Antes mesmo de Deus ter ordenado a Moisés que escrevesse, pela primeira vez, um memorial a respeito da vitória de seu povo sobre os amalequitas, a Palavra de Deus já circulava entre os homens sob o método da transmissão oral: “Escuta-me, mostrar-te-ei; e o que tenho visto te contarei; o que os sábios anunciaram, ouvindo-o de seus pais, e o não ocultaram …”. (Jó 15:17-18)
De boca em boca, através de patriarcas fiéis a Deus, o relato da Criação pode ter chegado até a família de Moisés. Adão contou a Lameque, com quem conviveu, que a terra era plana, coberta pelo domo do firmamento e com pilares sobre o abismo, entre outras coisas. Lameque descreveu o formato da terra e toda a história humana para seu filho Noé. Por sua vez, Noé relatou para Abraão e este para Isaque, que contou a Jacó (Israel) e, por fim, o relato chegou a Coate, que o repassou a Anrão, pai de Moisés.
Entre Abraão e o período em que José foi o governador do Egito até Moisés, toda a história terrestre pode ter sido registrada com seus pormenores em tabuinhas de barro, o que já havia se tornado prática comum nessa época. (Veja “anexos” após este texto.)
Ellen White afirma que Moisés foi “o primeiro compilador dos fatos revelados”. Isso parece indicar que, além da revelação divina, uma vez que Deus falava com ele “face a face” (Números 12:8), Moisés pode ter se valido também de registros anteriores…
“Durante os primeiros vinte e cinco séculos da história humana não houve nenhuma revelação escrita. Aqueles dentre os homens que haviam sido feitos receptáculos das revelações divinas comunicavam estas verbalmente aos seus descendentes, passando assim o seu conhecimento para gerações sucessivas. A revelação escrita data de Moisés, que foi o primeiro compilador dos fatos até então revelados, os quais enfeixou em volume. Esse trabalho prosseguiu por espaço de mil e seiscentos anos – desde Moisés, o autor do Gênesis, até João o evangelista, que nos transmitiu por escrito os mais sublimes fatos do evangelho.” … (Trecho extraído do livro O Grande Conflito, p. 7)
Não se tratou, portanto, de uma cosmovisão primitiva, de povos ignorantes, que imaginaram a criação da terra pelos deuses a partir de seu ponto de vista como observadores. Quando Deus espalhou as nações a partir do episódio da Torre de Babel, a informação correta sobre a criação e o formato do mundo também se espalhou por toda parte, chegando a se deturpar com o tempo. Mas aos patriarcas fiéis foi confiada a missão de manter a verdade pura e intacta:
“Durante quase mil anos, Adão viveu entre os homens, como testemunha dos resultados do pecado. Procurou fielmente opor-se à onda do mal. Fora-lhe ordenado instruir sua posteridade no caminho do Senhor; e cuidadosamente guardou como um tesouro aquilo que o Senhor lhe revelou, e repetiu-o a sucessivas gerações. A seus filhos, e filhos de seus filhos, até a nona geração, descreveu a santa e feliz condição do homem, no Paraíso, e repetia a história de sua queda, falando-lhes dos sofrimentos pelos quais Deus lhe ensinara a necessidade de estrita adesão à Sua lei, e explicando-lhes as misericordiosas providências para a sua salvação. Todavia, poucos houve que deram atenção às suas palavras. Freqüentemente defrontava ele com amargas exprobrações pelo pecado que acarretara tal desgraça à sua posteridade. …
“Apesar da impiedade do mundo antediluviano, aquela época não era, como freqüentemente tem sido suposto, de ignorância e barbárie. Ao povo concedeu-se a oportunidade de atingir uma elevada norma de moral e adiantamento intelectual. Possuíam grande força física e mental, e suas vantagens para adquirirem tanto conhecimento religioso como científico eram sem rival. É um erro supor que, porque vivessem até uma prolongada idade, seu espírito tardiamente amadurecia; suas faculdades intelectuais logo se desenvolviam, e os que acalentavam o temor de Deus e viviam em harmonia com a Sua vontade, continuavam a crescer em ciência e sabedoria durante toda a vida. Se se pudessem colocar em contraste os ilustres sábios de nosso tempo com os homens da mesma idade que viveram antes do dilúvio, mostrar-se-iam os primeiros grandemente inferiores não só em força intelectual como física. Assim como os anos do homem diminuíram, e diminuiu sua resistência física, assim suas capacidades mentais se reduziram. Há homens que hoje se aplicam ao estudo durante um período de vinte a cinqüenta anos, e o mundo se enche de admiração com as suas realizações. Mas quão limitadas são tais aquisições em comparação com as de homens cujas capacidades mentais e físicas estiveram a desenvolver-se durante séculos!
“É verdade que o povo dos tempos modernos tem o benefício das realizações de seus predecessores. Os homens dotados de mente superior, que planejaram, estudaram e escreveram, deixaram sua obra para aqueles que se seguiram. Mas mesmo sob este ponto de vista, e tanto quanto respeita aos meros conhecimentos humanos, quão maiores as vantagens dos homens daqueles antigos tempos! Tiveram entre si durante centenas de anos aquele que fora formado à imagem de Deus, a quem, o próprio Criador declarou “bom” (Gên. 1:31) – o homem que Deus instruíra em toda a sabedoria relativa ao mundo material. Adão aprendera do Criador a história da criação; ele mesmo testemunhara os acontecimentos de nove séculos; e comunicou seu saber aos seus descendentes. Os antediluvianos não tinham livros, não tinham registros escritos; mas com o seu grande vigor físico e mental possuíam forte memória, capaz de apreender e reter aquilo que lhes era comunicado, e por sua vez transmiti-lo intacto à posteridade. E durante centenas de anos houve sete gerações vivendo na Terra contemporaneamente, tendo a oportunidade de consultarem entre si, e aproveitar cada uma dos conhecimentos e experiência de todas.
“As vantagens dos homens daquela época para adquirirem conhecimento de Deus mediante Suas obras, nunca foram desde então igualadas. E, assim, longe de ser uma era de trevas religiosas, foi ela de grande luz. Todo o mundo teve oportunidade de receber instrução de Adão, e os que temiam ao Senhor tinham também a Cristo e os anjos como seus instrutores. E tiveram uma testemunha silenciosa da verdade, no jardim de Deus, que durante tantos séculos permaneceu entre os homens. Na porta do Paraíso, guardada pelos querubins, revelava-se a glória de Deus, e para ali vinham os primeiros adoradores. Ali erguiam os seus altares, e apresentavam suas ofertas. Foi ali que Caim e Abel trouxeram seus sacrifícios, e Deus condescendeu em comunicar-Se com eles.” — Patriarcas e Profetas, págs. 82-84.
Fonte:
http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/2/80/89/sete-e-enoque
“Deus permitiu que uma inundação de luz fosse derramada sobre o mundo, tanto nas ciências como nas artes; mas quando professos cientistas tratam estes assuntos de um ponto de vista meramente humano, chegarão certamente a conclusões errôneas. Pode ser inofensivo pesquisar além do que a Palavra de Deus revelou, se nossas teorias não contradizem fatos encontrados nas Escrituras; mas aqueles que deixam a Palavra de Deus e procuram explicar Suas obras criadas por meio de princípios científicos, estão vagando sem mapa nem bússola em um oceano desconhecido.
“Os maiores espíritos, se não são guiados pela Palavra de Deus em sua pesquisa, desencaminham-se em suas tentativas de traçar as relações entre a ciência e a revelação. Visto acharem-se o Criador e Suas obras tão além de sua compreensão que são incapazes de os explicar pelas leis naturais, consideram a história bíblica como indigna de confiança. Os que duvidam da exatidão dos registros do Antigo e Novo Testamentos, serão levados um passo mais, e duvidarão da existência de Deus; e então, tendo perdido sua âncora, são abandonados a baterem de um lado para outro nas rochas da incredulidade.
“Estas pessoas perderam a simplicidade da fé. Deve haver uma fé estabelecida na autoridade divina da santa Palavra de Deus. A Bíblia não deve ser provada pelas idéias científicas de homens. O saber humano é um guia indigno de confiança. Céticos que lêem a Bíblia com o fim de cavilar, podem, mediante uma compreensão imperfeita, quer da ciência quer da revelação, pretender achar contradições entre elas; mas, corretamente entendidas, estão em perfeita harmonia. Moisés escreveu sob a guia do Espírito de Deus; e uma teoria correta de geologia nunca terá a pretensão de descobertas que não possam conciliar-se com suas declarações. Toda verdade, quer na Natureza quer na revelação, é coerente consigo mesma em todas as suas manifestações.”
“Na Palavra de Deus surgem muitas perguntas que os mais profundos sábios jamais poderão responder. A atenção é chamada para estes assuntos, para nos mostrar, mesmo entre as coisas comuns da vida diária, quanta coisa há que mentes finitas, com toda a sua vangloriada sabedoria, jamais poderão compreender amplamente.
“Contudo, homens de ciência julgam poder compreender a sabedoria de Deus, aquilo que Ele fez ou pode fazer. A idéia de que Ele é restrito pelas Suas próprias leis, prevalece largamente. Os homens ou negam ou ignoram a Sua existência, ou julgam explicar tudo, mesmo a operação de Seu Espírito sobre o coração humano; e não mais reverenciam o Seu nome nem temem o Seu poder. Não crêem no sobrenatural, não compreendendo as leis de Deus, ou o Seu poder infinito para executar Sua vontade por meio deles. Conforme é usualmente empregada, a expressão “leis da Natureza” compreende o que o homem tem podido descobrir com relação às leis que governam o mundo físico; mas quão limitado é o seu conhecimento, e quão vasto é o campo em que o Criador pode operar, em harmonia com Suas próprias leis, e todavia inteiramente além da compreensão de seres finitos!” — Patriarcas e Profetas, págs. 113 a 114
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/2/111/116/a-semana-literal
“Deus sempre preservou um remanescente para O servir. Adão, Sete, Enoque, Matusalém, Noé, Sem, em linha ininterrupta, preservaram, de época em época, as preciosas revelações de Sua vontade. O filho de Terá se tornou o herdeiro deste sagrado depósito. A idolatria acenava-lhe de todo o lado, mas em vão. Fiel entre os infiéis, incontaminado pela apostasia prevalecente, com perseverança apegou-se ao culto do único verdadeiro Deus.” — Patriarcas e Profetas, pág. 125
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/2/125/131/a-vocacao-de-abraao
“Foi uma sábia disposição, que o próprio Deus tomara, a de separar Seu povo, tanto quanto possível, da ligação com os gentios, fazendo do mesmo um povo que habitasse só, e que não fosse contado entre as nações. Ele havia separado Abraão de sua parentela idólatra, para que o patriarca pudesse ensinar e educar a família, afastados das influências sedutoras que os cercariam na Mesopotâmia, e para que a verdadeira fé pudesse ser preservada em sua pureza pelos descendentes, de geração em geração.
“A afeição de Abraão para com seus filhos e sua casa, levou-o a guardar a fé religiosa dos mesmos, a comunicar-lhes o conhecimento dos estatutos divinos, como o legado mais precioso que ele lhes poderia transmitir, e por meio deles ao mundo. A todos se ensinava que estavam sob o governo do Deus do Céu.” — Patriarcas e Profetas, págs. 141-142
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/2/132/144/abraao-em-canaa
“Adão ensinou a seus descendentes a lei de Deus, e esta foi transmitida de pai a filho através de gerações sucessivas. Mas apesar das graciosas providências para a redenção do homem, poucos houve que as aceitaram e lhes prestaram obediência. Pela transgressão o mundo se envileceu tanto que foi necessário, pelo dilúvio, limpá-lo de suas corrupções. A lei foi preservada por Noé e sua família, e Noé ensinou a seus descendentes os Dez Mandamentos. Como os homens de novo se afastassem de Deus, o Senhor escolheu Abraão, a respeito de quem declarou: ‘Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandamento, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis.’ Gên. 26:5.” — Patriarcas e Profetas, pág. 363
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/2/363/373/a-lei-e-os-concertos
“Século após século, a curiosidade dos homens os tem levado a procurar a árvore do conhecimento. E muitas vezes pensam eles estar colhendo fruto muito essencial quando, em realidade, é vaidade, é nada em comparação com a ciência da verdadeira santidade, a qual lhes abriria as portas da cidade de Deus. A ambição humana busca o conhecimento que lhes trará glória, exaltação própria e supremacia. Assim foram Adão e Eva influenciados por Satanás até que a restrição imposta por Deus foi partida de meio a meio, começando sua educação com o mestre da mentira. Adquiriram o que Deus lhes recusara — o conhecimento das conseqüências da transgressão.
“A árvore da ciência, assim chamada, tem-se tornado instrumento de morte. Satanás tem entretecido astuciosamente seus dogmas, suas falsas teorias na instrução dada. Da árvore da ciência, profere ele as mais aprazíveis lisonjas quanto à educação superior. Milhares participam do fruto dessa árvore, mas isso significa para eles morte. Cristo diz: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão?” Isa. 55:2. Estais empregando os talentos que vos foram confiados pelo Céu na busca de uma educação que Deus declara ser loucura. …
“A mente e a mão divinas têm conservado, através dos séculos, em sua pureza, o relatório da Criação. É unicamente a Palavra de Deus que nos dá autêntico relato da criação do mundo. Essa Palavra tem de ser o principal estudo em nossas escolas.” — Conselhos Professores, Pais e Estudantes, págs. 13-14.
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/37
”
“O evangelho das boas novas foi primeiro dado a Adão na declaração que lhe foi feita, de que a semente da mulher havia de esmagar a cabeça da serpente; e foi transmitido através de sucessivas gerações a Noé, Abraão e Moisés. O conhecimento da lei de Deus e do plano da salvação foi comunicado a Adão e Eva pelo próprio Cristo. Entesouraram cuidadosamente a importante lição, transmitindo-a verbalmente aos filhos e aos filhos dos filhos. Assim se preservou o conhecimento da lei de Deus. Os homens naqueles dias viviam quase mil anos, e anjos visitavam-nos com instruções provindas diretamente de Cristo.” — Mensagens Escolhidas, Vol. 1, pág. 231
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/26/230/5/1/
“A Mente e a Mão divina preservaram através dos séculos o relato da criação em sua pureza. É unicamente a Palavra de Deus que nos dá um relato autêntico da criação de nosso mundo. Esta Palavra deve ser o principal estudo em nossas escolas. Nela podemos manter conversação com patriarcas e profetas.” — Fundamentos da Educação Cristã, pág. 536
Fonte: http://ellenwhite.cpb.com.br/livro/index/35/533/540/conselho-aos-professores
ANEXOS:
De Adão Até Moisés, Como a História Bíblica Foi Repassada Até a Torah Ser Escrita em Moisés?
Uma pergunta que muitos se fazem acerca da segurança da História Bíblica, especialmente no período dito Vétero-Testamentário (Antigo Testamento); é a seguinte:
– Como podemos ter segurança acerca da História que conhecemos de Adão até Moisés?
Todos sabemos que oficialmente temos dois textos que nos permitem conhecer os fatos importantes (ou essenciais) que estão na ordem expositiva de tudo que aconteceu na Criação até chegarmos em Moisés que, havendo escrito o Pentateuco, o Livro de Jó e partes dos Salmos, legou-nos a informação primária que fundamenta a História de Israel.
Pois bem,
Fiz a pesquisa usando como critério investigativo a data da idade dos patriarcas mais proeminentes e pude constatar o seguinte:
Adão teve a oportunidade de conhecer quase todos os seus descendentes até Lameque, pai de Noé. Ele não conheceu Noé. Portanto, é certo que Lameque pôde conhecer as narrativas que mais adiante Moisés nos legou, da mesma forma que também temos no Livro de Jasar e no Livro de Enoque – porque para mim há 3 narrativas que se harmonizam: Moisés, Jasar e Enoque, mas esta é outra pauta.
Assim, eu indico a seguinte linha direta de patriarcas que explicaram as coisas um para o outro na seguinte ordem:
ADÃO direto para LAMEQUE que ensinou diretamente ao seu filho NOÉ.
Inclusive, eu tenho convicção disto, porque está escrito em Gênesis 5:28-29: “E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho, a quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou”.
O que confirma que a educação e história oral entre os patriarcas era uma constante.
Daí tudo se encerra no Dilúvio e o legado passa para as mãos de Noé, de quem se declara em Gênesis 6:9: “Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.”
Ele com certeza conheceu seu descendente Abraão que à seu turno, educou Isaque que educou Israel.
Israel conviveu com Coate (Números 3:17,27-32; 4:1-20; 7:9) que pôde transmitir a história sagrada da família escolhida para Anrão que foi pai de Moisés que escreveu os Livros Fundamentais da fé israelita-cristã em suas origens. Não tratarei (repito) do Livro de Jasar e o Livro de Enoque que também apontam aspectos da História defendida por Moisés.
Assim, eu encontrei em pesquisa cuidadosa que a pessoa que muitos não sabiam estabelecer a conexão ininterrupta da História Sagrada é Coate (Citado).
Por que digo isto?
Porque todos já ouvimos falar de Adão, de Lameque (pai de Noé) e de Noé, de Abraão (que será considerado pai do judaísmo, do islamismo e do cristianismo), de sua descendência direta em Isaque e Israel (Jacó), mas daí em diante, a maioria das pessoas tem uma dificuldade em entender quem, exatamente, teria ensinado a História Sagrada até chegarmos em Moisés que é o escritor original da Torah.
Pois esta figura é Coate que foi contemporâneo e próximo de Israel e possivelmente de Isaque também, havendo transmitido a História Sagrada para Anrão, pai de Moisés que escreverá a Torah que fundamenta a nossa fé “judaico-cristã”.
Onde obteve Moisés as suas informações?
O TESTEMUNHO do próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, indica Moisés como escritor do primeiro livro da Bíblia, Gênesis. (Luc. 24:27, 44) Visto que os acontecimentos narrados neste livro ocorreram antes do nascimento de Moisés, surge a pergunta: Onde obteve Moisés as suas informações?
Já no século dezoito, o erudito holandês Vitringa refletiu nesta questão. Baseado no uso da expressão “esta é a história”, Vitringa chegou à conclusão de que cada ocorrência desta expressão no livro de Gênesis identifica um documento já existente. Em anos mais recentes, outros chegaram a uma conclusão similar. Por exemplo, o arqueólogo P. J. Wiseman, comentando a expressão “esta é a história” (ou: “estas são as origens”), escreve: “É a sentença concludente de cada seção, e, portanto, aponta para trás, para a narrativa já registrada. . . . Normalmente se refere ao escritor da história ou ao proprietário da tabuinha que a continha.” — New Discoveries in Babylonia About Genesis, p. 53.
Um exame do conteúdo destas histórias, porém, lança muita dúvida sobre a exatidão deste conceito. Por exemplo, segundo este conceito, a seção que começa em Gênesis, capítulo 36, versículo 10, terminaria com as palavras de Gênesis 37:2: “Esta é a história de Jacó.” Mas quase o registro inteiro se refere aos descendentes de Esaú e faz apenas referência incidental a Jacó e sua família. Além disso, se a teoria fosse correta, isto significaria que Ismael e Esaú foram os escritores ou os donos dos documentos mais extensos sobre os tratos de Deus com Abraão, Isaque e Jacó. Isto não parece ser razoável, pois faria com que os que não tinham parte no pacto abraâmico fossem os que tinham o maior interesse neste pacto. É difícil conceber-se que Ismael tivesse tanta preocupação com os acontecimentos associados com a família de Abraão, que fizesse empenho de obter um registro pormenorizado deles, um registro que abrange muitos anos depois de ele ter sido despedido junto com sua mãe Agar. — Gên. 11:27b-25:12.
De modo similar, não haveria nenhum motivo para que Esaú, que não tinha apreço de coisas sagradas, escrevesse ou fosse dono duma narrativa que na maior parte trata dos eventos da vida de Jacó, eventos dos quais Esaú não foi testemunha ocular. (Gên. 25:19-36:1; Heb. 12:16) Tampouco parece lógico concluir-se que Isaque e Jacó tivessem na maior parte desconsiderado os tratos de Deus com eles, contentando-se apenas com registros breves da genealogia de outros. — Gên. 25:13-19a; 36:10-37:2a.
Embora a expressão “esta é a história” não possa em cada caso ser relacionada razoavelmente com o escritor ou o dono de tal história, isto não necessariamente exclui que Moisés tenha obtido parte de suas informações de anteriores registros escritos, inclusive de narrativas escritas antes do dilúvio dos dias de Noé. Embora a Bíblia não contenha nenhuma referência definida a uma escrita antediluviana, deve-se observar que a construção de cidades, o desenvolvimento dos instrumentos de música e a fabricação de instrumentos de ferro e de cobre tiveram início muito antes do Dilúvio. (Gên. 4:17, 21, 22) Portanto, é razoável que os homens tivessem pouca dificuldade em desenvolver um método de escrita. E a evidência arqueológica indica que a escrita existia por bastante tempo antes do tempo de Moisés. Precisa-se reconhecer, porém, que falta um testemunho direto a respeito da existência de escrita antediluviana.
É verdade que o rei assírio Assurbanipal falou em ler “inscrições em pedra desde o tempo antes do dilúvio”. Mas estas inscrições talvez só precedessem a uma inundação local de consideráveis proporções ou podem ter sido narrativas que supostamente se relacionavam com acontecimentos anteriores ao Dilúvio. Por exemplo, o que se conhece como “As Listas de Reis Sumerianos”, depois de mencionar que oito reis reinaram durante 241.000 anos, declara: “(Então) o Dilúvio arrasou (a terra).” É evidente que este registro não é autêntico.
Segundo a cronologia bíblica, o dilúvio global dos dias de Noé ocorreu em 2370 A. E. C. Os arqueólogos atribuíram datas anteriores a esta a numerosas tabuinhas de argila, que escavaram. Mas estas tabuinhas de argila não são documentos datados. Portanto, as datas que lhes atribuíram são apenas conjeturas e não fornecem base sólida para se estabelecer uma relação no tempo com o dilúvio bíblico. Não se sabe definitivamente de nenhum dos artefatos escavados que remontem aos tempos antediluvianos. Os arqueólogos que atribuíram objetos ao período antediluviano fizeram isso baseados em achados que, no melhor dos casos, só podem ser interpretados como evidenciando um grande dilúvio local.
De modo que não há maneira para se determinar definitivamente que Moisés obteve parte de suas informações de registros antediluvianos e pós-diluvianos. Tampouco há qualquer fundamento para se refutar que as tenha obtido assim, pois a escrita já esteve por muito tempo em uso, para transmitir informações. Não obstante, a fonte das informações de Moisés não precisava ter sido registros escritos, anteriores. É evidente que alguém teve de obter informações por revelação divina a respeito dos eventos anteriores à criação do homem. De modo que Moisés pôde ter obtido esta matéria, bem como a restante, por revelação direta de Deus. Mas, se ela foi revelada a outra pessoa, sem ser Moisés, esta informação e a base para a parte remanescente do livro de Gênesis podiam ter sido transmitidas a Moisés por tradição oral. Devido à longa duração da vida dos homens daquele período, a informação podia ter sido transmitida desde o primeiro homem Adão até Moisés por intermédio de apenas cinco elos humanos, a saber, Metusalém, Sem, Isaque, Levi e Anrão. Isto, naturalmente, teria exigido que o último elo tradicional, Anrão, tivesse todo o livro de Gênesis na cabeça.
No momento não se pode chegar a nenhuma conclusão definitiva quanto à fonte direta da qual Moisés obteve as informações que registrou. Ele as pôde ter recebido por revelação direta, por tradição oral ou por registros escritos. Talvez as três fontes estivessem envolvidas. Deve ser lembrado, porém, que o importante não é a fonte direta, mas que Jeová Deus, por meio de seu espírito, orientou o profeta Moisés a escrever a narrativa fidedigna preservada no registro de Gênesis.
Fonte: https://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/1971487
Donde obteve Moisés as informações que incluiu em Gênesis?
Todas as informações contidas no livro de Gênesis se relacionam com eventos que ocorreram antes do nascimento de Moisés. É óbvio que alguém, quer Moisés, quer outro antes dele, teve de obter desta forma as informações sobre os acontecimentos anteriores à criação do homem. (Gên 1:1-27; 2:7, 8)
Estas informações, bem como os pormenores restantes, porém, podem ter sido transmitidas a Moisés por meio de tradição oral. Por causa da longevidade dos homens daquele período, as informações podem ter sido transmitidas por Adão a Moisés através de apenas cinco elos humanos, a saber, Metusalém, Sem, Isaque, Levi e Anrão.
Uma terceira possibilidade é que Moisés obteve grande parte das informações relativas a Gênesis de escritos ou documentos já existentes, encontrados no Egito, no tempo em que viveu na casa de Faraó. Já no século 18, o erudito holandês Campegius Vitringa sustentava este conceito baseando sua conclusão nas freqüentes ocorrências, em Gênesis (dez vezes), da expressão “estas são as gerações de”, e uma vez “este é o livro das gerações de”. (Gên 2:4; 5:1; 6:9; 10:1; 11:10, 27; 25:12, 19; 36:1, 9; 37:2) Nesta expressão, a palavra hebraica para “gerações” é toh·le·dhóhth, melhor traduzida por “histórias” ou “origens”. Por exemplo, “gerações dos céus e da terra” dificilmente se enquadraria aqui, ao passo que “história dos céus e da terra” tem sentido. (Gên 2:4) Em harmonia com isso, a versão alemã Elberfelder, a francesa Crampon e a espanhola Bover-Cantera são versões que usam o termo “história”, assim como faz a Tradução do Novo Mundo. Não há dúvida de que, assim como os homens estão hoje interessados num registro histórico exato, assim também estiveram desde o começo.
Por estes motivos, Vitringa e outros grandes estudiosos desde então têm entendido que cada uso de toh·le·dhóhth, em Gênesis, se refere a um documento histórico já existente, que Moisés tinha em seu poder e em que ele se baseava para obter a maior parte das informações registradas em Gênesis. Eles acreditam que as pessoas mencionadas em conexão direta com essas ‘histórias’ (Adão, Noé, os filhos de Noé, Sem, Tera, Ismael, Isaque, Esaú e Jacó) ou eram os escritores, ou eram os donos originais destes documentos escritos. Naturalmente, isto ainda deixa sem explicação como todos estes documentos vieram a estar no poder de Moisés. Também deixa sem explicação por que documentos obtidos de homens que não se distinguiram como adoradores fiéis de Jeová (tais como Ismael e Esaú) devessem ser a fonte de muitas das informações usadas. É inteiramente possível que a expressão: “Esta é a história de”, seja simplesmente uma frase introdutória que serve convenientemente para separar as diversas seções da longa história geral. Compare isso com o uso duma expressão similar por Mateus, na introdução do seu Evangelho. — Mt 1:1.
Portanto, não se pode chegar a nenhuma conclusão definitiva sobre a fonte direta da qual Moisés obteve as informações que registrou. Antes, em vez de ter sido apenas por um dos métodos considerados, as informações podem ter sido recebidas por meio de todos os três, parte através de revelação direta, parte por transmissão oral e parte através de registros escritos. O ponto importante é que Jeová Deus guiou o profeta Moisés, de modo que este escreveu sob inspiração divina. — 2Pe 1:21.
A matéria destinava-se a servir de guia inspirado para gerações futuras. Devia ser lida freqüentemente para o povo (De 31:10-12; 2Rs 23:2, 3; Ne 8:2, 3, 18), e os reis de Israel deviam obter suas instruções dela. — De 17:18, 19.
História Autêntica do Começo de nosso Mundo
Relato Verdadeiro da Criação — Unicamente na Palavra de Deus encontramos um relato autêntico da criação. Nela contemplamos o poder que lançou os fundamentos da Terra e estendeu os céus. RH, 11 de julho de 1882.
A Bíblia e a Natureza Estão em Harmonia, pois Têm o Mesmo Autor — A Bíblia é a história mais instrutiva e abarcante que já foi dada ao mundo. Suas páginas sagradas contêm o único relato autêntico da criação. Contemplamos aqui o poder que “estendeu os céus e lançou os fundamentos da Terra”. Temos aqui uma história verdadeira da humanidade, que não foi deturpada pelo preconceito ou orgulho humano.
Há harmonia entre a natureza e o cristianismo; pois ambos têm o mesmo Autor. O livro da natureza e o livro da revelação indicam a atuação da mesma mente divina. Há lições a serem aprendidas na natureza; e há lições — lições profundas, sérias e realmente importantes — a serem aprendidas do Livro de Deus: RH, 19 de agosto de 1884.
A Filosofia Divina da História Sagrada a Ser Estudada — A história do mundo desde o princípio está contida no Gênesis. Nele está revelado que toda a nação que esquecer Deus, abandonar Seus caminhos e Seu sinal de obediência, o qual faz distinção entre o justo e o injusto, o íntegro e o perverso, o salvo e o perdido, será destruída. O primeiro livro da Bíblia, o qual relata a história das nações, incluindo a destruição do mundo, mostra a providência divina, que, de geração em geração tem sido providenciada para a instrução do povo escolhido. A palavra claramente escrita com respeito ao justo e ao injusto é um testemunho vivo com respeito àqueles a quem Deus santificará. Ninguém que vive em desobediência pode receber Suas bênçãos, somente os que estão em obediência.
O Senhor convida a todos para estudarem a filosofia divina da história sagrada, escrita por Moisés, sob a inspiração do Espírito Santo. A primeira família a habitar a Terra é um exemplo de todas as famílias que existirão até o fim dos tempos. Há muito que aprender desta história para podermos compreender o divino plano para a raça humana. Este plano está claramente definido, e a alma devota e consagrada tornar-se-á aprendiz dos pensamentos e propósitos de Deus desde o princípio até o final da história terrestre. Também compreenderá que Jesus Cristo, Um com o Pai, foi o grande impulsionador de todo o progresso, Aquele que é a fonte de toda purificação e elevação da raça humana. MS 85, 1899.
Um Relato Verdadeiro da Origem do Pecado e do Início da História — Dependemos da Bíblia para o conhecimento da história do início do nosso mundo, da criação do homem e da queda deste. Retirai a Palavra de Deus, e o que podemos esperar, senão ser deixados às fábulas e conjeturas, e àquele enfraquecimento do intelecto que é o resultado certo de acolhermos o erro? Necessitamos da história autêntica da origem da Terra, da queda do querubim cobridor e da introdução do pecado em nosso mundo. Sem a Bíblia, seríamos confundidos pelas falsas teorias. A mente estaria sujeita à tirania da superstição e da falsidade. Tendo, porém, em nosso poder a história verdadeira do começo do nosso mundo, não precisamos enredar a nós mesmos com conjeturas humanas e teorias duvidosas. MSa, pág. 89 (MS 42, 1904).
Um Relato Autêntico da Criação — A Mente e a Mão divina preservaram através dos séculos o relato da criação em sua pureza. — Unicamente na Palavra de Deus encontramos um relato autêntico da criação. Carta 64, 1909, RH 11 de novo de 1909.
O Conhecimento nas Escolas Adventistas — A luz que me foi dada revela que tremenda pressão será trazida sobre cada Adventista do Sétimo Dia com quem o mundo pode entrar em íntimo relacionamento. Precisamos compreender estas coisas. Os que buscam a educação que o mundo tem em tão alta conta, são gradualmente levados para mais longe dos princípios da verdade até se tornarem mundanos educados. A que preço obtiveram sua educação! Separaram-se do Santo Espírito de Deus. Escolheram aceitar o que o mundo chama de conhecimento, em lugar das verdades que Deus tem confiado aos homens mediante Seus pastores, profetas e apóstolos. E alguns, tendo adquirido essa educação secular, pensam que podem introduzi-la em nossas escolas. Permitam-me dizer a vocês, porém, que não devem tomar o que o mundo chama de educação superior e trazê-lo para dentro de nossas escolas, hospitais e igrejas. Falo categoricamente. Isso não deve ser feito. …
A Mente e a Mão divina preservaram através dos séculos o relato da criação em sua pureza. Carta 84, 1909.
Relato da Criação Preservado em Sua Pureza — Recebi a instrução de que devemos conduzir a mente de nossos alunos a um nível mais elevado do que agora se considera possível. O coração e a mente devem ser ensinados a preservar sua pureza recebendo provisões diárias da Fonte da verdade eterna. A Mente e a Mão divina preservaram através dos séculos o relato da criação em sua pureza. É unicamente a Palavra de Deus que nos dá um relato autêntico da criação de nosso mundo. Esta Palavra deve ser o principal estudo em nossas escolas. CP, pág. 13 (1913), FEC, pág. 536.