O que aprender com o colapso na Venezuela.

Há um enorme fascínio ao assistir sobreviventes em bucólicos cenários cheios de neve, ou situações armadas para demonstrar alguma técnica, mas como é um SHTF real na América do Sul? A Venezuela responde.
Mercado em março/2016 – Crise humanitária na Venezuela
É importante frisar bem a diferença entre crise e colapso, a Venezuela esta há anos em crise, desde que a esquerda de Chávez assumiu o poder, mas entrou definitivamente em colapso após sua morte, realmente não vale a pena descrever aqui as causas da situação do país, e sim os efeitos sobre a população.

Fila para conseguir a cesta básica.
A Venezuela foi pilhada por seus governantes, foi levada ao limite, uma baixa no preço do petróleo foi o estopim, onde o país entrou em queda livre. Imagine um camponês que plantou um campo de grãos para comercializar, vem o governo e confisca sua produção ao invés de pagar o preço por seu trabalho, entrega um tíquete valendo uma cesta básica que todos recebem por programas sociais.
Na safra seguinte os agentes do governo chegam à propriedade e encontram-na vazia. Nada foi plantado ali. O governo então compra as sementes e o insumo e entrega ao camponês, para que ele plante. No ano seguinte nada. O camponês não vai trabalhar de graça. No terceiro ano o governo não tem mais dinheiro para sementes.
Sem dinheiro, sem sementes, sem a boa vontade do camponês e sem amigos, já que o governo também roubou bens das empresas estrangeiras que funcionavam ali, logo não há a quem pedir socorro.
Imagine cada item essencial a vida e substitua pela semente, você vai ter uma boa ideia do que acontece por lá.
Nos bairros nobres há água por duas horas por dia, e energia por duas ou três horas, nos subúrbios e favelas um balde por família a cada três dias, coletado de caminhões pipa guardados pelo exército. As pessoas tem seus corpos marcados por tintas, com a numeração de sua senha, para evitar que peguem mais o que permitido.
Também são marcados todos os que vão para os mercados e pontos de distribuição, com tinta na pele, e passam dias na fila para conseguir uma cota de frango por mês. Eram dois frangos no inicio, agora é meio e não há frangos para todos.
Fila em áreas nobres de Caracas.
Tenso? Não, não muito as pessoas com poder para serem relevantes na sociedade recebem suas cotas completas primeiro e não sofrem tanto, mas a maioria é dependente de programas sociais do governo, e a eles é reservado o inferno. No atual “mercado negro” venezuelano se encontra de tudo, de papel higiênico a carne, uma única lata de atum custa 10 % do salário mínimo, um rolo de papel higiênico 5%.
O governo combate os contrabandistas de comida com a mesma fúria que combate traficantes ou opositores ao governo, até mais. Em algumas partes do país, gás de cozinha é um luxo imensurável, mas são os medicamentos as verdadeiras fontes de fortuna aos contrabandistas, dos 6.000 remédios permitidos no país, só 450 são obtidos esporadicamente.
A pequena rede de preparadores Venezuelanos relata “batidas” e “fiscalizações” feitas pela policia e militares em propriedades privadas, lenha, conservas, remédios e até produção de árvores frutíferas são confiscados por policiais corruptos, quem consegue guardar ou produzir algo em casa, tem de enterrar ou esconder em sótãos e telhados.
Montagem : Jornal El País
O governo massacra o povo, os lobos também.
Não são só corruptos a saquear e matar, em janeiro o governo do país parou de divulgar os números da violência, a capital Caracas é a cidade mais violenta do mundo em mortes.
Aqui vem uma informação significativa, a capital Caracas não é o pior setor do país, mesmo fabulosamente violento, com saques e enfrentamentos nas ruas ainda é mais seguro que o interior são nas cidades mais afastadas e menores que acontecem as maiores privações, matanças e atrocidades!
Surpreso sobrevivencialista? Não fique, isso é regra. O que nós entendemos como BOL também nos leva pra longe dos olhos e lentes dos celulares que tudo gravam hoje em dia. Nesta fase do SHTF as pequenas comunidades ficam semanas sem energia, já que seu sistema geralmente é mais sucateado que o da capital e problemas comuns se tornam absurdos sem solução. Se faltam gênero na Capital e nas grandes cidades imagine nas pequenas. Uma grande logística é montada para proteger uma simples carga de comida e as chances de ter que parar antes e distribuir a carga é enorme, logo os afastados recebem menos recursos.
Muitas famílias estão abandonando propriedades rurais, que são saqueadas continuamente e indo para os grandes centros onde pelo menos há escassez e a chance de conseguir comida e remédios, o que agrava mais ainda a crise.
Tropas de Selva patrulham matas e florestas em busca de contrabandistas e espertalhões que criam animais escondido ou que caçam para complementar o prato da família.
Supermercado em Caracas.
Um fator importante, em meio a tudo isso 3 epidemias assolam os vizinhos: Zika, Dengue e Influenza H1N1, além da falta de medicamentos, os hospitais que ainda não faliram estão em greve ou ocupados por militares.
A Venezuela está sendo uma rica aula sobre o SHTF Sul-Americano e o que funciona ou não em termos de estratégia neste canto do mapa mundi, sem concepções enlatadas ou a linda neve bucólica dos programas de autossuficiência da TV, são lições de sobrevivencialismo curto e grosso de um povo muito parecido com o nosso, um exemplo censurado de como não se pode confiar em governo nenhum.
Até o fechamento deste artigo pro blog, identificamos que dos seis canais de preparadores venezuelanos que seguíamos apenas um continua no ar, cinco foram deletados ou excluídos.
Ao considerar este cenário, qual seria a melhor estratégia de sobrevivência na sua opinião?
Forte Abraço.
 Fonte: http://sobrevivencialismourbano.blogspot.com.br/2016/04/o-que-aprender-com-o-colapso-na.html

Sobre Max Rangel

Servo do Eterno, Casado, Pai de 2 filhas, Analista de Sistemas, Fundador e Colunista do site www.religiaopura.com.br.

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