. Foi por isso que Deus proibiu expressamente a presença de qualquer árvore junto ao Seu altar: “Não estabelecerás poste-ídolo, plantando qualquer árvore junto ao altar do SENHOR, teu Deus, que fizeres para ti.” Deuteronômio 16:21.
É consenso entre os comentaristas bíblicos que essa recomendação divina visava a impedir toda a conformidade com os costumes idólatras dos gentios. Os israelitas estavam proibidos de se ajuntar com os pagãos para participar de seus cultos, não deveriam visitar seus bosques sagrados, nem curvar-se diante de suas imagens nos lugares altos, mas isso não é tudo. Estavam também proibidos de manter bosques ou mesmo uma única árvore próximo a um altar dedicado a Deus, para que o culto ao Deus verdadeiro fosse completamente diferenciado da adoração aos falsos deuses.
Os bosques ao redor dos lugares de culto dos pagãos serviam para ocultar os adoradores enquanto participavam das orgias e sacrifícios humanos que ali eram oferecidos. No culto ao Deus de Israel, não havia necessidade de que nada fosse feito em segredo. Não era preciso nem permitido nenhuma árvore ou tronco próximos ao altar divino. Nem havia necessidade de qualquer representação ou símbolo da divindade, porque Deus não divide Sua glória com nenhum ídolo ou objeto de culto.
Quem adorava Baal adorava também a Asera, através de seus postes-ídolos, feitos com pedaços de tronco de árvore ou árvores vivas, em que se começou a esculpir a figura de Asera, posteriormente chamada Astarte. Essas esculturas evoluíram a ponto de adquirirem formas cada vez mais humanas, mas eram posicionadas sempre junto a “árvores sagradas”, como as citadas em Jeremias 17:2; 1 Reis 14:23; 2 Reis 17:10.
Apesar de todas as advertências divinas, houve culto a árvores (postes-ídolos) nos mais sagrados santuários hebreus, em Samaria (2 Reis 13:6), em Betel (2 Reis 23:15) e até no templo de Jerusalém (2 Reis 23:6). O ato que coroou a reforma promovida pelo rei Josias foi a destruição de todos esses objetos de culto pagão (2 Reis 23:4-15).
Com seios salientes e quadris largos, as figuras de Asera datadas do décimo ao nono século encontradas em Gezer, carregam também a idéia de exagerada fecundidade (acima, à esquerda). Abaixo, você vê uma representação moderna de Asera, que é também chamada de “rainha do mar” e “aquela que anda sobre as águas”. Note que esse detalhe liga a inocente árvore de Natal dos templos adventistas aos rituais do candomblé brasileiro.
Porque o símbolo astrológico de Baal era o Sol, Asera é imaginada freqüentemente como a deusa da Lua, mas seu símbolo era realmente o planeta Vênus. Entre seus títulos, destacam-se “rainha do céu” (Jeremias 7:18; 44:17,19); senhora dos céus, do mar, da terra e do mundo subterrâneo; o grande princípio fêmea universal. Dizia-se que em suas mãos estavam a vida, a morte e a renovação de toda a natureza.
O nome Astarte é uma variação de Ishtar, deusa também chamada Ishtar-Astarte. Asera, também conhecida por Astarte, Astorete ou Asterote, como já dissemos, era de longe a divindade mais popular de Palestina antiga. Os principais elementos de culto dessas divindades eram rituais sexuais, fogo e sacrifícios humanos (geralmente crianças). Ofertas de produção, dinheiro e fornicação com as prostitutas cultuais eram consideradas formas de culto. Cantavam-se músicas ao som da lira, batidas de palma e castanholas, enquanto o satânico ritual acontecia.
O relato bíblico descreve parte dessa abominável forma de culto, praticada sob as “árvores sagradas” dos bosques de Asera. Veja Levítico 18:21-30 e Deuteronômio 12:30-32. E descobrimentos arqueológicos proporcionaram impressionante confirmação do registro bíblico.
O trabalho do Dr. Macalister na antiga cidade cananita de Gezer é um exemplo. Nesse local, entre os anos 1904-1909, o arqueólogo Macalister encontrou em um estrato (nível de escavação) evidências de que os artefatos localizados pertenciam ao período dos cananitas contemporâneos de Josué (cerca de 1.500 a.C.) e logo acima estava o estrato do período correspondente ao dos israelitas.
Tratava-se de um “lugar alto”, que tinha sido um templo onde os cananitas praticaram a adoração a seu deus Baal e sua deusa Asera. Havia uma espécie de muro ao redor de 45 m por 36 m, sem cobertura. Dentro dessa parte murada, havia cerca de dez pilares ou colunas com 1,5 m a 3,5 m de altura, com degraus para subir, nos quais se realizavam os sacrifícios. Alguns desses pilares de pedra tinham partes que chegaram a ficar polidas pelo roças das vestes e beijos dos devotos.
Placas com representações exageradas de órgãos sexuais evidenciavam a natureza sexual de seus cultos. Escavações localizaram nesse mesmo nível um altar hebreu, com a inscrição YHWH.
Toda a extensão desse lugar alto revelou-se como um local de sacrifício de recém-nascidos, provavelmente meninos primogênitos oferecidos a Baal e Asera pelos cananitas. Macalister encontrou um grande número de vasos de tamanho grande. que continham os restos de ossos de bebês. Não poderia ser um cemitério porque locais de sepultamento eram considerados impuros e impróprios para a adoração.
Outra cerimônia religiosa era a prática diabólica a que nomeavam “sacrifício para os alicerces” e que hoje chamamos de “lançamento da pedra fundamental”. Quando uma família queria construir uma nova casa, dirigia-se a esses bosques de árvores sagradas rodeados por colunas e muros para ali sacrificar um bebê recém-nascido. Após a morte do bebê, seu corpo era levado para o local da construção e misturado à massa e pedras do alicerce. Isso era feito supostamente “para dar boa sorte à família”. Muitos destes sacrifícios foram encontrados em Gezer, Meguido, Jericó e outros lugares. Os profetas de Baal e Asera eram os assassinos oficiais para esses meninos inocentes.
Árvore verde
Não é sem razão, portanto, que a expressão “árvore(s) verde(s)” tem conotação negativa ao longo de todo o Antigo Testamento. Mais de dez vezes ela aparece e, na maioria delas, a Palavra de Deus condena a idolatria mascarada por “bosques” ou “árvore verde”:
Deuteronômio 12:2-3 — Totalmente destruireis todos os lugares onde as nações que possuireis serviram os seus deuses, sobre as altas montanhas, e sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore verde; e derribareis os seus altares, e quebrareis as suas estátuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar.
I Reis 14:22-23 — E fez Judá o que era mau aos olhos do SENHOR; e o provocaram a zelo, mais do que todos os seus pais fizeram com os seus pecados que cometeram. Porque também eles edificaram altos, e estátuas, e imagens do bosque sobre todo alto outeiro e debaixo de toda árvore verde.
II Reis 17:9-12 — Os filhos de Israel fizeram contra o SENHOR, seu Deus, o que não era reto; edificaram para si altos em todas as suas cidades, desde as atalaias dos vigias até à cidade fortificada. Levantaram para si colunas e postes-ídolos, em todos os altos outeiros e debaixo de todas as árvores frondosas. Queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações que o SENHOR expulsara de diante deles; cometeram ações perversas para provocarem o SENHOR à ira e serviram os ídolos, dos quais o SENHOR lhes tinha dito: Não fareis estas coisas.
II Crônicas 27:1-5 — Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar e dezesseis anos reinou em Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do SENHOR, como Davi, seu pai. Antes, andou nos caminhos dos reis de Israel e, demais disso, fez imagens fundidas a baalins. Também queimou incenso no vale do Filho de Hinom, e queimou os seus filhos, conforme as abominações dos gentios que o SENHOR tinha desterrado de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore verde. Pelo que o SENHOR, seu Deus, o entregou nas mãos do rei dos siros, os quais o feriram e levaram dele em cativeiro uma grande multidão de presos, que trouxeram a Damasco; também foi entregue nas mãos do rei de Israel, o qual o feriu com grande ferida.
II Crônicas 28:1-4 — Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar e reinou dezesseis anos em Jerusalém; e não fez o que era reto perante o SENHOR, como Davi, seu pai. Andou nos caminhos dos reis de Israel e até fez imagens fundidas a baalins. Também queimou incenso no vale do filho de Hinom e queimou a seus próprios filhos, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR lançara de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore frondosa.
Isaías 57:3-8 — Mas chegai-vos para aqui, vós, os filhos da agoureira, descendência da adúltera e da prostituta. …que vos abrasais na concupiscência junto aos terebintos, debaixo de toda árvore frondosa, e sacrificais os filhos nos vales e nas fendas dos penhascos? Por entre as pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas te cairão em sorte; sobre elas também derramas a tua libação e lhes apresentas ofertas de manjares. Contentar-me-ia eu com estas coisas? Sobre monte alto e elevado pões o teu leito; para lá sobes para oferecer sacrifícios. Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos, puxas as cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez.
Jeremias 2:20 — Quando eu já há muito quebrava o teu jugo e rompia as tuas algemas, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo, em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore verde te andas encurvando e corrompendo.
Jeremias 3:6 — Disse mais o SENHOR nos dias do rei Josias: Viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo monte alto e debaixo de toda árvore verde e ali andou prostituindo-se.
Jeremias 3:13 — Somente reconhece a tua iniqüidade, que contra o SENHOR, teu Deus, transgrediste, e estendeste os teus caminhos aos estranhos, debaixo de toda árvore verde e não deste ouvidos à minha voz, diz o SENHOR.
Jeremias 17:2 — Seus filhos se lembram dos seus altares, e dos seus bosques, e das árvores verdes, sobre os altos outeiros.
Ezequiel 6:13 — Então, sabereis que eu sou o SENHOR, quando estiverem os seus traspassados no meio dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em todo o outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e debaixo de todo carvalho espesso, no lugar onde ofereciam suave perfume a todos os seus ídolos.
Ezequiel 17:24 — Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o SENHOR, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o SENHOR, o disse e o farei.
Ezequiel 20:47 — E dize ao bosque do Sul: Ouve a palavra do SENHOR: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que acenderei em ti um fogo que em ti consumirá toda árvore verde e toda árvore seca; não se apagará a chama flamejante; antes, com ela se queimarão todos os rostos, desde o Sul até ao Norte.
Diante de tão clara recomendação bíblica, como a de Deuteronômio 16:21 — “Não estabelecerás poste-ídolo, plantando qualquer árvore junto ao altar do SENHOR, teu Deus, que fizeres para ti” — complementada por informações históricas e reforçada por tantas outras passagens bíblicas citadas acima, só nos resta lamentar a introdução de árvores de natal nos templos adventistas, sugerindo sua imediata retirada seguida de um pedido coletivo de perdão a Deus pela liderança responsável e toda a congregação. Como disse o profeta Isaías: “Ajoelhar-me-ia eu ao que saiu de uma árvore?” Isaías 44:19. — Robson Ramos
Publicação original: http://www.adventistas.com/dezembro2002/asera_arvoredenatal.htm
Maravilhosa postagem