Não é uma questão importante ou significativa. De modo algum. Mas existe muita confusão sobre o assunto. Praticamente todas as representações de Jesus Cristo apresentam-No com cabelo comprido. Mas… Vejamos a Bíblia e os relatos históricos.
Teria mesmo Jesus cabelo comprido?
Somos muitas vezes confrontados (em livros, obras de arte, escritos, imagens várias) com expressões gráficas tentando representar a face física do Senhor Jesus Cristo. Sendo certo que este é um tema que muitas pessoas receiam em falar, devemos pôr um ponto de ordem, já que estão a denegrir o Nosso Senhor e Salvador. E isto porque todas as tentativas que existam de forma a querer representar a face do Senhor Jesus não passam disso mesmo: meras tentativas, já que ninguém sabe como Ele era fisicamente nem existem quaisquer vestígios pertencentes a Ele.
A visão do Senhor Jesus com cabelo comprido surgiu no século IV com o chamado “Santo Sudário”, um tecido onde está encrostada uma face que a Religião Católica fez convencer pertencer ao Senhor Jesus, de forma a qual amuleto servir de santuário para milhões de peregrinos e prosélitos vilmente enganados na sua ignorância.
Mas será que Jesus tinha mesmo cabelo comprido? Vejamos a história e abramos a Bíblia. Sabemos que o Senhor Jesus viveu na terra de Israel, na altura sob o domínio do império Romano. Ora, o cabelo curto nos homens não é fruto da cultura moderna. Os livros de história e as estátuas dos legionários romanos mostram todos os homens com cabelo curto (bem curto, mesmo). Quem ditava a «moda» era o imperador e todos os imperadores e capitães romanos, antes e depois de Jesus, desde Júlio César a Trajano tinham cabelo curto.
Antes do período romano, a cultura predominante na zona oriental do Mediterrâneo, incluindo a Judéia, foi a grega. Nos tempos do Senhor Jesus, grande parte da população judia era de cultura helênica e falava grego:
João 12:20 – Ora, entre os que subiram para adorar durante a festa, havia alguns gregos.
Atos 6:1 – Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.
Aliás, os livros do Novo Testamento estão escritos precisamente em grego. O estilo no cabelo era o mesmo, ou seja, curto. Basta ver as estátuas dos filósofos Aristóteles, Platão, Sócrates… Alguns usavam barba, mas muitos outros não; todavia, o cabelo era sempre curto.
Relativamente aos judeus não helênicos, o Talmude judaico (anterior ao período grego) refere que «os sacerdotes devem cortar-se cada 30 dias». Estes judeus conheciam o mandamento de:
Ezequiel 44:20 – Não raparão a cabeça, nem deixarão crescer o cabelo; antes, como convém, tosquiarão a cabeça.
As estátuas e demais reproduções dos varões judeus nos tempos de Jesus mostram claramente que ninguém usava cabelo comprido.
Há, contudo quem faça confusão por causa de Jesus ser nazareu. Jesus era nazareu porque era da cidade de Nazaré; não era nazireu, que é algo completamente diferente. Este termo (nazireu) prende-se com um voto perante o Senhor Deus quanto ao serviço e dedicação que alguns fizeram. Foi o caso, por exemplo, de Sansão.
Juízes 13:5 porque eis que tu conceberás e darás à luz um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu consagrado a Deus desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel do poder dos filisteus.
Juízes 16:17 – Descobriu-lhe todo o coração e lhe disse: Nunca subiu navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus, desde o ventre de minha mãe; se vier a ser rapado, ir-se-á de mim a minha força, e me enfraquecerei e serei como qualquer outro homem.
Aliás, os nazireus estavam sujeitos a regras muito estritas. E quanto a estas, cumpre notar que o Senhor Jesus bebeu vinho.
Mateus 11:19 – Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras.
Numa ocasião tocou num cadáver.
Mateus 9:25 – Mas, afastado o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
Ambos estes atos eram proibidos aos que faziam voto de nazireu.
Números 6:2 – Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando alguém, seja homem seja mulher, fizer voto especial, o voto de nazireu, a fim de consagrar-se para o SENHOR.
Números 6:3 – Abster-se-á de vinho e de bebida forte; não beberá vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem tomará beberagens de uvas, nem comerá uvas frescas nem secas.
Números 6:6 – Todos os dias da sua consagração para o SENHOR, não se aproximará de um cadáver.
O cabelo comprido que alguns varões usam hoje é fruto da cultura moderna, de aversão a Deus e à sua natureza. Abramos a Bíblia em:
I Coríntios 11:14 – Ou não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido?
Se Paulo assim escreveu era impossível Jesus ter cabelo comprido.
Os que faziam voto de nazireu deixavam crescer o cabelo em sinal de humildade e submissão. Era precisamente uma vergonha. Por isso, suportavam-na por amor a Deus. Devemos notar que quando terminava o período do voto, o nazireu devia cortar de imediato o seu cabelo:
Números 6:18 – O nazireu, à porta da tenda da congregação, rapará a cabeleira do seu nazireado, e tomá-la-á, e a porá sobre o fogo que está debaixo do sacrifício pacífico.
Não é isto que vemos naqueles que nos dias de hoje deixar crescer o cabelo – geralmente para glória própria (vanglória) e exibicionismo.
NÃO. Jesus não tinha cabelo comprido. O seu aspecto era similar ao de qualquer judeu da sua época. Na noite anterior da Sua crucificação, veio uma multidão para prendê-lo. Mas esta multidão não reconheceu quem era Jesus dentre os homens (Jesus e os seus discípulos) que ali estavam. Foi necessário Judas usar um sinal especialmente combinado para revelá-lo aos seus inimigos: um beijo na face.
Mateus 26:48 e 49 – Ora, o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Salve, Mestre! E o beijou.
Ele não teria necessidade de fazê-lo se Jesus tivesse um aspecto que o distinguisse dos demais.
Como cristãos sinceros, devemos rejeitar todas as formas que possam denegrir o Nome do Nosso Senhor e advertir àqueles que de uma forma ou outra cultuam as imagens pagãs inventadas pelo homem.