Se um Michelson Borges torce muito a Bíblia, dois Michelsons Borges torcem e distorcem muito mais… Se dois Michelsons Borges torcem e distorcem a Bíblia, três Michelsons Borges torcem, distorcem e retorcem muito mais! Agora, imagine quatro Michelsons Borges. Ou pior, quatro Michelsons e uma Michelsa… Pois Michelson Borges acaba de requentar um artigo publicado em 2016 para intimidar-nos com essa possibilidade! Ele não está sozinho em sua defesa da literalidade parcial do relato de Gênesis. Tem pelo menos cinco alunos (ou ex-alunos), que concordam com ele…
Márcio Tonetti, Reisner Martins, Sueli Ferreira de Oliveira, Ulisses Arruda e Valter Cândido são ex-alunos de pós-graduação de Michelson Borges, autores do artigo “O Fim Depende do Começo” já publicado por ele no blog Criacionismo em abril de 2016 e agora republicado em novembro de 2019, para dar a impressão de que não está sozinho em suas distorções das Escrituras, que literalizam apenas os sete dias da primeira semana do relato do Gênesis, alegorizando a própria Criação (interpretada por ele e seus alunos como “terra-formação”) e outros aspectos como o firmamento (raqyia), obra artesanal das próprias mãos de Deus (Salmo 19:1), transformado em mera atmosfera e/ou espaço sideral.
Para piorar, se pararmos pra pensar nos milhares de irmãozinhos iludidos por sua carinha de bom moço bem intencionado, aí teremos um sistema religioso gigantesco, com sua Matrix corrompida e dominada por incontáveis agentes “Smitchelsons”…
Três anos depois da publicação original do artigo que literaliza apenas os dias da semana de “terra-formação” como períodos de 24 horas, faltou ao professor Michelson ler com atenção o parágrafo abaixo e corrigi-lo…
“Um dos fatos que devem ser levados em conta é que, conforme Richard Davidson, o gênero literário de Gênesis 1-11 aponta para a natureza histórica literal do relato da criação (He Spoke And It Was, p. 20). Também na obra Genesis 1:1-11:26, Kenneth Mathews (1996, p. 109) desenvolve essa ideia mostrando que tanto o gênero ‘parábola’, uma ilustração tirada da experiência diária, quanto o gênero ‘visão’ se encaixam no texto bíblico, pelo fato de não conter o típico preâmbulo e outros elementos que acompanham as visões bíblicas.”
Pela lógica dos literalistas bíblicos parciais, seguidores de Michelson Borges, que segue a Richard Davidson e outros defensores da literalidade conveniente do relato do Gênesis, o correto seria:
“Um dos fatos que devem ser levados em conta é que, conforme Richard Davidson, o gênero literário de Gênesis 1-11 aponta para a natureza histórica literal do relato da criação (He Spoke And It Was, p. 20). Também na obra Genesis 1:1-11:26, Kenneth Mathews (1996, p. 109) desenvolve essa ideia mostrando que tanto o gênero ‘parábola’, uma ilustração tirada da experiência diária, quanto o gênero ‘visão’ NÃO se encaixam no texto bíblico, pelo fato de não conter o típico preâmbulo e outros elementos que acompanham as visões bíblicas.”
Ao que tudo indica, o parágrafo acima produzido pelos alunos de Michelson Borges é uma adaptação resumida deste raciocínio de Richard Davidson:
“Existem várias linhas de evidência no texto do próprio Gênesis e em outras partes das Escrituras que indicariam se o relato da criação deveria ou não ser considerado literal.
“O gênero literário de Gênesis 1 a 11 aponta para a natureza histórica literal do relato da criação. Kenneth Mathews mostra como a sugestão de um gênero de ‘parábola’ — uma ilustração tirada da experiência cotidiana — não se encaixa no conteúdo de Gênesis 1, nem no gênero de ‘visão’, pois não contém o preâmbulo típico e outros elementos que acompanham visões bíblicas. Steven Boyd mostra que Gênesis 1: 1 a 2: 3 não se destina a ser lido como poesia ou metáfora poética estendida, mas constitui o gênero narrativo de ‘um relato histórico literal’. Da mesma forma, Daniel Bediako demonstrou que esta passagem ‘constitui um tipo de texto narrativo histórico’. E Robert McCabe concluiu que ‘a visão da estrutura apresenta mais dificuldades exegéticas e teológicas do que resolve e que a leitura tradicional e literal fornece a interpretação mais consistente dos detalhes exegéticos associados ao contexto dos primeiros capítulos de Gênesis’.” Extraído de The Genesis Account of Origins: Theology in Scripture is not opposed to history. To the contrary, biblical theology is always rooted in history, Richard M. Davidson.
Contudo, ainda que o relato da criação não seja fruto de uma revelação feita por Deus a Moisés, através de visão ou sonho, convém salientar que a fonte da descrição pormenorizada de Gênesis 1 é muito superior ao ponto de vista do observador, sugerido por Michelson Borges como explicação, ou mesmo uma antiga cosmovisão existente entre os povos da região. O próprio Deus Criador se apresenta como fonte primeira e direta das informações apresentadas por Moisés.
Veja o relato bíblico de Números 12:
“E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita. E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu.
“E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. E logo o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três.
“Então o Senhor desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram.
“E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?
“Assim a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. E a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa.
“Por isso Arão disse a Moisés: Ai, senhor meu, não ponhas sobre nós este pecado, pois agimos loucamente, e temos pecado. Ora, não seja ela como um morto, que saindo do ventre de sua mãe, a metade da sua carne já esteja consumida.
“Clamou, pois, Moisés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures.
E disse o Senhor a Moisés: Se seu pai cuspira em seu rosto, não seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do arraial, e depois a recolham. Assim Miriã esteve fechada fora do arraial sete dias, e o povo não partiu, até que recolheram a Miriã.” — Números 12:1-15
Perceberiam Michelson Borges e os agentes replicadores de seus pensamentos o grave erro que cometem ao atribuírem à ignorância ou visão limitada de Moisés como observador, ou à suposta cosmovisão equivocada de seu tempo, a descrição da Terra apenas como porção seca que emergiu da água, após a separação das águas de cima das águas de baixo, produzida pela abóbada do firmamento, onde o Sol,a Lua e estrelas foram criados e colocados apenas no quarto dia? Provavelmente não. Ou até agora não. Mas resta-nos sempre e a esperança de que o mesmo Deus Criador lhes abra os olhos, como fez conosco.
CONTINUAREMOS EM INSTANTES A ANALISAR O ARTIGO REPUBLICADO POR MICHELSON BORGES. AGUARDE.
É pertinente também fazer referência ao endosso feito por Jesus e por todos os escritores do Novo Testamento. Cristo e esses autores recorrem a Gênesis 1-11, tendo como pressuposto que essa é uma história literal e confiável. Todos os capítulos de Gênesis 1-11 são referidos em alguma parte do Novo Testamento. O próprio Jesus recorreu a Gênesis 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
Em diversas passagens do Novo Testamento, implícita e/ou explicitamente há menção do livro de Gênesis. Em seu artigo “A Criação no Novo Testamento”, publicado no periódico Ciências das Origens, de maio de 2005, o Dr. Ekkerhardt Mueller menciona algumas dessas passagens: “As palavras de Jesus tal como estão registradas nos quatro evangelhos canônicos contêm dez referências à criação. Jesus não somente fez referência a Gênesis 1 e 2. Em Seus discursos também encontramos pessoas – Abel (Mateus 22:35) e Noé (Mateus 24:37-39; Lucas 17:26-27) – e acontecimentos – o dilúvio (Mateus 24:39) – que ocorrem em Gênesis 3-11. Quando lemos essas breves passagens, obtemos a clara impressão de que, segundo Jesus, Noé e Abel não foram figuras mitológicas, mas verdadeiras pessoas humanas, que Gênesis 3-11 é uma narrativa histórica que não deve ser entendida simbolicamente, e que o dilúvio foi um evento global que realmente ocorreu (Gênesis 6:8). Portanto, é de se esperar que Jesus utilizasse o mesmo enfoque sobre a interpretação bíblica quando se referiu à criação. E isso é exatamente o que encontramos nos evangelhos.”
A criação literal e a teologia bíblica
A negação da crença na criação em seis dias de 24 horas contraria o caráter de Deus. “Que tipo de Deus teria criado a vida por meio da morte e de extinções ao longo de milhões de anos? Certamente, não o Deus que percebe quando uma ave cai no chão”, questiona o ex-evolucionista Michelson Borges, jornalista e mestre em Teologia que hoje defende a visão criacionista.
Para ele, endossar esse “método” implica negar o fato de que, segundo a Bíblia, a morte entrou no mundo por causa do pecado (Rm 5:12; 6:23). Na ótica do evolucionismo teísta, no entanto, a morte é o meio para que ocorra o progresso das criaturas.
Borges, que é autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio, lembra também que tal crença tira de vista a doutrina da salvação. Afinal, “se a humanidade tem evoluído durante milhões de anos e está sempre evoluindo, por que precisamos de um Salvador?” E mais: a própria promessa feita em Gênesis 3:15, considerada a primeira profecia messiânica das Escrituras, deixa de fazer sentido.
Do mesmo modo, outras verdades bíblicas são seriamente comprometidas, como a guarda do sábado (o sétimo dia), as bases do matrimônio (a definição do que é o casamento passa a ser definida pela cultura), a remissão da humanidade (remir de quê?), a necessidade de salvação, a ideia de um juízo e, finalmente, a esperança na segunda vinda de Cristo. Todas essas doutrinas dependem da interpretação literal das origens. Sem isso, elas podem parecer vulneráveis e pôr em risco a confiabilidade de todo o conteúdo das Escrituras Sagradas e até mesmo a onipotência de Deus. Por que seria necessário tornar “humanamente” viável ou compreensível a criação? Quem teria interesse nisso? Por que não podemos absorver como isso aconteceu, então não pode ter de fato acontecido? “Eu Te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as Tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl 139:14).
Ao mostrar quão problemática é a tentativa de misturar a visão evolucionista com o criacionismo bíblico, Richard Davidson ressalta: “No fluxo canônico geral das Escrituras, por causa da ligação inseparável entre a origem (Gn 1-3) e o fim dos tempos (Ap 20-22), sem um começo literal, não há um fim literal” (p. 19). Ou seja, se o início da história da humanidade é apresentado na Bíblia de maneira alegórica, de igual forma seria seu fim, o que significaria que a volta de Cristo não se daria como nós, adventistas, acreditamos e pregamos.
As três mensagens angélicas de Apocalipse 14:6-12 são o fundamento dessa igreja. A primeira delas, trata da pregação do evangelho eterno, que nos convida a adorar “Aquele que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas” (Ap 14:7). No limiar da história da humanidade, o povo é convocado a se lembrar do Deus Criador. Essa convocação é uma clara defesa ao efervescente crescimento de teorias que anulam ou minimizam a atuação de uma mente inteligente por trás da formação do mundo.
A Igreja Adventista tem sido reconhecida como uma das guardiãs dessa verdade bíblica. Eduardo R. da Cruz, que não professa essa fé, em seu livro Teologia e Ciências Naturais, afirma que “uma das denominações mais importantes no desenvolvimento do criacionismo foi (e ainda é) a Igreja Adventista do Sétimo Dia. […] Enfatizando a leitura literal da Bíblia (base para sua afirmação de que o sábado seria o verdadeiro dia de repouso ordenado por Deus). Ellen White e outros fundadores afirmaram que o mundo teria sido criado em seis dias literais”.
Embora, como observou Reinaldo José Lopes na revista Superinteressante, alguns grupos, como as denominações evangélicas surgidas do século 19 em diante, tenham insistido “na verdade literal das Escrituras Sagradas, considerando-as fontes confiáveis não só para temas espirituais mas também científicos”, hoje são raras as denominações que ainda defendem esse ponto de vista. Como adventistas, somos praticamente uma voz isolada nesse universo de teologias controvertidas, cada vez mais diluídas no naturalismo filosófico. E não devemos perder de vista nossa missão de anunciar ao mundo o iminente retorno daquele que fez o céu, a terra e as fontes das águas.
Como aconselhou Gleason Archer, professor na Universidade Harvard que é considerado uma autoridade entre os eruditos do Antigo Testamento, ao teólogo adventista Richard Davidson após ter participado de um Encontro Anual da Sociedade Evangélica: “Vocês adventistas do sétimo dia são a única denominação que corajosa e oficialmente afirma as verdades bíblicas da origem da Terra. Por favor, não abandonem seu forte posicionamento em favor da semana da criação em sete dias literais e de um dilúvio global.” Assim faremos!
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Fonte: adventistas.com