…Mas ninguém deve ter dito com medo de contrariar a “pena inspirada” da irmã profetisa! Ou você acha mesmo que Ellen G. White possuía o dom da onisciência e não necessitaria ter pesquisado ou aprendido um pouco mais sobre as abominações dos festejos natalinos antes de dizer que Deus se alegraria que houvesse uma árvore de Natal em cada Igreja? Pois esse judeu-cristão do vídeo teria, com certeza, muito a ensinar para ela sobre esses temas.
O que dizem as Escrituras
O próprio Jesus Cristo, antes de retornar ao Céu, alertou a Seus discípulos com quem convivera diariamente por mais de três anos, que eles ainda teriam muito aprender e que Ele próprio não lhes dissera tudo que deveriam saber: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.” João 16:12.
O evangelista Lucas não teve qualquer receio ou vergonha em admitir que para escrever seu relato sobre a vida de Jesus Cristo primeiro conversou com várias pessoas e pesquisou em diferentes fontes: “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde oprincípio, e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” Lucas 1:1-4. Mesmo assim, não há quem questione sua inspiração.
E João, o discípulo amado, acrescentou que, embora tenhamos quatro Evangelhos preservados no canôn bíblico, muitos outros fatos e ensinamentos de Jesus Cristo ficaram de fora da Bíblia e seria impossível registrá-los todos: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem.” João 21:25.
Depois mesmo do Pentecostes, quando receberam vários dos espirituais, inclusive o de profecia, o apóstolo Pedro questionava o estilo rebuscado e excessivamente argumentativo de escrever de Paulo: “E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender…” 2 Pedro 3:15,16
Tiago chegou a produzir uma epístola universal para se contrapor às conclusões equivocadas acerca da salvação unicamente pela fé defendida por Paulo, acrescentando-lhe a necessidade de boas obras como resultado dessa confiança na salvação pela graça: “Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.” Tiago 2:20-24.
A princípio, Paulo procura se defender na epístola anonimamente escrita aos Hebreus: “Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.” Hebreus 5:11-14.
Por fim, Paulo decide deixar de lado toda a sua retórica e pregar apenas sobre Jesus Cristo, como nossa esperança: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.” 1 Coríntios 2:1-5.
Contudo, Paulo e Pedro, apesar de inspirados em suas mensagens, ainda se equivocaram e agiram com incoerência entre suas crenças e comportamento. Paulo sujeitou-se a rituais desnecessários e abolidos pela morte e ressurreição de Cristo, para não desagradar a liderança judaica da igreja em Jerusalém, contrariando tudo que ele próprio pregava. Atos 21:18-26. Pedro também agiu de moso incoerente e tetve de ser repreendido por Paulo: “E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” Gálatas 2:11-14
Inspiração celeste não confere onisciência nem total isenção de erros aos mensageiros de Deus. Embora ouvissem diretamente aos apóstolos inspirados, “ao vivo”, os cristãos de Beréia avaliavam tudo que diziam à luz das Escrituras. Agindo desse modo, foram considerados mais sábios que outros que davam total crédito aos primeiros líderes da Igreja: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Atos 17:11.
(Se naquele tempo, o que os líderes diziam deveria ser comparado com o que que diz a Bíblia, imagine hoje em dia!)
O que disse Ellen G. White
Para encerrar, convém lembrar o que a própria Ellen White escreveu sobre seus escritos:
“Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus com regra de fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos últimos dias”; não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica.” — Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 29.
“Um ‘Assim diz o Senhor’ é o mais forte testemunho que podeis apresentar ao povo. Que ninguém seja instruída a olhar para a Irmã White, e, sim, ao poderoso Deus, que dá instruções à Irmã White.” — Ibidem.
“O irmão J. procura confundir os espíritos, esforçando-se por fazer parecer que a luz que Deus nos concedeu por meio dos Testemunhos constitui um acréscimo à Palavra de Deus, mas com isto apresenta os fatos sob uma luz falsa. Deus houve por bem chamar por este meio a atenção de Seu povo para a Sua Palavra, a fim de conceder-lhes uma compreensão mais perfeita da mesma.” — Idem, págs. 30-31.
“Enalteço a preciosa Palavra diante de vós neste dia. Não repitais o que eu declarei, afirmando: “A irmã White disse isto” e “a irmã White disse aquilo”. Descobri o que o Senhor Deus de Israel diz, e fazei então o que Ele ordena.” — Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 33 (afirmação que ela fez aos dirigentes de igreja na noite que antecedeu a abertura da Assembléia da Associação Geral de 1901).
“O Senhor deseja que estudeis a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar de Sua palavra.” — Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 29.
“Se os Testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, rejeitai-os. Cristo e Belial não se unem.” — Mensagens Escolhidas, Vol. III, pág. 32.
Veja também no site da Casa Publicadora Brasileira: Ellen White e a Primazia da Palavra.