Muitos muçulmanos condenam os gays passivos, mas toleram os que são ativos em um relacionamento. Isso acontece no Talibã, entre os iranianos e os príncipes sauditas.
Ainda que governos do Oriente Médio persigam homossexuais, muitos islâmicos têm para com eles uma postura paradoxal: condenam os que são passivos na relação e aceitam os que são ativos. Assim pensam muitos terroristas do Estado Islâmico (ISIS ou EI) no Iraque e na Síria, membros do Talibã no Afeganistão e príncipes na Arábia Saudita.
No início deste ano, um jovem de 15 anos foi lançado de um prédio por terroristas do Estado Islâmico em Deir ez-Zor, na Síria. Ele fora encontrado na casa do comandante do Estado Islâmico, Abu Zaid al-Jazrawi. Enquanto o menino foi executado por ser gay em frente a uma multidão (na foto acima), Jazrawi foi chicoteado e mandado para lutar no Iraque. Mais velho que o parceiro, ele não foi excluído do grupo.
Um caso parecido aconteceu em 2010, quando um príncipe saudita, Saud Abdul Aziz bin Nasir al-Saud, foi condenado à prisão perpétua em Londres por matar seu escravo, depois de lhe dar umas mordidas na bochecha. Apesar de dormirem juntos e de se comportarem como um casal, o príncipe passou boa parte do julgamento insistindo que era hetero. “Matei, sim, mas que meu país fique tranquilo: não sou gay”, disse al-Saud na época.
Na Turquia, a homossexualidade pode ser motivo para escapar do alistamento militar. Os médicos então pedem para ver fotos e vídeos dos recrutas fazendo sexo com um homem. Segundo a revista alemã Spiegel, se o candidato estiver na posição de passivo, a homossexualidade é comprovada. Mas se aparecer como ativo, então vai para as forças armadas do mesmo jeito.
E entre os muçulmanos xiitas? Pelas regras do Irã, um homem que tenha tido um papel passivo em um relacionamento homossexual deve ser enforcado. Se tiver sido o ativo, contudo, recebe uma pena é mais branda: é chicoteado 100 vezes.
Dá para explicar isso? No mundo islâmico, é muito difícil um jovem ter um encontro amoroso com uma mulher. Por esse motivo, sempre houve alguma tolerância em relação ao sexo entre os homens. Em alguns textos religiosos, fala-se até que, além das 72 virgens, os homens poderiam encontrar garotos “brancos como pérolas” no paraíso. Permeia também a noção de que o gay ativo ainda poderia se reproduzir com uma mulher e, portanto, deveria ser poupado.
Fora esses casos, o castigo é severo. Os tribunais baseados na sharia, a lei islâmica, normalmente se baseiam no trecho do Corão em que os habitantes de Sodoma (“o povo de Lot”) são mortos por se aproximarem dos homens, e não das mulheres (26:165-166).
(Observação: o parágrafo sobre o alistamento militar na Turquia foi inserido no dia 28 de janeiro de 2016)
FONTE: Veja
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