SHTF School: Erros comuns ao tentar evadir da cidade

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Evadir da cidade é uma ação em que eu já falhei uma vez pois nem sequer percebi que isso teria de ser feito. Eu vi o que estava acontecendo mas não “processei” a informação do jeito correto, então eu fiquei e tive de passar por todo um período de perigo, ações e violência enquanto passava por frio, fome, doenças e todo o resto.

– Contexto: O Selco, autor deste texto, é um sobrevivente das Guerras Balcânicas e durante um ano ficou preso em sua cidade que estava sendo atacada por dois exércitos. Durante este ano ele passou por situações de extrema violência, falta de recursos e aprendeu como a natureza humana pode se revoltar em cenários de crise. –

A capacidade de evadir é muito importante para a sobrevivência, pois assim você pode evitar ficar preso no local onde a crise está acontecendo.

Contudo, considere os seguintes erros que eu vi com meus próprios olhos (mais de uma vez).

O momento certo

O cara percebe que a crise começou, algo está acontecendo na cidade, ele houve gritos lá fora, tiros, notícias confusas na TV. Então ele agrupa sua família, coloca todas as malas no carro, se armam e saem para alcançar o abrigo secundário que fica a cerca de 100 km de distância.

Depois de 2 quilômetros uma manifestação de pessoas furiosas que estavam recém saqueando as lojas param o carro, colocam eles para fora, batem neles e matam o cara. Ele consegue matar alguns antes, mas eles eram centenas. Ele está morto, fim da história.

Se você acorda no meio da noite pois ouve algo estranho acontecendo na sua cidade, algum evento, um ataque terrorista ou semelhante, sente e pense por um momento.

A sua missão é deixar a área e chegar até seu abrigo secundário, não confunda esta missão com a vontade de fugir em pânico. Se você entrar em pânico você comete erros e este definitivamente não é um momento bom para errar.

Você ficaria surpreso com quantas pessoas têm inclinação a entrar em pânico e quantas destas acabam morrendo por isso.

Tente coletar informação e agir de acordo com elas. O que, quando, quem, como, quanto e onde. Tente entender o que está acontecendo antes de fugir para seu abrigo. Quais são as áreas problemáticas? Quem está no controle? Você nunca terá informações perfeitas, mas ter alguma ideia é melhor do que não saber de nada. Fale com vizinhos, ouça a rádio, TV e olhe na internet (se ela ainda funcionar).

Sim, isso significa que você talvez tenha de adiar sua viagem em algumas horas, talvez até em alguns dias. Você tem de escolher o melhor momento para deixar a área (se você já perdeu a chance de fugir dela antes da crise).

O “jeito” certo

A crise acontece e a família entra na camionete com uma carreta cheia de recursos e equipamentos para sobreviver a crise.

Eles conseguem descer bons 30 quilômetros na estrada, mas alguns carros os avistam, os perseguem e tomam tudo deles. Talvez eles consigam salvar suas vidas, talvez não. Quem sabe.

O problema aqui não é ter os equipamentos certos e em quantidade. O problema é que nós somos constantemente bombardeados com a informação de que nós (preparadores e sobrevivencialistas) precisamos ter o equipamento certo para sobreviver. Sem eles, vamos acabar mortos.

Nós estamos sendo instruídos que sem “coisas” nós estamos perdidos, na verdade nem somos sobrevivencialistas sem essas coisas. Então quando a crise começa nós acabamos por nos tornar prisioneiros de nossas coisas.

Adivinha? Eu estou me preparando para evadir usando um tênis,  e uma sacola plástica. Se for necessário, coletarei tudo o que eu precisar no meu caminho para o abrigo secundário.

Não me entenda mal, claro que eu tenho minha mochila de fuga, meus planos e as coisas úteis para uma viagem, mas o ponto é que eu estou realmente esperando me encontrar em uma situação onde precise me virar sem ter nada disso.

Não aceite a filosofia de que coisas vão salvar sua vida. As coisas podem te ajudar a continuar vivo, mas é sua visão (correta) que salvará sua vida.

Enfim, planeje deixar em seu abrigo secundário o que você vai precisar, não confie muito em coisas que você levará durante a viagem para chegar lá. Você tem de fazer o que deve ser feito com o mínimo de equipamento, por isso o conhecimento é mais importante e o melhor cenário é quando você tem os dois.

A correta forma de pensar

Uma palavra: Adaptação

Se seus planos de evasão sairem de acordo como deveriam você será um homem muito sortudo. Considere o fato de que a maioria de nós estamos fazendo planos para cobrir cenários hipotéticos que vemos na televisão, lemos em algum lugar ou algo do tipo. É normal, é o melhor que podemos fazer.

Se você está construindo seus planos baseado nestes cenários não há nada de errado nisso. Exceto que tudo pode dar errado em um piscar de olhos.

Você deve planejar em como passar pela cidade saindo do ponto A para chegar ao ponto B, depois C e assim por diante, até chegar no seu local seguro.

Até aí tudo bem, mas a crise acontece e seu filho pequeno ainda está no colégio, seu carro está na revisão, no ponto B está havendo uma confusão com pessoas saqueando carro fortes capotados e agora você precisa achar um novo caminho rapidamente… De repente seu plano inteiro se foi e você não sabe o que fazer.

Bem vindo a realidade!

A realidade geralmente gosta de explodir seus planos bons em pedaços.

Mas o objetivo de planejar é tentar COBRIR o máximo de problemas que você conseguir, então imagine o máximo de cenários possíveis. Por exemplo, se você só tem um caminho para sair da cidade então seu plano é ruim. Você precisa do backup e um backup para o backup.

Prepare-se para o fato de que seu plano estará errado desde o começo e que você terá de criar um novo plano muito rápido ( e mais outros até chegar a seu abrigo secundário).

Não acabe morto pois você quis continuar com o seu plano pois ele parecia bom enquanto as circunstâncias mudam a toda hora ao seu redor. Sobrevivência se trata de se adaptar rapidamente a novas situações, é por isso que sempre ajuda você ter contigo um mapa e uma fonte de informação para conseguir elaborar planos enquanto se move.

Traduzido e adaptado do blog SHTF School.

Sobre Max Rangel

Servo do Eterno, Casado, Pai de 2 filhas, Analista de Sistemas, Fundador e Colunista do site www.religiaopura.com.br.

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