Adventistas tanto judeus quanto amigos de judeus foram perseguidos pelo regime nazista e abandonados pela Igreja Adventista do Sétimo Dia da Alemanha, que apoiou oficialmente Hitler.
A breve história de alguns deles:
Sarah Nagelberg, judia adventista que foi abandonada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia e foi deportada para campo de concentração
Wilhelm Jokel, judeu adventista austríaco procurou ajuda da sua igreja, a qual lhe virou as costas
Hermann Kobs, pastor adventista que foi suspenso por ajudar um adventista judeu e foi enviado para campo de trabalhos forçados
Franz e Frieda Ludwig, casal adventista expulso da igreja porque a esposa era judia
Frieda Redlich, adventista presa por ser judia; nenhum pastor ou ancião foi visitá-la na prisão; posteriormente foi mandada para um campo de concentração
Max-Israel Munk, judeu adventista que passou por dois campos de concentração e cuja filha perguntou ao responsável pela assistência social da IASD se havia outros judeus passando privações e ouviu: “Ainda não fiz uma lista”.
Duas perguntas para reflexão. A segunda: Por que, mesmo com o ensino claro de Jesus, pastores e líderes não foram visitar judeus adventistas que estavam presos?
Mas, como você vai perceber, é uma postagem diferente. É a história de adventistas que a Igreja Adventista do Sétimo Dia da Alemanha maltratou. Alguns até perderam a vida! Tudo porque eram judeus ou amigos de judeus. Deixaram a Igreja Adventista, ou melhor, foram deixados, abandonados, pela igreja.
Com exceção do último caso, os demais foram tirados do site adventista Shalom Learning Center.1
A IASD e o nazismo
A Igreja Adventista do Sétimo Dia da Alemanha se aliou ao nazismo, conforme detalhadamente demonstrado em inúmeros artigos acadêmicos e até em trechos de livros. Em suas publicações oficiais a IASD até mesmo elogiou Hitler e disse que ele era um enviado de Deus! Examino essa questão na postagem Igreja Nazista do Sétimo Dia.
Histórias tristes
Sarah Nagelberg
Em 1898 a judia adventista Sarah Frieda Nagelberg imigrou da Galícia para a Áustria. No ano de 1930, Sarah, que trabalhava como bordadeira e costureira, se uniu Igreja Adventista em Dornbirn. Em 1935, ela ficou bem doente e sem condições de ganhar a vida. Totalmente sem recursos, foi acolhida em um abrigo católico em Hohenems.
Em 1940, a Gestapo começou suas investigações. Sarah declarou que não sabia se ainda era considerada membro da Igreja Adventista. Isso deixa óbvio que os membros adventistas haviam cessado o contato com ela. Em 1942, a judia adventista — doente, indefesa e só — foi deportada de Hohenems para um campo de extermínio e, ao que tudo indica, morreu ali.
Wilhelm Jokel
O judeu adventista Wilhelm Jokel, da cidade de Viena, na Áustria, admitiu em 1938: “Como cervos assustados, estamos à procura de um esconderijo”. Jokel, que na época já fazia 33 anos que pertencia à Igreja Adventista, pediu ajuda aos líderes da igreja em Viena. Mandaram-no embora com a desculpa de que ele era responsabilidade da comunidade judaica vienense. Não se tem notícia do fim que ele teve.
Hermann Kobs
O pastor e teólogo adventista Hermann Kobs, que trabalhava em Leipzig, foi suspenso por possibilitar que um irmão judeu assistisse aos cultos. Esse irmão na fé havia sido expulso da congregação adventista por causa de sua origem étnica. A suspensão de Kobs foi ordenada por sugestão dos líderes da igreja; a explicação oficial é que aquela era uma “medida cautelar”. Na verdade, em 1942 Kobs foi preso por causa de sua atitude amistosa com os judeus. Depois de mais de um ano de trabalhos forçados, foi libertado.
Franz e Frieda Ludwig
Em 1939, a Gestapo interrogou o diretor de uma editora adventista localizada em Brno, Franz A. Ludwig, cuja esposa, Frieda, era judia. Sob a influência da liderança adventista alemã em Berlim, os líderes da igreja em Praga, na Checoslováquia, então cortaram os laços com seu colega de trabalho, uma pessoa de plena confiança.
Dois anos depois vieram instruções para expulsar da Igreja Adventista todos os membros judeus e todas as “pessoas aparentadas com judeus”. A diretoria da igreja em Brno não quis executar essas instruções.
Assim, a expulsão de nove membros foi decidida em Praga, sem o conhecimento dos membros e sem o consentimento da diretoria da igreja em Brno. Afixaram nas portas das igrejas adventistas em Brno, Praga e Olomouc uma placa com um aviso em dois idiomas com as seguintes palavras “Entrada proibida para judeus”!
Frieda Redlich
Pouco depois da expulsão daqueles nove membros da igreja, uma irmã judia adventista, Frieda Redlich, foi deportada para um campo de concentração na Polônia. Nenhum dos pastores ou anciãos da igreja a visitou após sua prisão para apoiá-la. É óbvio que a liderança da igreja evitou intencionalmente contato com membros da igreja de origem judaica.
Frieda Ludwig e seu marido sobreviveram ao Holocausto, apesar dos trabalhos forçados e de um campo de concentração. O que foi mais doloroso para eles foi o comportamento de seus irmãos na fé.
Max-Israel Munk
Já fazia 30 anos que o judeu Max-Israel Munk havia se convertido ao adventismo, quando a Segunda Guerra Mundial estourou. O pastor da igreja à qual Munk pertencia pediu publicamente aos membros que interrompessem todo e qualquer contato com Max-Israel e sua família. Quando Esther, a filha de Max-Israel, escreveu ao responsável pelo trabalho de assistência social da IASD da Alemanha para perguntar se ele sabia de outros adventistas de origem judaica que passavam por dificuldades, ela recebeu uma resposta debochada: “Ainda não fiz uma lista”.
Max-Israel foi apanhado, enviado para um campo de trabalhos forçados e mais tarde deportado para um campo de concentração. Sua família não recebeu nenhum apoio da igreja adventista local. Apenas um pastor e outra pessoa visitaram e apoiaram a família nessa época. Terminada a guerra, Max-Israel voltou para a casa e pediu para ser readmitido na igreja adventista. Ele disse que não queria tratar aquela igreja da maneira que havia sido tratado.2
Uma avaliação
Mateus 25.31-32
“31Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; 32e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; 33e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; 34então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. 35Porque … 36estava … preso, e fostes ver-me. 37Então, perguntarão os justos: Senhor, … quando te vimos … preso e te fomos visitar? 40O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
O texto acima apresenta o critério que Jesus utilizará para julgar todas as pessoas. E o critério é o amor ao próximo, que é resultado de uma vida transformada pelo amor de Deus.
Jesus não diz que vai julgar com base na guarda do sábado ou do domingo, no batismo, na frequência à Escola Sabatina ou à Escola Dominical, etc. A base do julgamento de Jesus será o amor e outras virtudes. E isso não é resultado de esforço pessoal, mas é fruto do Espírito Santo:
Embora haja relatos belíssimos de adventistas que buscaram proteger os judeus durante a perseguição nazista, nem todos os adventistas tiveram um comportamento elogioso. Líderes adventistas alemães deram as costas para os judeus. Temo pelo destino que escolheram para si.
Para refletir
“O problema não são os adventistas, mas o adventismo.” Que acha dessa afirmação?
Por que, mesmo com a orientação clara de Jesus em Mateus 25, pastores e líderes não foram visitar judeus adventistas que estavam presos?