Maduro falou a apoiantes depois dos protestos, aludindo novamente a um clima de “golpe de Estado”.
O Presidente da Venezuela respondeu aos protestos de quarta-feira que reclamaram a revogação do seu mandato ameaçando aumentar o nível do estado de emergência para o seu nível mais elevado, caso observe, como afirmou depois das manifestações, que o país se está a tornar “num palco de violência em busca de um golpe de Estado”.
“Não hesitarei em declará-lo se isso for necessário para lutar pela paz e segurança do país”, afirmou Nicolás Maduro na noite de quarta, depois de uma reunião com os seus partidários do Partido Socialista Unido (PSUV).
A oposição venezuelana organizou na quarta-feira protestos em várias cidades para pressionar a autoridade eleitoral a contar as 1,8 milhões de assinaturas recolhidas com vista a convocar um referendo que revogue o mandato de Maduro.
O Governo respondeu com um aparelho de segurança extremo em Caracas, que limitou a movimentação dos milhares de pessoas que tentavam chegar à Praça Venezuela, onde se encontra o Conselho Nacional de Eleições, foram encerradas 14 estações de metro, carreiras de autocarros e as ruas estavam pejadas de cordões policiais.
Os protestos na capital terminaram sem grandes episódios de violência. A polícia disparou gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que queimaram pneus e tentaram agredir agentes dos cordões de segurança, o Governo diz que foram detidas 17 pessoas.
No Twitter, o líder oposicionista, Henrique Capriles, pediu por mais pressão sobre o Governo de Nicolás Maduro
“Nós, os venezuelanos, vamos garantir que Maduro respeite a Constituição! O seu decreto foi rejeitado [pela Assembleia, controlada pela oposição], é nulo e ninguém o deve respeitar!”
Maduro convocou o estado de emergência económica na Venezuela em Janeiro e estendeu-o por mais 60 dias no sábado, argumentando que o fazia contra a “agressão externa” e para evitar um “golpe de Estado”.
Este é o segundo de três níveis de emergência. O terceiro e último que Maduro ameaça agora convocar — diz respeito a um “estado de comoção interior ou exterior” e “em caso de conflicto interno ou externo”, segundo se lê na Constituição. Tem um prazo de 90 dias, que pode ser prolongado.
A Venezuela atravessa uma das piores crises economicas da sua história recente. A inflação subiu para níveis astronómicos 720% em 2016, segundo o FMI, há carência de alimentos e material médico e uma crise energética que obrigou o Governo a reduzir a semana de trabalho para apenas dois dias.
Soma-se a isto uma crise institucional que põe o país em pé de confronto: o “oficialismo” de Maduro, que controla quase todo o aparelho de Estado, está em luta aberta contra a Assembleia, conquistada pela oposição nas eleições legislativas de Dezembro.
Maduro mobiliza brigadas
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Fotos chocantes: Estes são os horrores que acontecem nos hospitais da Venezuela.
Várias décadas atrás, a Venezuela era o país com o mais alto padrão de vida na América Latina. Agora, a Venezuela está enfrentando uma crise política e econômica tão grave que está causando um desastre humanitário e social. O presidente Nicolas Maduro estendeu na última semana o estado de emergência para dois meses, a fim de “neutralizar a agressão estrangeira”.
Este homem está a algumas horas à espera de ajuda no pronto-socorro.
Julio sofreu uma lesão grave na cabeça. Ele teve que esperar um ano inteiro para uma operação subsequente, devido à falta de médicos e equipamentos.
Médicos tentam improvisar a falta de equipamentos com objetos como garrafas pet, atuando como recipiente para medicamentos.
Nos hospitais, não há nada para lavar o sangue da mesa de cirurgia e cirurgiões antes do procedimento devem usar luvas compradas por eles mesmos – não há sabonetes ou luvas cirúrgicas em alguns hospitais. Muitas das máquinas e equipamentos para raios-X também estão inoperantes por falta de manutenção.
O departamento de oncologia de uma das clínicas.
Uma mulher com sua filha pequena, que sofre de asma.
Os pacientes ficam amontoados nos corredores. Os hospitais estão superlotados.
Quando ocorrem as quedas de energia nas cidades, o que não é incomum, os aparelhos de respiração artificial, que também estão inclusos nas maternidades, deixam de funcionar. Médicos tentam ventilar manualmente os pulmões das crianças. Pacientes morrem de infecções no chão porque as camas não são suficientes. Hospitais venezuelanos parecem estar no meio de uma guerra, embora não exista nenhuma no país. [NewYorkTimes]